Este
O Imperador é daqueles filmes que
você já entra na sala de cinema sem esperar grande coisa, mas, pelo menos, que
seja daqueles tão ruins ao ponto de se tornar divertido. Infelizmente nem isso
ocorre e O Imperador é apenas ruim
que aborrece.
A
trama acompanha Jacob (Hayden Christensen), um ex-cavaleiro que abandonou as
cruzadas depois de presenciar uma brutal carnificina e se refugiou no oriente.
Lá encontra um jovem príncipe e sua irmã que estão em fuga depois que seu irmão
usurpou o trono. Decidido a compensar pelos erros do passado, Jacob decide
acompanhá-los, mas para ter sucesso em sua missão, precisa da ajuda de seu
antigo tutor, o cavaleiro Gallain (Nicolas Cage).
Ao
contrário do que o material de divulgação dá a entender, Cage é praticamente
uma ponta de luxo, aparecendo por no máximo uns vinte minutos de filme. Quando
ele está em cena, trabalha no modo "devorador de cenário" com o qual
vem trabalhando em boa parte dos filmes ruins que vem fazendo. Sua atuação é
pra lá de exagerada, todos os diálogos são sussurrados ou gritados, sem meio
termo e ele vai da profunda amargura à risada histérica em menos de um segundo.
Sua caracterização não ajuda a levá-lo a sério, com suas extensões capilares
artificiais e uma tosca cicatriz sobre o olho. Além disso exibe o sotaque mais
bizarro que vi em muito tempo, uma mistura esquisita entre o sotaque americano
e o britânico e o resultado, por vezes, é comédia involuntária. Christensen
exibe a mesma escolha pouco ortodoxa de fala, mas sua composição rígida e
apática não consegue divertir nem pelo exagero.
O
mesmo pode ser dito dos personagens orientais, completamente unidimensionais e
desinteressantes, sem nada que lhes dê destaque. Aliás, preciso dizer que é
impressionante como um filme que se passa na antiga china traz personagens que
falam um inglês perfeito. Eu entendo, é um filme americano, feito para este
público, portanto os personagens precisam falar inglês. Tudo bem, não estou
questionando isso, mas eles pelo menos poderiam falar com um sotaque chinês ao
invés de um inglês tão corretamente pronunciado que soa artificial e quebra a
imersão.
A
trama é quase ausente, consistindo de Jacob escoltando o príncipe e a irmã
enquanto foge da guarda real e não acontece muita coisa além de diálogos
expositivos que falam do passado de Jacob (sendo que o filme já nos mostrou
isso) ou flashbacks envolvendo Gallain que não acrescentam nada ao personagem. Na
verdade, tudo é tão preguiçoso que até os letreiros que deveriam contextualizar
a ação trazem dados genéricos que não significam muito como "oriente
médio" (que pode ser qualquer lugar em uma área enorme e culturalmente
diversificada, mas que é tratada como uma coisa só) ou "extremo oriente"
(mas que provavelmente é a China). Se você vai usar um letreiro em um filme, ele deve esclarecer algo e não gerar mais questionamentos.
Tudo
isso seria perdoável se pelo menos as cenas de ação fossem bacanas, mas não é o
caso. Além de burocráticas e pouco inventivas, elas nunca passam nenhum senso
perigo, nunca tememos pelo destino dos personagens. Tudo é piorado pelas
péssimas escolhas da direção que enche a ação com uma câmera que nunca para de
se mover, uma edição excessivamente picotada e uma profusão de slow-motion tornando a ação uma enorme
bagunça truncada e sem ritmo. Mesmo ao confronto final falta energia e urgência
e tudo termina de uma maneira incômoda e anticlimática.
Assim,
O Imperador é uma tentativa
preguiçosa de montar um grande épico, prejudicada por uma trama quase
inexistente e cheia de lugares-comuns, cenas de ação entediantes e um
protagonista apático.
Nota:
2/10
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