O
que aconteceria se tentássemos mesclar as histórias de Jason Bourne com uma
típica comédia de maconheiros ao estilo de Cheech e Chong ou Harold e Kumar? American Ultra: Armados e Alucinados
existe justamente para resolver essa dúvida, o problema é que a resposta dada
por ele é incrivelmente decepcionante.
A
história acompanha Mike (Jesse Eisenberg), um jovem sem ambições que passa o
tempo todo chapado ao lado da namorada, Phoebe (Kristen Stewart). O que Mike
não sabe é que ele foi fruto de uma experiência do governo para criar um
superagente e as autoridades competentes o consideraram perigoso demais e o
tornaram um alvo. Agora, de posse de suas
recém-descobertas habilidades ele precisa sobreviver ao ataque de seus
inimigos.
O
tom inconsistente é uma das coisas que primeiro incomoda no filme, que parece
indeciso entre levar tudo a sério e construir uma espécie de crítica aos
excessos dos órgãos de inteligência ou abraçar o "humor de
maconheiro", partindo para o absurdo e a falta de noção. O resultado é um
filme perdido que nunca consegue ser plenamente eficiente em nenhuma das
abordagens, é superficial demais para ser levado a sério e falta criatividade
no absurdo para ser verdadeiramente engraçado.
Eisenberg
e Stewart tem claramente uma boa química juntos, algo que já tinham demonstrado
no subestimado Férias Frustradas de Verão
(2009) e essa é a única razão pela qual investimos no romance entre eles, já
que o roteiro falha em nos fazer entender o que Phoebe realmente viu em Mike
além da pena por ele ter sido cobaia num experimento do governo, principalmente
por ele ser tão dependente ao ponto de Phoebe se comportar mais como mãe do que
como namorada dele.
O
vilão interpretado por Topher Grace é um burocrata patético, que não convence
como ameaça, ao mesmo tempo que não é suficientemente ridículo para que
consigamos rir dele, aborrecendo ao invés de gerar tensão ou riso. Do mesmo
modo, o assassino risonho vivido por Walton Goggins (da série Justified) é tão exagerado que acaba
ficando irritante. Ainda por cima desperdiça bons coadjuvantes como John
Leguizamo, Lavell Crawford (o Huell de Breaking
Bad) e Tony Hale (da série Veep)
em pontas irrelevantes que jamais dizem a que vieram.
O
filme investe ainda em várias cenas de ação regadas a um volume imenso de
sangue, mas elas são burocráticas e pouco criativas, jamais conseguindo
empolgar ou criar uma atmosfera crível de perigo. Falha também em fazer rir com
toda essa ultraviolência, já que falta aos assassinatos a criatividade o senso
de absurdo do recente Como Sobreviver a um Ataque Zumbi.
Deste
modo, American Ultra: Armados e
Alucinados decepciona ao não fazer funcionar uma premissa bastante
promissora, entregando uma comédia de ação na qual a comédia não faz rir e a
ação não empolga.
Nota: 3/10
Confiram aqui o trailer do filme:
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