segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Crítica - Animais Noturnos

Análise Animais Noturnos


Review Animais Noturnos
Artistas muitas vezes se colocam em suas obras. Aquilo que tratam em seus produtos muitas vezes é uma forma de expiar dores, angústias e frustrações. Sob este aspecto, toda obra de ficção seria também (ao menos em algum nível) um relato autobiográfico. A função catártica da ficção é exatamente o tema central deste Animais Noturnos.

A trama segue Susan (Amy Adams), uma dona de galeria de arte que um dia recebe o manuscrito de um romance enviado por seu ex-marido, Edward (Jake Gyllenhaal). O livro é dedicado a ela e conforme ela começa a ler a trágica história de vingança de Tony (também Gyllenhaal), começa a perceber as semelhanças temáticas entre a jornada de Tony e seu casamento fracassado.

O filme não nos mostra apenas a história de Susan no presente, como também a do romance de Edward e o passado dos dois e como seu relacionamento erodiu. É uma estrutura que facilmente podia descambar para uma bagunça rasa, mas o texto de Tom Ford (que também dirige) consegue equilibrar tudo com eficiência. O equilíbrio que ele tem no texto, porém, lhe falta à direção. Sua condução cheia de afetações e floreios estilísticos confere beleza e plasticidade até ao que deveria incomodar. As paisagens desérticas do Texas e seus casebres arruinados pelos quais Tony passa em sua busca por vingança são tão perfeitamente filmados e belissimamente fotografados (alguns planos parecem pinturas) que jamais soam ameaçadores, opressivos e decadentes como deveriam. O mesmo pode ser dito da violência, que deveria ser crua, gráfica, brutal e implacável, mas é tudo tão estilizado que seu impacto se esvazia. O filme acaba parecendo como uma das instalações artísticas da galeria de Susan, algo feito pra chocar e incomodar, mas que são colocadas em um ambiente tão perfeitamente clean que terminam desprovidas de impacto e soam ascéticas e frígidas.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Crítica - Final Fantasy XV

Análise Final Fantasy XV


Review Final Fantasy XV
Vou ser direto: desde os Final Fantasy do PSOne (o VII, o VIII e o IX) que um capítulo numerado da franquia (não coloco na conta spin-offs como o recente World of Final Fantasy) não me envolvia tanto quanto este Final Fantasy XV. Pode não estar no padrão de excelência dos melhores exemplares da série (como o quarto, o sexto e o sétimo) e tem lá sua parcela de problemas, mas consegue captar o espírito clássico desses games ao mesmo tempo que adiciona uma série de novos elementos e influências dos RPGs ocidentais (que ultimamente vem recebendo mais atenção e elogios que os JRPGs) sendo o "Final Fantasy para fãs e novatos" que a Square-Enix anuncia ao início do jogo.

Os Quatro Guerreiros da Luz


A trama se passa no mundo de Eos e acompanha Noctis, príncipe do reino de Lucis. Ele deixa a capital do reino acompanhado de seus três amigos e guardiões Gladiolus, Ignis e Prompto, em direção ao reino de Altissia para se casar com sua prometida, Lady Lunafreya. O casamento entre eles foi arranjado por seu pai, o rei Regis, como uma tentativa de gerar um cessar-fogo entre Lucis e o império de Niflheim. Durante o trajeto, Noctis e seus amigos descobrem que a capital de Lucis foi atacada, resultando na morte de Regis e na captura do místico cristal que gerava energia para a cidade. Com a morte de seu pai, Noctis precisa agora reunir o poder dos antigos reis e as bênçãos dos seis deuses de Eos para reclamar seu lugar ao trono, deter o avanço do império maligno e recuperar o cristal.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Crítica - Invasão Zumbi

Análise Invasão Zumbi


Review Invasão Zumbi
Os zumbis estão mais em voga do que nunca na cultura pop, marcando constante presença em filmes, séries de televisão, videogames, quadrinhos e uma platitude de outras plataformas. O coreano Invasão Zumbi poderia ser apenas mais um caça-níqueis a tentar faturar uns trocados em cima da popularidade dos mortos-vivos, mas funciona muito bem devido às metáforas sociais que constrói e pela eficiência dos momentos de tensão.

