Muitos irão dizer que este Os Mercenários 3 é um filme ruim. A
questão é que o produtor e astro de ação Sylvester Stallone realmente queria
fazer um filme ruim. Diferente dos filmes de sujeitos como Michael Bay, que
conduzem suas bobagens como se estivessem fazendo verdadeiros épicos, Stallone
e sua turma entendem que este não é o tipo de filme que deve se levar a sério e
tudo nele é autoconsciente da própria tosqueira e completo descompromisso com
verossimilhança. Deste modo, é bem difícil dizer que o filme falha em alcançar
suas ambições.
Na trama, o grupo liderado por
Barney Ross (Sylvester Stallone) acaba de tirar da cadeia o mercenário Doc
(Wesley Snipes) para auxiliá-los a parar um poderoso traficante de armas. O que
ninguém sabia é que o traficante era Conrad Stonebanks (Mel Gibson), um antigo
aliado de Ross que ele acreditava estar morto. Quando Stonebanks fere
gravemente um dos membros do grupo de Ross, ele percebe que seu grupo de
mercenários pode estar ficando velho demais para este trabalho e decide formar
uma nova equipe de jovens mercenários para deter Stonebanks. Logicamente, os
novatos são capturados e Ross precisa recorrer aos seus tradicionais aliados,
bem como seu rival Trench (Arnold Schwarzenegger), o falastrão Galgo (Antonio
Banderas) e o espião Drummer (Harrison Ford), para deter o vilão.
Obviamente este fiapo de roteiro
é apenas uma desculpa para longas sequências de ação nas quais os protagonistas
despacham centenas de soldados e explodem tudo em seus caminhos. Apesar não
trazer nada de efetivamente novo, a pancadaria é relativamente bem conduzida e
empolgante, dando espaço para que cada um dos personagens mostre seus talentos.
O forte do filme, no entanto,
continua sendo as interações entre os personagens com suas frases de efeito e
personalidades que são fundamentalmente paródias de suas próprias personas, como as piadas envolvendo o
personagem de Snipes e o fato dele ter ficado preso, sendo que o ator foi
realmente preso (por evasão fiscal) fora das telas. O destaque fica por conta
da entrada de Banderas como um mercenário que simplesmente não consegue calar a
boca. Além dele, Mel Gibson se apresenta como o melhor vilão da franquia até
aqui criando um vilão instável e psicótico que se mostra como uma ameaça
verdadeiramente crível.
O problema fica mesmo por conta
do elenco de novatos, que não chega nem perto de ter o carisma dos brucutus
velhacos, já que boa parte da diversão é justamente brincar com a bagagem
cinematográfica de cada um e os jovens atores não possibilitam isso. Se o filme
já os colocasse lado a lado da equipe tradicional seria mais aceitável, mas em
determinado momento ficamos apenas com os novatos e tudo perde um pouco a
graça. Kellan Lutz e a lutadora Ronda Rousey até se esforçam, mas nunca
conseguem ser tão interessantes quanto os velhos astros de ação. Eu poderia
também mencionar os diversos furos de roteiro, que tem mais buracos que uma
rodovia brasileira, mas, bem, não é uma preocupação do filme e nem daqueles que
irão assisti-lo, fazer isso seria chutar cachorro morto.
Os Mercenários 3 continua entregando exatamente aquilo que promete,
uma boa diversão descompromissada ancorada no encontro de vários astros de
ação. Pode não ser inovador e se apoia bastante em clichês, mas em um tempo
em que muitos blockbusters falham em
sequer divertir, este pelo menos é um bom passatempo.
Nota: 6/10
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