segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Crítica - Olhos da Justiça


Quando foi anunciado que haveria um remake hollywoodiano para o competente suspense argentino O Segredo de Seus Olhos (2009), dirigido por Juan Jose Campanella e protagonizado por Ricardo Darín, imaginei que seria mais um daqueles projetos estilo "copia e cola", feito apenas para tornar o produto original palatável às audiências do país que não gostam muito de filmes que lhes façam ler legendas (assim como o público brasileiro, diga-se de passagem). Olhos da Justiça é exatamente isso, mas pelo menos consegue manter a essência do texto original e o faz funcionar.

A nova trama tira a história da ditadura argentina dos anos 70 para o pós 11 de setembro nos Estados Unidos quando todos temiam um novo ataque. O agente do FBI Ray (Chiwetel Ejiofor) é designado para ajudar a procuradoria de Los Angeles a investigar possíveis ameaças terroristas e lá se apaixona pela promotora Claire (Nicole Kidman), mas quando a filha de sua colega, Jess (Julia Roberts), é assassinada e morta perto de uma mesquita que investigavam, o agente coloca de lado sua missão para ajudar a amiga, mas sua investigação se estende por mais de uma década.

O longa metragem recria a maioria das cenas do filme original, do mesmo modo que reutiliza muitos de seus diálogos. Não há nenhuma preocupação em trazer um novo olhar ou abordagem para a história, mas ainda assim lida com habilidade com os mesmos temas do filme original, falando sobre o trauma incessante causado pela violência, as falhas e limitações do judiciário (em especial a politicagem interna) e o quanto nos assombram as questões mal resolvidas de nossas vidas.

Mesmo para quem viu o original, o filme ainda consegue apresentar o mistério de forma instigante e as cenas são bem construídas de modo a manterem um clima de tensão mesmo para que já tem uma ideia do que pode acontecer a seguir. Acaba derrapando um pouco ao fazer uma leve alteração no final, que acaba trocando um pouco do impacto do original para oferecer uma tentativa de catarse, terminando as coisas de maneira menos sombria.

Ejiofor consegue trazer a dor e o desespero de um homem atormentado pela culpa e arrependimento das coisas que não fez no passado (a resolução do crime e a declaração de amor nunca dada), enquanto que Julia Roberts nos deixa perceber toda a dor de Jess, que se tornou praticamente uma morta-viva depois do assassinato da filha. Por outro lado, Nicole Kidman tem muito pouco a fazer como Claire, tendo a cena do interrogatório praticamente seu único bom momento. O filme ainda conta com um bom elenco secundário, envolvendo nomes como Dean Norris (o Hank de Breaking Bad) e Alfred Molina.

Enquanto remake, Olhos da Justiça é bastante acomodado e preguiçoso, mas se visto por seus próprios méritos revela-se um suspense relativamente competente e capaz de agradar tanto os que conhecem o original quanto quem nunca o viu.

Nota: 6/10

Trailer:



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