Na trama, o empresário workaholic Seok Woo (Yoo Gong) tenta se reconectar com a filha, a quem dá pouca (quase nenhuma) atenção, no dia de seu aniversário. Como presente sua filha pede que ele a leve para visitar a mãe, que mora no interior da Coreia do Sul.  Woo resolve ir de trem com sua filha e no caminho para a estação percebe que há uma série de confusões ocorrendo na cidade. No trem, percebemos que há uma epidemia zumbi se alastrando, mas quando os personagens se dão conta já é tarde demais, o trem está em movimento e eles precisam sobreviver aos vagões infestados de zumbis.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Reflexões Boêmias - Piores Filmes de 2016



Final de ano chegando e hora de fazer o balanço do passou. Com o cinema não é diferente e essa é a época de relembrar o que teve de bom ao longo do ano, mas também o que teve de muito ruim. Como prefiro dar primeiro as más notícias, começarei com a listas de piores. Então vamos às experiências mais dolorosas e insuportáveis que tive dentro de um cinema este ano. Logicamente, levei em conta apenas o que foi lançado comercialmente no Brasil ao longo de 2016, seja para cinema ou direto para home video (DVD, Blu-Ray, serviços de streaming como a Netflix). 



Uma história real que poderia render um filme relativamente interessante sobre amor familiar e aproveitar a vida ao máximo é reduzido a um relato mais hagiográfico do que biográfico. Com um maniqueísmo simplório, uma narrativa sem ritmo, que não só demora a engrenar como faz a narrativa parecer mais longa do que realmente é, e uma direção que parece mais preocupada em forçar seu público a chorar do que tecer uma trama interessante.

Trailer:

 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Crítica - Minha Mãe é Uma Peça 2

Análise Minha Mãe é Uma Peça 2


Review Minha Mãe é Uma Peça 2
O primeiro Minha Mãe é Uma Peça (2013) valia pelo carisma de Paulo Gustavo como a dramática e desbocada Dona Hermínia. Não era nada extraordinário, mas ao menos cumpria sua função de divertir. O mesmo, no entanto, não pode ser dito deste Minha Mãe é Uma Peça 2, que parece apenas repetir todas as piadas do primeiro, mas sem o mesmo brilho e frescor de antes.

A trama continua a acompanhar Hermínia (Paulo Gustavo), agora apresentadora de um programa de televisão sobre maternidade. Ela também precisa lidar com a visita de sua irmã Lúcia Helena (Patrycia Travassos) e com o fato de seus filhos, Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) quererem sair de casa.

Muito do humor vem da maneira histérica com a qual Hermínia lida com as situações e como isso é um exagero que de algum modo reflete o comportamento de muitas mães. A questão é o que o filme não tem muito mais a oferecer além de noventa minutos da personagem gritando o tempo todo, o que torna a experiência literalmente monótona (não há quebras, respiros, variações de tom, tempos mortos, nada) e cansa pelo constante e insistente barulho atacando nossos ouvidos.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Crítica - Rogue One: Uma História Star Wars

Crítica  Rogue One: Uma História Star Wars


Review  Rogue One: Uma História Star Wars
As histórias de Star Wars no cinema eram sempre baseadas em uma noção em simples de bem e mal, nas quais heróis e vilões eram claramente definidos. Este Rogue One: Uma História Star Wars tenta mostrar uma moral um pouco mais cinzenta, na qual o bem muitas vezes precisa se comprometer para chegar onde precisa. É algo que podia resultar em uma sisudez excessiva, mas acaba funcionando aqui pelo contexto que dá a este universo e como amplia nosso entendimento do que estava em jogo ao início da trilogia original.

A narrativa segue Jyn Erso (Felicity Jones), filha do cientista imperial Galen Erso (Madds Mikkelsen). Seu pai tentou fugir do Império quando viu a arma que planejavam construir, mas depois que sua esposa é morta, acaba cedendo à força do oficial Krennic (Ben Mendelsohn). Anos depois Jyn é chamada pela líder rebelde Mon Mothma (Genevieve O'Reilly) para que ela ajude a contatar o ex-rebelde e extremista Saw Gerrera (Forrest Whitaker), que aparentemente recebeu uma mensagem de Galen sobre as fragilidades da nova superarma imperial. Assim, Jyn parte para encontrar seu pai e as informações para derrotar o império com a ajuda do capitão Cassian Andor (Diego Luna) e o androide K-2SO (voz de Alan Tudyk).

Crítica - Batman: The Telltale Series

Análise Batman The Telltale Series


Review Batman The Telltale SeriesA desenvolvedora Telltale games ganhou evidência pelo modo como reformulou as narrativas contadas pelos jogos de aventura estilo point and click, ao deixar várias decisões à cargo do jogador, permitindo que ele escolhesse que tipo de personagem seu protagonista seria e fazendo-o sentir, em certa medida, o peso das consequências de suas decisões. A fórmula já tinha dado muito certo em The Walking Dead: The Game (cuja terceira temporada já está chegando), The Wolf Among Us, Tales From the Borderlands e volta a funcionar muito bem neste Batman: The Telltale Series.

