As
comédias românticas são um gênero constantemente produzido pelo cinema
hollywoodiano, mas são poucas as que abordam relacionamentos entre pessoas
idosas como faz este Elsa e Fred
(remake do filme argentino Elsa y Fred
de 2005, que não vi), apenas Alguém Tem
Que Ceder (2003) me vem a cabeça quando penso em um filme com essas
características. Assim sendo, é uma pena que algo com tanto potencial para
tratar da redescoberta do amor na terceira idade descambe em um produto tão
banal.
Na
trama, Elsa (Shirley MacLaine) é uma senhora que mora sozinha e que se vê
atraída por seu novo vizinho, o recém viúvo Fred (Christopher Plummer). Aos
poucos ela tenta se aproximar dele e, bem, sabemos o que acontece daí para
frente.
Esse
é o principal problema do filme, tudo é excessivamente previsível e clichê, nos
permitindo antever cada virada na trama e boa parte dos diálogos. É a típica
história da mulher alegre e expansiva conquistando e amolecendo o coração de um
homem turrão e rígido. Já vimos isso diversas vezes e Elsa e Fred não faz nenhum esforço para nos oferecer nada
diferente.
A
obra até tenta tocar em alguns problemas específicos da idade avançada, como o
preconceito que se tem com os idosos, como na cena que Elsa é dispensada de uma
aula de dança por sua idade, ou o fato de parentes estarem constantemente
fazendo chantagem emocional para arrancar dinheiro deles, algo visto na família
de ambos. Entretanto, tudo isso é tratado muito rapidamente e de modo altamente
superficial, não sendo capaz de causar muita repercussão ou fazer muita
diferença, além de desperdiçar o ótimo elenco de apoio formado por atores como
Marcia Gay Harden, Chris Noth e Scott Bakula.
Se
o filme escapa de ser um tedioso exercício de paciência é apenas pelo carisma e
competência da dupla de protagonistas que os transforma em figuras adoráveis.
MacLaine transforma sua Elsa em uma mulher que recorre a fantasias e lorotas
para compensar por tudo que não conseguiu vivenciar e tenta a todo custo
compensar isso, enquanto Plummer faz de seu Fred um sujeito retraído e
amargurado pela vida infeliz que levou e não vê mais nada em seu horizonte. A
química dos dois é muito boa e conseguimos perceber um afeto genuíno crescendo
entre eles.
O
filme ainda acerta em sua abordagem simples e sensível, evitando pesar a mão no
melodrama, principalmente em seu desfecho quando um dos personagens revela uma
doença grave. Ao invés de pesar a mão no sofrimento para forçar lágrimas no
público, a obra lida com isso de uma maneira bastante equilibrada.
Ainda
assim, Elsa e Fred não consegue
espantar a sensação de ser um produto excessivamente genérico, não sendo nada
além de um bom, mas descartável, passatempo.
Nota:
6/10
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