quarta-feira, 1 de julho de 2015

Crítica - Belas e Perseguidas


Chega a ser incompreensível como Reese Witherspoon, tão elogiada por seu trabalho no recente Livre, e Sofia Vergara, que vem trabalhando muito bem na série Modern Family, tenham decidido se envolver com uma produção tão rasteira e problemática quanto este Belas e Perseguidas.

A fita é uma daquelas comédias de ação estilo buddy cop (os "filmes de parceiros") nos moldes de Beijos e Tiros (2005) ou Anjos da Lei 2 (2014), mas sem o espírito subversivo e humor auto-referencial destes exemplos. Na história Cooper (Reese Witherspoon) é uma policial certinha e obcecada por seguir protocolos que é incumbida de proteger Daniella (Sofia Vergara), uma testemunha importante em um processo contra um poderoso traficante. Cooper precisa atravessar o estado do Texas para levar sua testemunha ao tribunal, mas no processo elas são caçadas por dois policiais corruptos e precisam arrumar um jeito de chegar ao destino antes que sejam pegas.

O problema nem é o fiapo de trama, pois, como Mad Max: Estrada da Fúria mostrou, é perfeitamente possível que uma história simples consiga render um algo carregado de subtextos e situações interessantes. O que torna Belas e Perseguidas insuportável é que ele se constrói inteiramente na troca de farpas entre as duas protagonistas e estas se resumem ao fato de que Witherspoon é baixinha e Vergara é latina. É um humor óbvio, rasteiro e preguiçoso estendido além do que deveria e trabalhado de uma maneira tão limitada que as duas atrizes, apesar de se esforçarem, nunca conseguem ir além dos estereótipos de suas personagens e é triste ver duas intérpretes competentes literalmente reduzidas à soma de suas partes. O único momento realmente engraçado é a cena em que Cooper acidentalmente cheira cocaína.

Além disso a amizade entre as duas personagens nunca nos parece merecida ou orgânica, já que elas passam o filme inteiro brigando, sem conseguir estabelecer uma química (apesar dos esforços das atrizes) que nos convença de que elas poderiam ser amigas. Os vilões falham em criar qualquer tipo de perigo ou ameaça convincente, sendo apenas uma dupla de gângsteres genéricos e as cenas de ação são burocráticas e completamente desprovidas de empolgação. Em determinado momento a fita introduz um interesse romântico para a policial Cooper, mas o envolvimento entre os dois acontece de modo completamente gratuito e sua presença tem pouco impacto na história.

Como se tudo já não estivesse ruim, as coisas pioram ainda mais na conclusão sem sentido do filme, na qual Cooper é completamente inocentada de tudo que aconteceu sendo que ela não possuía nenhuma prova da própria inocência e ainda tinha a palavra de três policiais corruptos (um deles seu chefe) contra a dela, sem também, ter como provar que estes trabalhavam para o inimigo. O filme sequer se importa em explicar como tudo se resolveu e simplesmente se apressa para terminar, como que consciente da própria intolerabilidade. Na verdade, sua curta duração de apenas 87 minutos é um dos poucos pontos positivos.

Belas e Perseguidas, portanto, é um filme insípido e sem graça que desperdiça o talento de suas duas protagonistas em um humor preguiçoso e desprovido de criatividade.

Nota: 2/10

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