Dividida em cinco episódios, a trama se passa no início da carreira de Bruce Wayne como vigilante e marca seu primeiro encontro com muitos de seus importantes inimigos como o Pinguim e a Mulher-Gato. A história toma algumas liberdades com o cânone do morcego, em especial quanto ao passado da família Wayne, mas tudo funciona em favor da narrativa e da visão que a desenvolvedora tenta trazer para o personagem. As novas informações sobre seus pais ajudam a dar mais peso e responsabilidade para o trabalho de Bruce/Batman em melhorar sua cidade.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Crítica - Dirk Gently's Holistic Detective Agency: 1ª Temporada

Análise Dirk Gently's Holistic Detective Agency


Review Dirk Gently's Holistic Detective Agency
A narrativa policial é um gênero costumeiramente calcado na razão e na objetividade. Detetives como Sherlock Holmes ou Hercule Poirot usam seus conhecimentos e inteligência para desvendar os mais intricados mistérios, sempre conseguindo explicar de modo racional crimes que por vezes parecem até sobrenaturais. O romancista Douglas Adams (criador de O Guia do Mochileiro das Galáxias) resolveu ir na contramão disso ao escrever o romance Agência de Investigações Holísticas Dirk Gently (e suas continuações). Adams, com seu típico humor seco, nonsense e uma pecha pelo absurdo, tecia uma trama policial na qual nada fazia o menor sentido, tudo acontecia por coincidência e o detetive protagonista resolvia tudo simplesmente por topar acidentalmente nas pistas ou fazendo palpites sortudos sem base em nenhum tipo de informação ou conhecimento. A série Dirk Gently's Holistic Detective Agency tenta trazer para a televisão esse universo absurdo criado por Adams e em geral é bem sucedida, ainda que não consiga chegar no nível de absurdo e nonsense do romancista britânico (para ser justo, praticamente ninguém conseguiria se igualar a Adams).

A trama começa quando o carregador de bagagens Todd (Elijah Wood) encontra um grupo de pessoas brutalmente assassinadas na cobertura do hotel no qual trabalha. A polícia não consegue encontrar nenhuma explicação para o ocorrido além da possibilidade de todos ali terem sido devorados por um tubarão-martelo e começam a suspeitar de Todd. Ele, por sua vez é visitado pelo esquisito e misterioso Dirk Gently (Samuel Barnett), que se apresenta como um "detetive holístico" e o chama para ser seu assistente e resolver o assassinato. A partir de então a dupla embarca em uma trama tresloucada pontuada por trocas de corpos, vampiros de emoções, viagens no tempo, experimentos da CIA e mais uma série de coisas que parecem não fazer sentido e se conectam por pura coincidência.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Crítica - South Park: 20ª Temporada

Análise South Park Temporada 20

Review South Park Temporada 20
South Park pegou todo mundo de surpresa na temporada anterior quando decidiu adotar uma estrutura mais serializada com arcos narrativos longos que se desdobravam ao longo dos episódios da temporada. Não eram apenas as piadas que iam sendo levadas de um episódio para outro, mas as tramas iam continuando construindo uma longa história ao longo dos dez episódios. Chegando nesta vigésima temporada, ficava a questão se os criadores Matt Stone e Trey Parker manteriam o formato ou se foi apenas uma experimentação. Ao que parece, eles gostaram das possibilidades que essa estrutura trazia, já que a vigésima temporada continua com aquilo que foi iniciado no ano anterior com arcos que se estendem ao longo da temporada. O texto a seguir pode conter alguns SPOILERS.

O ano vinte começa com a escola dos garotos Stan, Kyle, Cartman e Kenny sofrendo ataques em seu site de um troll de internet chamado Skankhunt42. O troll, cuja identidade é anônima, entra na página e constantemente dirige insultos às meninas da escola, o que leva a todos a desconfiarem de que é um dos meninos. Ao mesmo tempo há a aparição das Member Berries, frutas falantes que apelam para a nostalgia e se tornam uma febre entre os moradores da cidade, que parecem se afundar na nostalgia proporcionada por elas e se apegam cada vez mais ao passado.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Crítica - Westworld: 1ª Temporada



Quando Michael Crichton escreveu e dirigiu o filme Westworld: Onde Ninguém Tem Alma (1973) ele praticamente fez um rascunho dos principais temas de sua mais famosa obra: Jurassic Park, que virou filme em 1993 nas mãos de Steven Spielberg. A ideia de um enorme parque temático no qual o homem "brinca de Deus", perde o controle de sua criação (robôs em Westworld, dinossauros em Jurassic Park) e enfrenta terríveis consequências já tinha sido explorada à exaustão nesses dois filmes e nas múltiplas continuações de Jurassic Park. Assim sendo, quando a HBO anunciou que faria uma série de Westworld, tive dúvidas se ela teria a acrescentar ao que já foi dito antes.

