terça-feira, 28 de julho de 2015

Crítica - Mar Negro

Análise Mar Negro

Review Mar NegroParte K-19: The Widowmaker (2002) e parte O Tesouro da Sierra Madre (1948) este Mar Negro é um suspense submarino que, embora não reinvente a roda e constantemente se prenda aos clichês do gênero, ainda assim consegue funcionar graças à condução do diretor escocês Kevin Macdonald (O Último Rei da Escócia).

A trama segue Robinson (Jude Law), um especialista em recuperação de destroços submarinos. Quando ele é demitido de seu emprego, um amigo lhe procura com uma oportunidade: a descoberta um submarino alemão com um carregamento de ouro russo que naufragou durante a Segunda Guerra Mundial. Como a região está em disputa entre a Rússia e Geórgia, nenhum dos dois governos ainda tentou recuperar o ouro. Assim, Robinson junta uma tripulação em um velho submarino para recuperar o tesouro, mas, claro, as coisas não saem como planejado.

A direção de Macdonald consegue criar uma atmosfera claustrofóbica ao investir em enquadramentos em close, que fazem os pequenos corredores do submarino parecerem ainda mais apertados. Os closes, combinados com as luzes vermelhas de alerta que acendem a todo momento, cobrindo os rostos dos personagens, contribuem para a sensação de um perigo iminente e inescapável. Além disso, o roteiro consegue manter o ritmo, colocando um obstáculo atrás do outro e trazendo novas reviravoltas cada vez que as coisas parecem estar sob controle. Não quero dar spoiler, mas nem todas fazem muito sentido, algumas delas inclusive abusam um pouco da nossa suspensão de descrença, o que acaba sendo um problema.

Muitos momentos de tensão não diferem muito de coisas que vimos em outros "filmes de submarino" como o já citado K-19: The Widowmaker, U-571: Batalha do Atlântico (2000) ou Maré Vermelha (1995), com leituras de radar enquanto tentam fugir de perseguidores ou pessoas correndo pelas passagens estreitas enquanto fogem da água que inunda a embarcação. No entanto, eles são bem executados o suficiente para funcionar, graças ao trabalho de câmera e da intensa música, que consegue evocar suspense sem soar intrusiva.

Outra questão é que não há muito desenvolvimento de nenhum membro da tripulação exceto o personagem de Law. Isso se tornará um problema quando eles começam a sucumbir à "febre do ouro" (daí minha menção a O Tesouro da Sierra Madre), pois como não sabíamos praticamente nada a respeito dos personagens, a transformação deles parece acontecer mais por exigência do roteiro em criar constantes reviravoltas do que uma tentativa de examinar os limites da ganância e loucura humanas.

Se os coadjuvantes não funcionam, Law pelo menos se ergue a altura de carregar o filme, fazendo de Robinson um sujeito visivelmente abatido e descuidado, com olheiras proeminentes, barba por fazer e com alguns quilos a mais. Seu personagem é alguém que foi tão maltratado pela vida que ele parece disposto a qualquer coisa, até mesmo arriscar a vida, para mostrar a todos que não deveriam menosprezá-lo e Law é hábil em nos transmitir esses sentimentos, nos fazendo compreender as condutas extremas que o personagem tomará. Ainda assim algumas coisas não funcionam, em especial as inserções de flashbacks de Robinson com sua família, que são dotadas de um sentimentalismo que soa deslocado do restante do tom do filme e parece uma tentativa do filme em forçar nossa adesão ao personagem apesar de sua conduta nos parecer reprovável.

Assim sendo, apesar de não conseguir ir além dos lugares-comuns do gênero, Mar Negro funciona pela sua atmosfera claustrofóbica e o trabalho de Jude Law.

Nota: 6/10

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