quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Crítica - Elsa e Fred

Análise Elsa e Fred

Review Elsa e Fred
As comédias românticas são um gênero constantemente produzido pelo cinema hollywoodiano, mas são poucas as que abordam relacionamentos entre pessoas idosas como faz este Elsa e Fred (remake do filme argentino Elsa y Fred de 2005, que não vi), apenas Alguém Tem Que Ceder (2003) me vem a cabeça quando penso em um filme com essas características. Assim sendo, é uma pena que algo com tanto potencial para tratar da redescoberta do amor na terceira idade descambe em um produto tão banal.

Na trama, Elsa (Shirley MacLaine) é uma senhora que mora sozinha e que se vê atraída por seu novo vizinho, o recém viúvo Fred (Christopher Plummer). Aos poucos ela tenta se aproximar dele e, bem, sabemos o que acontece daí para frente.

Esse é o principal problema do filme, tudo é excessivamente previsível e clichê, nos permitindo antever cada virada na trama e boa parte dos diálogos. É a típica história da mulher alegre e expansiva conquistando e amolecendo o coração de um homem turrão e rígido. Já vimos isso diversas vezes e Elsa e Fred não faz nenhum esforço para nos oferecer nada diferente.

A obra até tenta tocar em alguns problemas específicos da idade avançada, como o preconceito que se tem com os idosos, como na cena que Elsa é dispensada de uma aula de dança por sua idade, ou o fato de parentes estarem constantemente fazendo chantagem emocional para arrancar dinheiro deles, algo visto na família de ambos. Entretanto, tudo isso é tratado muito rapidamente e de modo altamente superficial, não sendo capaz de causar muita repercussão ou fazer muita diferença, além de desperdiçar o ótimo elenco de apoio formado por atores como Marcia Gay Harden, Chris Noth e Scott Bakula.

Se o filme escapa de ser um tedioso exercício de paciência é apenas pelo carisma e competência da dupla de protagonistas que os transforma em figuras adoráveis. MacLaine transforma sua Elsa em uma mulher que recorre a fantasias e lorotas para compensar por tudo que não conseguiu vivenciar e tenta a todo custo compensar isso, enquanto Plummer faz de seu Fred um sujeito retraído e amargurado pela vida infeliz que levou e não vê mais nada em seu horizonte. A química dos dois é muito boa e conseguimos perceber um afeto genuíno crescendo entre eles.

O filme ainda acerta em sua abordagem simples e sensível, evitando pesar a mão no melodrama, principalmente em seu desfecho quando um dos personagens revela uma doença grave. Ao invés de pesar a mão no sofrimento para forçar lágrimas no público, a obra lida com isso de uma maneira bastante equilibrada.

Ainda assim, Elsa e Fred não consegue espantar a sensação de ser um produto excessivamente genérico, não sendo nada além de um bom, mas descartável, passatempo.


Nota: 6/10

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