Felizmente o showrunner Jonathan Nolan (responsável pela ótima e subestimada Person of Interest) não se limita a essas ideias e expande as propostas originalmente tratadas por Crichton para abordar alguns temas que lhe são caros, como a relação que temos com a ficção, o impacto da criação de uma inteligência artificial, o que nos torna humanos e o papel da memória na formação de nossa identidade (algo que ele já tinha trabalhado com o irmão Christopher quando desenvolveu o argumento de Amnésia). A partir deste ponto SPOILERS são inevitáveis.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Crítica - A Última Ressaca do Ano

Análise A Última Ressaca do Ano


Review A Última Ressaca do Ano
Sempre que chega o final de ano, sempre aparecem aqueles "filmes sazonais" querendo tirar vantagem do espírito natalino. Este A Última Ressaca do Ano, mesmo com sua roupagem de comédia anárquica, é exatamente isso: a bola da vez em uma indústria que já se acostumou a tentar arrancar alguns caraminguás do público natalino. Não chega a ser absolutamente terrível como algumas produções dos últimos anos (como o horrendo O Natal dos Coopers), mas segue aquele mesmo padrão de múltiplos personagens para agradar públicos diferentes, o que acarreta um desenvolvimento raso e um humor que em muitos casos repete preguiçosamente piadas manjadas.

A trama acompanha Clay (T.J Miller, o Weasel de Deadpool), um excêntrico diretor de uma filial de uma empresa de tecnologia. Ás vésperas do recesso de fim de ano ele recebe um ultimato de Carol (Jennifer Aniston), sua irmã e presidente da empresa: ou aumenta os lucros ou sua filial será fechada. Sua única chance é fechar um contrato com o executivo Walter Davis (Courtney B. Vance), mas para isso terão que convencê-lo de que não são uma empresa como qualquer outra. Para isso, Clay contará com a ajuda de seus funcionários Josh (Jason Bateman) e Tracey (Olivia Munn) para organizar uma grande festa natalina para a empresa, que obviamente sai do controle.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Crítica - Capitão Fantástico

Análise Capitão Fantástico


Review Capitão Fantástico
Capitão Fantástico parecia aquele filme indie padrão sobre uma família excêntrica e desajustada tentado lidar com as coisas banais do "mundo real", aprendendo não só a preencherem as lacunas que faltam, mas também a abraçar a própria esquisitice. Na verdade ele é exatamente isso, mas funciona pelo fato de evitar maniqueísmos fáceis e não glorificar demais seus personagens, apontando suas falhas e contradições e permitindo que eles lidem com isso.

Ben (Viggo Mortensen) é um homem que vive em uma casa na floresta com seus seis filhos. Ele os educa em casa, ensinando filosofia, política, física e todas as outras disciplinas acadêmicas, assim como também os ensina a caçar, rastrear e a se virarem na natureza. Quando sua esposa, que estava internada para tratar de seu distúrbio bipolar, comete suicídio, ele decide viajar para o enterro, mesmo contrariando o sogro (Frank Langella) que ameaça prendê-lo caso apareça, já que ele culpa o estilo de vida alternativo deles como responsável pelo que aconteceu com a filha.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Crítica - Magnífica 70: 2ª Temporada

Análise Magnífica 70


Resenha Magnífica 70
A primeira temporada de Magnífica 70, série brasileira produzida em parceria com o canal a cabo HBO, foi uma grata surpresa com seu ritmo ágil, personagens interessantes e uma trama que se passava nos bastidores de uma produtora de cinema na chamada "Boca do Lixo" na São Paulo dos anos setenta, período duro da ditadura militar brasileira. A temporada construía um tenso jogo de gato e rato a partir da jornada de Vicente (Marcos Winter), um censor que se envolvia com a equipe da Magnífica Cinematográfica e passava a ajudá-los na produção de filmes, ao mesmo tempo que ocultava isso de seus superiores e tentava convencê-los a aprovar os "filmes subversivos" que fazia por lá.

