quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Crítica - Winter: O Golfinho 2


Primeiro preciso deixar claro que não vi o primeiro Winter: O Golfinho, então tudo que direi aqui é sob os olhos de um neófito neste universo que não conhece os fatos que se desdobraram no primeiro filme.

Baseada em fatos reais, a trama é centrada no jovem Sawyer (Nathan Gamble), que trabalha de voluntário em um aquário em Miami cuidando de Winter, uma golfinho com problemas na espinha e sem a nadadeira traseira que precisa de uma prótese para nadar igual aos demais golfinhos. Quando a outra fêmea que divide o espaço com Winter morre de velhice, Winter passa a agir de modo retraído e agressivo, o gestor do aquário, o Dr. Clay (Harry Connick Jr), é notificado pelas autoridades que não poderá manter o animal sozinho e caso não haja outra fêmea para conviver com Winter, ela terá de ser transferida para outra instalação.

O filme acerta em não romantizar demais a relação entre homem e animal, lembrando o tempo todo que golfinhos são animais selvagens e carnívoros que, caso hajam de modo hostil, não devem ser subestimados ou tratados de forma leviana. Também acerta na sua construção sobre o papel e a função do aquário, que não deve ser uma espécie de parque aquático com animais sendo explorados para diversão, mas um local de estudos desses animais, voltado para a reabilitação e cura dos animais, devolvendo-os à natureza assim que estiverem curados. Inclusive há uma tentativa de construir conflito entre Clay e seus investidores, já que o veterinário quer devolver os animais curados à natureza o mais rápido possível, mantendo só aqueles incapazes de sobreviver sozinhos, enquanto os investidores querem também manter os animais saudáveis e explorá-los como atrações para arrecadar mais e expandir o aquário.

O problema é que tudo isso é conduzido com um excesso de didatismo que dá a impressão de que estamos assistindo a algum tipo de vídeo-aula ao invés de um filme de ficção. A presença de Morgan Freeman em cena reforça esse tom demasiadamente professoral, já que vem se tornando praticamente um clichê hollywoodiano escalar Freeman para um ingrato papel que consiste única e exclusivamente em explicar e mastigar a trama e suas lições morais ao público.

Além disso, a trama se apoia demasiadamente em coincidências ou deus ex machina para resolver facilmente os problemas. Em uma cena Clay é avisado que Winter precisará ser transferida e já na cena seguinte é chamado por pescadores que acharam uma golfinho filhote encalhada e por ser muito pequena não conseguiria sobreviver na natureza, já que sua mãe não lhe ensinou a viver por conta própria. Assim sendo, mal o problema foi exposto e a solução cai no colo do veterinário sem nenhum esforço e por pura coincidência, na forma desta fêmea encalhada que preenche todos os requisitos para conviver ao lado de Winter. A subtrama entre Clay e os investidores, por exemplo, acaba deixada de lado e o conflito é abandonado Esse excesso de facilidades e conveniências é ainda prejudicado por diálogos rasteiros cheios de frases feitas e sensos comuns do tipo “quando uma porta se fecha, outra se abre”. O filme ainda desperdiça uma breve participação da surfista Bethany Hamilton (cuja vida inspirou o filme Soul Surfer: Coragem de Viver, de 2011), que aparece como ela mesma, mas acaba sendo irrelevante para a trama.

Assim sendo, apesar de acertar na abordagem da ética e dos princípios que estão envolvidos no tratamento de animais, o filme enfraquece devido ao seu excesso de didatismo e uma trama demasiadamente previsível e formulaica.


Nota: 4/10

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