Quando
pensamos em filmes envolvendo pessoas escalando montanhas o que nos vem a
memória são trabalhos bem fracos como Limite
Vertical (2000) ou Risco Total
(1993), então não tinha grandes expectativas quando entrei para ver este Evereste. Embora não seja tão ruim
quanto os produtos anteriormente citado, Evereste
apresenta problemas demais para ser completamente satisfatório.
Baseado
em uma história real, acompanhamos uma excursão de alpinistas liderados pelo
profissional Rob Hall (Jason Clarke) para chegar ao topo do Monte Evereste, o
ponto mais alto do mundo. Não bastando o risco natural que envolve uma
empreitada como essa, a montanha é atingida por uma violenta tempestade durante
a escalada, tornando tudo ainda mais mortal.
As
paisagens do Nepal são muito bem filmadas e a fotografia consegue compor esse
cenário como simultaneamente belo e hostil, beneficiado pelas amplas
panorâmicas filmadas para o formato IMAX. As cenas de escalada são carregadas
de tensão e mostram bem as dificuldades enfrentadas pelos alpinistas. O
problema é que quando as coisas deveriam realmente engrenar e nos deixar na beira da poltrona, os eventos não nos
atingem como deveriam.
Em
parte porque muitos personagens são despachados muito rapidamente sem que haja
uma preparação adequada para isso. Outra questão é que o filme não nos conecta
com aqueles personagens, são muitas pessoas a acompanhar e a maioria deles
sequer tem tempo para desenvolver uma personalidade própria e aqueles que o
filme tenta desenvolver são bastante superficiais. O roteiro peca
principalmente por deixar de trabalhar o que é que move aquelas pessoas a
fazerem aquilo, o que as impele a um desafio tão extremo, há apenas uma breve
cena em que Doug (John Hawkes) fala um pouco sobre porque quis fazer a
escalada, mas é muito pouco para dar uma dimensão real de quem são aqueles
indivíduos, o que é lamentável dada a qualidade do elenco com atores como Jake
Gyllenhaal (que estava ótimo em Nocaute),
que é desperdiçado em uma ponta irrelevante, Josh Brolin, Michael Kelly (da
série House of Cards) e Robin Wright (da mesma série).
O
que falta em tensão e urgência no clímax, o filme tenta compensar ao pesar a
mão no drama, com as longas e altamente chorosas conversas entre Rob e a esposa
(Keira Knightley) que parecem feitas para forçar as lágrimas do público ou
quando Beck (Josh Brolin) delira com a família. Para completar ainda traz as
quase obrigatórias fotos reais dos envolvidos em seus últimos minutos, como se
o fato de que foi real fosse suficiente para nos engajar na história e
compensasse a construção rasteira da obra, o artifício atinge o cúmulo do
absurdo ao mostrar as fotos da filha de um dos mortos no incidente, algo que
deveria nos fazer lamentar a morte dos montanhistas, mas apenas soa como uma
apelação barata, já que traz apenas uma informação óbvia (que a garota cresceu
sem conhecer o pai) e que não agrega nada ao nosso vínculo emocional, já que
este não foi bem trabalhado até então.
Certamente
haviam histórias incrivelmente interessantes a serem contadas sobre aquele
grupo de alpinistas e o incidente em que se envolveram, mas Evereste não consegue ser plenamente
satisfatório nem como "filme catástrofe" nem como um estudo sobre
essas pessoas que buscam façanhas sobre condições adversas.
Nota:
5/10
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