A segunda temporada começa um tempo depois do término da primeira. Apesar de estarem no controle da Magnífica, Vicente, Manolo (Adriano Garib) e os demais não estão exatamente no controle da situação. Sueli (Juliana Galdino), a chefe de Vicente na censura, o vem chantageando desde o fim da temporada anterior para que ele faça filmes com a ideologia do governo para poder lucrar com eles. Isso fere a integridade artística de Vicente que pensa em maneiras de se livrar de Sueli, ao mesmo tempo que começa a ser consumido pela culpa pela morte de um colega cineasta, que se suicidou depois que Vicente remontou seu filme, removendo o conteúdo político dele, para que fosse possível passar pela censura.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Crítica - World of Final Fantasy

Review World of Final Fantasy


Resenha World of Final Fantasy
Uma franquia que existe há mais de vinte anos, quinze games numerados, sem falar de mais de uma penca de derivados e spin-off, Final Fantasy é um dos nomes mais reconhecíveis no universo dos videogames. Este World of Final Fantasy tinha a missão de celebrar esse legado longevo, ao mesmo tempo em que deveria introduzir novatos às suas duas décadas de histórias, cenários fantásticos e personagens de cabelos espetados.

A trama segue os gêmeos Reynn e Lann que descobrem ter o poder de capturar Mirages (os monstros que habitam esse mundo) e fazê-los lutar ao seu lado. Eles precisam usar essas habilidades para salvar o mundo de Grymoire de um império maligno. É uma "trama padrão" de JRPGs, mas funciona pelo carisma dos gêmeos, sempre cheios de energia e constantemente trocando observações sagazes e fazendo trocadilhos bem-humorados, as interações entre eles constantemente colocavam um sorriso no meu rosto, mesmo quando eu não dava a mínima para a trama, e me mantiveram entretido durante as sessenta horas (mais ou menos) de campanha.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Crítica - Sully: O Herói do Rio Hudson



Fazer um filme baseado em uma tragédia (ou prevenção desta, como é o caso aqui) real é sempre uma faca de dois gumes. Por um lado o interesse que esse tipo de história desperta é, em certa medida, uma garantia de público. Por outro, sempre há o risco de se descambar para um maniqueísmo simplório ou de se pesar a mão no ufanismo e no drama (como o recente Horizonte Profundo: Desastre no Golfo). Felizmente o veterano Clint Eastwood evita esses problemas neste Sully: O Herói do Rio Hudson.

O filme acompanha o piloto Chesley "Sully" Sullemberger (Tom Hanks), que se tornou famoso por conseguir aterrissar um avião cheio de passageiros no Rio Hudson em Nova Iorque e salvar todos à bordo. Depois dos eventos, as ações de Sully e seu copiloto, Jeff Skiles (Aaron Eckhart), são postas em questão pelo comitê governamental responsável por investigar o caso, levantando a possibilidade de que suas ações tenham posto todos diante de um risco desnecessário.

O roteiro é esperto ao começar com Sully em seu hotel, já depois do acidente. O pouso forçado é um evento extremamente climático e impactante para ser mostrado já de início, quando o público ainda está "frio" seria desperdiçar a cena. Do mesmo modo, começar o filme no antes para culminar na aterrissagem provavelmente renderia algo pouco interessante e arrastado. O foco é menos na reconstituição da catástrofe e mais no modo como Sully lida com isso tudo. Do sentimento de sufocamento com a constante atenção (ou seria assédio?) midiático, ilustrado pelos constantes closes em seu rosto, e de sua inadequação ao status de herói, passando por suas dúvidas e inseguranças em relação às suas ações dentro do avião.

domingo, 27 de novembro de 2016

Crítica - 3%: Primeira Temporada



Review 3% (Três por cento) é prejudicado por um roteiro problemático
O anúncio de uma série brasileira feita pela Netflix foi recebido com grande expectativa. O serviço de streaming se tornou conhecido pelo alto nível das suas produções originais em ficção seriada e a ideia de um seriado nacional de ficção-científica cheio de subtextos políticos e sociais parecia algo ousado e à altura do padrão estabelecido pela Netflix. Não que estivéssemos esperando que este 3% já estreasse como algo no alto nível de série como House of Cards e Orange is the New Black, afinal os EUA tem uma tradição longa de séries, enquanto que a televisão brasileira, tradicionalmente mais focada na telenovela (e falo isso sem nenhum julgamento de valor acerca deste formato), ainda está começando a aprender a lidar com este tipo de produto. De qualquer modo, essa primeira temporada de 3% acaba tendo problemas demais em sua execução, o que impede que a experiência seja minimamente satisfatória.

A trama se passa em um futuro no qual a humanidade foi dividida em dois grupos, os cidadãos do continente são a maioria e vivem em extrema pobreza, largados à sua própria sorte, enquanto que uma minoria, os 3% do título, vive com toda riqueza em uma comunidade no oceano chamada Maralto. Quando completam 20 anos, os cidadãos do continente são submetidos a uma seleção chamada de "O Processo", na qual eles precisam superar uma série de provas complicadas para mostrarem que são dignos de integrarem a elite dos 3%. Aqueles que passarem irão para o Maralto, os que perdem ficam no continente.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Crítica - Jack Reacher: Sem Retorno

Análise Jack Reacher: Sem Retorno


Review Jack Reacher: Sem Retorno
Com o relativo sucesso do primeiro filme, Tom Cruise retorna como o ex-militar Jack Reacher neste Jack Reacher: Sem Retorno, uma continuação que, assim como o anterior, funciona como um passatempo descompromissado ainda que não ofereça nada de especial.

