quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Crítica - Transformers: Devastation



Apesar de gostar dos dois games dos Transformers desenvolvidos pela High Moon Studios (War for Cybertron e Fall of Cybertron), me incomodava o foco praticamente exclusivo no combate à distância, já que os jogos seguiam o modelo de tiro em terceira pessoa. Pra mim uma das possibilidades mais legais de se ter um universo de robôs gigantes que mudam de forma é justamente vê-los saindo na porrada e esses jogos meio que me negavam isso, dando apenas um pouco efetivo golpe corporal para cada personagem. Meus desejos de pancadaria robótica desenfreada, no entanto, foram atendidos por este ótimo Transformers: Devastation, jogo desenvolvido pela Platinum Games (Bayonetta, Metal Gear Rising: Revengeance), que além de tudo faz uma afetuosa homenagem à animação original (também conhecida como G1).

A trama é básica, Megatron e seus Decepticons encontram um antigo artefato de Cybertron capaz de "ciberformar" nosso planeta, cabe aos Autobots liderados por Optimus Prime deter o vilão e salvar o mundo. Depois de uma fase inicial que te obriga a alternar entre os personagens, o jogador fica livre para escolher entre Optimus, Bumblebee e Sideswipe, conforme avançamos também é possível habilitar Wheeljack e o dinobot Grimlock.

A jogabilidade lembra bastante a de Bayonetta com o jogador usando dois botões de ataque para criar combos e ao final de cada um é possível executar um finalizador no qual o personagem rapidamente usa sua forma alternativa para um ataque devastador. Além disso se o jogador realizar uma esquiva no momento certo, ativa o modo "Focus", desacelerando o tempo por alguns segundos tal qual o "Witch Time" de Bayonetta. Cada personagem também possui uma habilidade especial que pode ser usada de tempos em tempos (a barra se renova automaticamente) e um superataque.

Como é de costume nos games da Platinum, o combate é afiadíssimo e acelerado, com controles bastante intuitivos e batalhas grandiosas contra chefes como o construiticon Devastator e o multiforma Blitzwing, que pode se transformar em jato e tanque. Em níveis de dificuldade mais baixos é até possível se dar bem recorrendo ao mero button mashing, mas em dificuldades maiores é preciso conhecer bem os combos de cada robô, bem como prestar atenção no tempo dos combos para executar os finalizadores e nos ataques inimigos para esquivar ou bloquear no momento certo, deixando-os abertos para poderosos contra-ataques.

O game ainda surpreende com um bom sistema de loot. Cada transformer possui quatro slots para equipar armas (em geral gosto de deixar duas de combate corporal e duas armas de fogo) e conforme derrotamos inimigos ou abrimos baús vamos ganhando novas e melhores armas. A seleção é ampla, compreendendo espadas, machados, marretas, furadeiras, rifles de precisão, lança-granadas e muito mais. Não é nada no nível de um Diablo da vida, é bem mais simples, mas a funciona bem e serve como incentivo para continuar jogando. É possível fazer uma arma absorver outra através do mecanismo "Synthesis", permitindo à arma base subir de nível, aumentando seus atributos e adiciona a ela as habilidades especiais (como aumento do dano dos finalizadores de combo ou aumento das chances de receber armas raras) do equipamento absorvido. Algumas armas só podem ser equipadas por personagens específicos, o que traz ainda mais diferenciação a eles.

Outra categoria de equipamentos são os TECHs, acessórios que oferecem diferentes bônus ao serem equipados, o problema é que as TECHs, não são encontradas e precisam ser produzidas, mas o jogador não possui nenhum controle sobre os resultados. Uma vez iniciado o processo há um minigame para determinar a qualidade do equipamento, mas que tipo habilidades virão nos equipamentos e isso pode ser frustrante porque o jogador pode acabar com um inventário cheio de TECHs que não ajudam ao seu modo de jogar. De nada adianta, por exemplo, ter um monte de bônus de bloqueio se eu tenho mais facilidade para usar a esquiva.

Os personagens também sobem de nível conforme vencem batalhas, melhorando seus atributos, o único problema desse sistema é que o game nunca esclarece em que cada atributo impacta no gameplay, sendo necessário recorrer a um guia externo para entender informações que deveriam constar no próprio jogo, um problema semelhante ao que acontecia em Dragon Ball Xenoverse. É claro que é possível intuir que o atributo Strength (Força) tem a ver com dano, mas fica difícil saber sobre o que atributos como Skill (Habilidade) interferem.

A campanha é relativamente curta, cerca de seis horas, mas os personagens diferentes o suficiente entre si para estimular que completemos o game com cada um deles. Ao terminar o jogo pela primeira vez, habilitamos também alguns novos níveis de dificuldade que aumentam o level cap dos atributos dos personagens. Jogando a campanha também vamos habilitando alguns "Challenge Mode", que traz cerca de 50 mapas de desafio, no qual precisamos derrotar diferente ondas de inimigos. Pensem nos mapas de combate nos recentes games do Batman. Tanto a campanha quando os desafios servem apenas a um jogador.

Os gráficos em cel-shading reproduzem com grande fidelidade o visual do desenho animado original a movimentação dos personagens é bastante fiel ao que lembramos deles, logicamente não é nada que vá testar os limites dos novos sistemas (joguei no PS4), mas transmite muito bem a sensação nostálgica de que estamos controlando o antigo desenho dos anos 80. Os cenários, no entanto, são genéricos e sem vida e o fato de termos uma campanha curta, torna inadmissível que fiquemos circulando pelos mesmos três ou quatro ambientes ao longo dos sete capítulos.

O game acerta ainda ao trazer os dubladores tradicionais dos personagens, com o venerável Peter Cullen mais uma vez emprestando sua voz grave a Optimus Prime e Frank Welker como Megatron (e mais alguns outros). As músicas também remetem ao desenho original, embora minha memória não me permita dizer se elas são tiradas diretamente da animação.

Assim sendo, Transformers: Devastation é uma afetuosa homenagem à primeira geração dos robôs e uma sólida aventura cheia de combates velozes e grandiosos. Um game imperdível para os fãs dos personagens e para qualquer um que aprecie um bom jogo de pancadaria.

Nota: 8/10

Obs: O game está disponível para PS4, PS3, PC, Xbox 360 e Xbox One.

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