quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Crítica - No Olho do Tornado



É impressionante como filmes de terror e filmes catástrofe vem produzindo tantos filmes no estilo de falso documentário. Por um lado há a facilidade de produção e o baixo custo e baixo custo diminui os riscos financeiros já que qualquer trocado feito torna-se lucro. Por outro, não há realmente muito mais o que fazer com essa mescla entre o terror/catástrofe e o found footage, tanto que os melhores produtos feitos nesse formato foram em outros gêneros, como Marcados Para Morrer (2012) ou Poder Sem Limites (2012). Enquanto isso, no que se refere ao terror ou catástrofe, porcarias como Apollo 18 (2011), Filha do Mal (2012) e praticamente todos os Atividade Paranormal utilizam o formato para mascarar sua falta de recursos financeiros e narrativos na tentativa de fazer o público deixar de perceber que aquilo que vê é apenas um engodo mal escrito, mal dirigido e mal atuado. Lamentavelmente este No Olho do Tornado é apenas mais um destes engodos.

A trama é centrada num grupo de caçadores de tornado, liderados por Pete (Matt Walsh) e Allison (Sarah Wayne Callies) que chegam a uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos na expectativa usar seu equipamento para filmar o olho de um tornado por dentro. Entretanto, o evento é ainda mais grave do que imaginavam e quando muitos tornados começam a aparecer, acabam precisando ajudar o professor Gary (Richard Armitage, o Thorin de O Hobbit) a localizar um de seus filhos.

Como meu breve resumo mostra, a história é praticamente igual à Twister (1996), com pinceladas de muitos outros filmes catástrofe que já vimos. Se a trama e o desenvolvimento não são exatamente originais, os personagens pelo menos são carismáticos, certo? Não, infelizmente não, são um monte de clichês vazios, no qual nenhuma figura é capaz de atrair simpatia e as ocasionais mortes acabam não despertando nenhuma reação, já que não nos importamos nem um pouco com esses indivíduos.

Além de personagens rasteiros e previsíveis, seus arcos trabalhados em diálogos que ocasionalmente descambam para o humor involuntário e resolvidos de modo pouco satisfatório ou simplesmente são esquecidos. Um exemplo disso é o arco envolvendo o adolescente Donnie (Max Deacon) que tenta ajudar Kaitlyn (Alycia Debnam Carey), a colega por quem é apaixonado, e fica preso sob escombros com ela. Eles se ajudam, mas ao final do filme a personagem é simplesmente esquecida e os eventos pós tornado apenas o mostram com o pai, Gary, e a relação mais amistosa entre eles, mas a garota não é mais mencionada por ninguém e assim ficamos com a sensação que todo o tempo que acompanhamos o casal foi gasto a toa. Isso sem mencionar a dupla de caipiras caricatos que deveria ser o “alívio cômico” do filme, mas são tão irritantes que te fazem torcer pela morte deles durante cada minuto dos dois em cena.

Além disso, a trama se apoia em certas soluções difíceis de engolir, como o fato de muitos personagens conseguirem usar seus celulares, mesmo com diversos tornados ao seu redor ou torres derrubadas. Todo o clímax com os personagens em um túnel de esgoto é igualmente forçado, já que a presença de uma larga grade seria a única coisa que impediria a formação de um túnel de vento da tubulação e a única coisa que a mantem de pé é a caminhonete do grupo. Tudo bem, o veículo é blindado tem garras que o seguram no chão, mas se o vento é capaz de levantar aviões como se fossem papel, imagino que seria mais fácil levantar algo muito mais leve, já que por mais preso ao chão que esteja, isso não altera sua massa de modo tão significativo.

Aliás, o tornado final é tão exageradamente imenso que se torna mais ridículo do que ameaçador. Os efeitos especiais são medianos, não comprometem, mas também não tem nada que já não vimos. O mesmo pode ser dito das cenas de destruição que apesar de minimamente bem realizadas, não trazem nada de especial e praticamente todas as grandes cenas com tornados estão no trailer do filme. Quando não vemos os tornados, ficamos apenas com os atores em ambientes fechados gritando e se segurando enquanto a câmera treme, dificilmente conseguindo causar qualquer tensão ou suspense.

Deste modo, No Olho do Tornado não tem muito a oferecer senão um roteiro capenga, cheio de personagens esquecíveis e cenas de destruição que, embora competentes, não trazem nada de novo e falham em produzir encantamento ou tensão.


Nota: 1/10

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