Na trama, Reacher (Tom Cruise) vai a Washington D.C visitar a major Turner (Cobie Smulders), mas descobre que ela foi presa, acusada de traição. Acreditando na inocência da amiga e que o exército está disposto a condená-la para enterrar de vez o caso, Reacher decide tirá-la da prisão e assim partem em uma viagem pelo país para provar sua inocência. Ao mesmo tempo, Reacher precisa lidar com a presença de Sam (Danika Yarosh), uma jovem que pode ser sua filha.

O filme é eficiente em criar a impressão de que os protagonistas estão acuados e que há um perigo real sobre eles. Isso não acontecia no primeiro, quando Reacher parecia sempre estar à frente de seus oponentes ao ponto de nada que eles fizessem soava como uma ameaça. Há a constante sensação de que eles estão isolados, sem ninguém para confiar exceto uns nos outros e a única arma que possuem é a própria astúcia. Inclusive cria situações bacanas nas quais as habilidades de Reacher em improvisar e investigar são constantemente exploradas. Além disso os combates refletem a natureza implacável e direta do protagonista que sempre se movimenta para causar o máximo de dano possível em seus inimigos e são beneficiados pelo fato de Cruise fazer a maioria de suas cenas de ação.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Crítica - A Chegada

Análise A Chegada


Resenha A Chegada
Não vai ser fácil ter que discorrer sobre este A Chegada de Denis Villenueve (responsável por Os Suspeitos e Sicario: Terra de Ninguém). Não digo isso apenas pela complexidade das ideias e conceitos que o filme tenta tratar, mas pelo impacto emocional que ele teve em mim. Tentar construir uma análise ponderada quando há um componente afetivo tão marcante ligado a um filme é bastante complicado.

A trama segue Louise (Amy Adams) uma brilhante linguista que é chamada pelo exército dos Estados Unidos para colaborar na tentativa de estabelecer contato com uma nave alienígena que aterrissou no interior do país. Ao lado dela está o cientista Ian (Jeremy Renner) e ambos precisam correr contra o tempo para entender o que querem os visitantes, já que naves semelhantes pousaram em outros lugares do mundo e outros países temem se tratar de uma invasão.

O filme acerta no modo como constrói de maneira econômica e direta a sensação de algo em escala global e o impacto que um evento como esse teria no planeta. Através de breves matérias jornalísticas ou conversas telefônicas dos membros da base em Louise passa a viver vamos percebendo como aquilo impacta a política, economia, o cotidiano e até as instituições religiosas. Tudo de maneira simples, mas bastante crível e imagino que coisas semelhantes às do filme se repetiriam se algo assim acontecesse em nosso mundo.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Crítica - Elis

Análise Crítica - Elis


Review - Elis
Faz algum tempo que o cinema brasileiro descobriu nas cinebiografias de músicos um grande filão comercial. Além do interesse do público em saber mais sobre a vida desses artistas, há também o próprio apelo de suas músicas para engajar e emocionar o espectador. Elis é o mais recente dessa leva de cinebiografias e mesmo seguindo uma estrutura bem tradicional a este tipo de filme, funciona graças ao talento de Andreia Horta com a personagem título, além da força da trajetória da cantora na música brasileira.

A trama segue Elis Regina (Andreia Horta), de sua chegada ao Rio de Janeiro até sua trágica morte por overdose (e isso não é spoiler pessoal). Ao longo da trama vemos algumas de suas parcerias mais marcantes como Jair Rodrigues (Ícaro Silva) e também seus relacionamentos com Ronaldo Bôscoli (Gustavo Machado) e Cesar Camargo Mariano (Caco Ciocler).

Assim como aconteceu em outras cinebiografias como Tim Maia (2015) ou Gonzaga: De Pai Para Filho (2013), o filme encontra alguns problemas ao abarcar um período tão grande na vida de seu biografado. Muita coisa que recebe destaque em dado momento é completamente esquecida no seguinte sem muita explicação. Um exemplo é o programa de Elis e Jair Rodrigues. Uma cena mostra o sucesso deles, a seguinte já diz que eles estão perdendo terreno para a Jovem Guarda, logo depois o Bôscoli e o Miele (Lúcio Mauro Filho) são trazidos para revitalizar o programa, mas assim que Elis e Bôscoli se envolvem romanticamente, o programa desaparece do filme por completo. Em muitos momentos também não há a sensação clara de quanto tempo passou entre uma cena e outra. Por vezes temos a impressão de um salto temporal grande, mas os diálogos se referem a eventos de cenas que ficaram para trás a um tempo considerável quase como se fossem recentes, o que  deixa a impressão de uma temporalidade bagunçada.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Crítica - American Horror Story: Roanoke

