Quando foi anunciado que esta
animação em computação gráfica que celebraria os 40 anos de carreira do Masami
Kurumada converteria em longa-metragem todo o arco do Santuário do anime, a desconfiança tomou os fãs.
Afinal a saga do Santuário é uma das mais longas da animação, tomando cerca de
oitenta episódios, transformar tudo isso em um filme de 100 minutos, mantendo o
espírito da história e sendo fiel aos personagens parecia quase impossível.
Felizmente o esforço, consegue sim ser digno do legado dos Cavaleiros do
Zodíaco.
Na trama, a jovem Saori Kido é a
reencarnação da deusa grega Athena, encarregada de proteger a Terra das forças
do mal com a ajuda de guerreiros poderosos chamados cavaleiros do zodíaco.
Quando o Mestre do Santuário a toma por impostora, apenas o jovem Seiya e mais
alguns jovens cavaleiros ficam ao seu lado para protegê-la. Juntos precisarão
atravessar os perigos do Santuário para deter o Grande Mestre.
O filme chama atenção pela sua
qualidade visual e o detalhamento das armaduras. O design dos trajes sofreu alterações para dar lugar a uma
interpretação mais realista de como as armaduras deveriam parecer e o resultado
é bem satisfatório pelo alto nível de detalhamento e da riqueza das texturas
dos diferentes materiais. O visual dos personagens também é muito bem cuidado e
eles são bastante expressivos. Já que falei em personagens, devo dizer que o
filme acerta na caracterização de Seiya e seus amigos, mantendo-se fiel às suas
personalidades e trabalhando bem as interações entre eles, principalmente nos
momentos de humor. As cenas de ação funcionam bem, algumas reeditando certos
momentos da animação original, outras reconstruindo lutas de modo totalmente
novo, mas todas são bastante enérgicas e empolgantes.
O roteiro consegue condensar bem
a trama do seriado e boa parte das alterações contribui para dar mais fluidez e
dinamismo à história, mas ainda assim tem seus problemas. O terço inicial do
filme tem um ritmo bem arrastado e excessivamente expositivo, já que o filme
precisa explicar rapidamente toda a mitologia deste universo em poucos minutos
de modo a situar o expectador. O tratamento dado ao Máscara da Morte é uma escolha questionável, já que alivia demais a vilania, crueldade e sadismo do personagem ao transformar as cabeças que adornam sua casa num número musical que parece saído de A Noiva Cadáver (2005).
Outro problema são algumas escolhas feitas no
clímax da história, em especial a decisão de fazer Saga assumir uma forma que
parece um design rejeitado para algum
chefão final de algum Final Fantasy (vocês saberão quando virem) ou colocar os
cavaleiros de ouro para enfrentar uma estátua genérica. Claro, eles precisariam
ficar ocupados para manter o foco da batalha final nos cavaleiros de bronze que
protagonizam a história, mas poderiam colocá-los para lutar contra alguma
criatura mitológica, ou algum deus ou semideus grego revivido por Saga,
qualquer coisa seria melhor do que uma mera estátua de pedra.
Apesar dos problemas, este Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda do Santuário
é uma homenagem digna ao legado de Masami Kurumada, embora deva agradar mais
aos fãs do que aos não iniciados neste universo.
Nota: 5/10
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