Depois
que Liam Neeson renovou sua carreira ao se tornar um astro de ação no primeiro Busca Implacável (2008), muitos artistas
que pouco tinham se aventurado em produções do gênero resolveram buscar este
tipo de filme para aumentar sua rentabilidade e se aproximar do público que vai
ao cinema para acompanhar os blockbusters
de ação. Este O Franco-Atirador (que
nada tem a ver com o filme homônimo de 1978 dirigido por Michael Cimino) parece
ser a tentativa do oscarizado Sean Penn de criar para si uma franquia de ação para chamar de sua,
tanto que trabalha ao lado do mesmo Pierre Morel que comandou Neeson em Busca Implacável. O resultado aqui, no
entanto, fica aquém do esperado.
Penn
interpreta Jim Terrier, um ex-militar que trabalhou como mercenário durante a
guerra civil do Congo. Anos depois ele retorna ao país africano para realizar
trabalhos humanitários, mas seu passado o alcança quando homens invadem a ONG
na qual trabalha e tentam matá-lo. Acuado e sem saber quem lhe persegue, Jim
retorna para a Europa e busca o traiçoeiro Felix (Javier Bardem), o único que
pode saber o que está acontecendo.
A
trama é bastante genérica, investindo mais uma vez na figura do militar atormentado
por erros do passado e buscando reparação. Já vimos tudo isso antes e Penn não
ajuda a dar identidade a algo tão batido. Ele certamente demonstra físico de
herói de ação, mas seu protagonista é inócuo demais para nos engajar em sua
jornada. O mesmo pode ser dito do antagonista vivido por Javier Bardem que
investe em uma composição carregada de afetações e exageros, tornando seu
personagem uma figura mais aborrecida do que propriamente ameaçadora ou odiosa.
O
roteiro ainda tenta criar um mistério sobre quem está tentando matar Jim, mas é
tudo tão óbvio e previsível que qualquer um consegue perceber que está
relacionado ao assassinato cometido no início do filme. A tentativa de criar
uma reviravolta em cima disso se revela desastrosa, pois substitui um vilão que
já não era grande coisa por outro ainda menos convincente. Além disso a
história é cheia de furos e absurdos, como o fato do protagonista filmar
tranquilamente o briefing de uma
missão de assassinato secreta sem que nenhum de seus colegas se oponham ao
registro potencialmente incriminador. Do mesmo modo, é difícil de engolir o
embate climático do filme quando o vilão manda seus capangas um por um atrás do
herói ao invés de todos de vez, sendo que a esta altura ele já entendeu o quão
mortal ele pode ser. O pior, no entanto, são as sequelas de uma concussão que
só são sentidas pelo o personagem quando é conveniente para o roteiro, já que
durante boa parte do filme ele irá correr, lutar, atirar, apanhar e explodir
coisas sem que os sintomas se manifestem.
As
cenas de ação são bastante violentas, mas carecem de criatividade e empolgação.
O único momento realmente interessante é quando Jim escapa de um banheiro em
chamas e de resto temos apenas um amontoado de lutas e tiroteios burocráticos,
que falham em transmitir intensidade ou criar qualquer sensação de perigo. O
filme ainda tenta tratar da exploração da África pelas potências econômicas
mundiais, mas o faz de maneira tão superficial que pouco agrega ao que já foi
tratado em filmes melhores sobre a questão como O Jardineiro Fiel (2005), Diamante
de Sangue (2006) ou Hotel Ruanda
(2004). A verdade é que isso acaba tornando o filme inconsistente, já que ele é
tolo e absurdo demais para tratar satisfatoriamente de questões tão sérias, ao
mesmo tempo que esses momentos de denúncia incisiva não permitem que ele abrace
devidamente o exagero para ser uma bobagem divertida.
O
resultado é um meio termo vazio que não consegue nem fazer pensar e nem
divertir. Pelos nomes envolvidos era de se esperar uma aventura minimamente
apreciável, uma pena que este potencial seja desperdiçado com uma trama clichê,
personagens sem carisma e cenas de ação que não empolgam.
Nota:
4/10
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