Análise American Horror Story: Roanoke


Review American Horror Story: Roanoke
O tema da sexta temporada de American Horror Story foi um segredo mantido a sete chaves até a sua estreia. Imagens dos sets vazadas na internet já indicavam a possibilidade da colônia perdida de Roanoke ser um elemento proeminente da nova temporada, mas esse nem foi a maior surpresa da estreia da nova temporada. O que realmente pegou todo mundo desprevenido foi o formato de "falso documentário" adotado no episódio de estreia. Avisamos que alguns SPOILERS da temporada são inevitáveis a partir desse ponto.

A temporada começa com um "falso documentário" no qual o casal Matt (André Holland) e Shelby (Lily Rabe) narra uma série de eventos tenebrosos que ocorreram em sua propriedade, no interior da Carolina do Norte, na qual fantasmas dos colonos de Roanoke vagavam e matavam que quer que se aproximasse. Entre os depoimentos vemos algumas dramatizações dos eventos contados, funcionando como flashbacks que mostram como Matt (Cuba Gooding Jr) e Shelby (Sarah Paulson) sobreviveram ao tormento.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Crítica - A Luta do Século

Análise Crítica - A Luta do Século


Review - A Luta do Século
Para quem é da Bahia ou de Pernambuco e acompanha o universo esportivo é difícil não conhecer a rivalidade entre os boxeadores Reginaldo Holyfield (baiano) e Luciano Todo Duro (pernambucano), que estende há mais de duas décadas. Mesmo longe do auge de suas formas físicas eles continuam a alimentar essa rivalidade e se enfrentarem nos ringues. O documentário A Luta do Século, tenta recuperar essa história de rivalidade esportiva, ao mesmo tempo que pensa no modo como nos relacionamos com nossos ídolos.

O documentário começa narrando a ascensão dos dois lutadores e a origem da rivalidade, passando pelos problemas pessoais que levaram suas carreiras a ficarem estagnadas ao ponto que explorar a rivalidade era a única cartada que tinham para continuarem lutando e ganhando a vida com o boxe. Inicialmente parece mais uma grande reportagem saída de um programa esportivo do que um documentário. Mesmo quando o filme sai do passado e se move para o presente, mostrando como vivem agora os atletas, ainda parece um daqueles quadros de "por onde andam?" de programas de esporte. A narrativa só ganha corpo quando Raimundão Ravengar, traficante baiano e ex-empresário dos dois, sai da cadeia em liberdade condicional e sugere que os dois marquem uma nova luta.

Vencedores do XII Panorama Internacional Coisa de Cinema


O XII Panorama Internacional Coisa de Cinema terminou nesta quarta-feira, 16 de novembro. Além da sessão de encerramento com a exibição do documentário A Luta do Século, de Sérgio Machado, que acompanha a história de rivalidade dos boxeadores Reginaldo Holyfield e Luciano Todo Duro, houve também a entrega dos prêmios aos filmes que participavam das diferentes mostras competitivas. O maior premiado da noite foi o documentário Jonas e o Circo Sem Lona que recebeu três prêmios mesmo ser levar a premiação do Júri Oficial. Confiram abaixo a lista de vencedores.

Crítica - Jonas e o Circo Sem Lona

Análise Jonas e o Circo Sem Lona


Review Jonas e o Circo Sem Lona
Durante a infância quem nunca se imaginou sendo um astronauta, caubói ou um trapezista de circo? Quem, quando criança, nunca imaginou poder viver uma vida aventurosa e sem grandes preocupações fazendo apenas o que gosta? O documentário Jonas e o Circo Sem Lona nos leva a um personagem que pensa exatamente assim, o garoto Jonas, que tem o sonho de ser um artista de circo e até monta um circo improvisado no quintal de sua mãe com a ajuda de amigos de escola.

Jonas é um garoto que mora na região metropolitana de Salvador, sua mãe e sua avó foram artistas de circo e um tio seu é dono de um e viaja o país fazendo espetáculos. O jovem também deseja se juntar ao circo, mas sua mãe, preocupada com seu futuro, quer ele na escola, mas permite que o garoto monte um circo no quintal e faça espetáculos ao lado de amigos em suas horas vagas.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Crítica - Animais Fantásticos e Onde Habitam

Análise Animais Fantásticos e Onde Habitam


Review Animais Fantásticos e Onde HabitamPor mais que tenha gostado dos filmes da franquia Harry Potter, quando soube do anúncio deste spin-off, Animais Fantásticos e Onde Habitam, minha reação foi "precisa mesmo?". A preocupação aumentou quando a Warner Bros anunciou a intenção de fazer dele uma trilogia e, depois ainda expandiu seus planos para um total de cinco filmes. A verdade é que mesmo com toda a desconfiança, o filme é um retorno encantador e divertido, ainda que com problemas, ao universo mágico da franquia.

A trama se passa nos anos de 1920 e leva o bruxo Newt Scamander (Eddie Redmayne) para Nova Iorque quando seus animais fogem e ele precisa correr pela cidade para encontrá-los e guardá-los em sua maleta. É também a história do auror Percival Graves (Colin Farell) que trabalha para a versão estadunidense do Ministério da Magia e investiga uma família de pessoas não mágicas que odeia o universo da magia.

De cara chama atenção o contraste entre as duas tramas principais do filme. De um lado temos Newt e seus amigos em uma aventura leve e pueril em busca de seres fantásticos, de outro uma trama sombria com morte, traumas, violência infantil e infâncias despedaçadas. Os filmes de Harry Potter sempre souberam equilibrar leveza e seriedade, mas lá eram os mesmos protagonistas que passavam por entre essas duas situações e tudo parecia orgânico. Aqui, com duas tramas em tons opostos correndo em paralelo e demorando para se encontrarem, fica a sensação de que pegaram ideias para dois filmes distintos e colocaram juntas para tentar preencher a minutagem necessária para um longa metragem. É esquisito e contrastante ver o Newt fazendo uma divertida dança de acasalamento para capturar uma criatura e logo em seguida vermos Credence (Ezra Miller) sofrer uma brutal violência psicológica.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Crítica - Um Estado de Liberdade



Muitas histórias já foram contadas sobre a Guerra Civil americana e os conflitos causados pela tentativa do sul do país em se separar do resto da União. Nesse sentido Um Estado de Liberdade conseguia se destacar ao resgatar uma história pouco conhecida de dissidência dentro do movimento de secessão que mostrava como mesmo no racista sul haviam pessoas progressistas. A questão é que mesmo com suas boas intenções, o filme tem muitos problemas que o impedem de ter o impacto que deveria.
                                 
A trama segue a história real de Newt Knight (Matthew McConaughey) um soldado do sul que resolve desertar depois de presenciar inúmeras mortes e se dar conta de que estão lutando apenas para que os ricos fazendeiros donos de escravos possam manter seus privilégios. Voltando à sua cidade natal, Newt percebe como a população é constantemente oprimida e saqueada pelos militares, que cobram abusivos "impostos de guerra". Cansado da exploração, ele decide resistir aos militares e acaba criando uma comunidade dentro dos pântanos composta por outros cidadãos descontentes e escravos fugidos.

Um dos principais problemas do filme é o ritmo. A trama demora a engrenar e se perde em vários segmentos episódicos de Newt ajudando pequenos camponeses. Só com quase uma hora de projeção é que finalmente se desenha o conflito principal que é a formação de sua "comunidade alternativa". A partir daí imaginei que a narrativa finalmente tomaria corpo, mas estava enganado, ela se torna ainda mais fragmentada e episódica. A cada uma ou duas cenas há um salto de anos (o filme inteiro se passa ao longo de uns quinze anos) sem que haja a devida contextualização para situar o espectador no que aconteceu nesse tempo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Crítica - Sob Pressão

Análise - Sob Pressão


Review Sob Pressão
Tenho que admitir que não tive muitas expectativas quando entrei para assistir a este Sob Pressão, já que parecia não ter muito a acrescentar ao subgênero do drama médico, tão vigorosamente explorado por séries de televisão estadunidenses, além de situá-lo no contexto brasileiro, em especial o de comunidades periféricas. A verdade é que embora não chegue a ser inovador, o filme funciona bem graças a sua habilidade em manejar a tensão e seu grupo de personagens que constantemente se encontra diante de dilemas e escolhas dificílimas.

O filme segue o médico Evandro (Júlio Andrade), chefe da unidade de cirurgia de um hospital situado em um morro carioca. Evandro está a mais de um dia trabalhando sem parar e quando pensa que terá algum momento de descanso, ambulâncias chegam ao hospital trazendo um policial e um traficante feridos em um recente tiroteio. Além de ser pressionado pela polícia para cuidar primeiro do policial, embora seu estado seja menos grave que o do traficante, ele também precisa lidar com outros feridos que chegam ao hospital e tomar decisões em relação ao uso dos recursos limitados (materiais e humanos) que tem ao seu dispor.