terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Crítica – Ajuste de Contas

Um antigo campeão de boxe há muito relegado ao ostracismo tem sua história revisitada por um programa de televisão e a partir daí cresce novamente o interesse público pelo velho boxeador e mais uma vez surge a oportunidade de provar seu valor no ringue. Esse era o enredo de Rocky Balboa (2006), retorno de Sylvester Stallone ao seu papel mais famoso, mas basta acrescentar um segundo boxeador de idade avançada à premissa que temos a trama básica deste Ajuste de Contas, que novamente coloca Stallone como um velho boxeador que trinta anos depois resolve disputar uma nova luta com um antigo rival, interpretado por Robert De Niro.
Na trama Henry “Razor” Sharp (Stallone) e Billy “The Kid” McDonnen (De Niro) são ex-campeões de boxe que se enfrentaram duas vezes pelo título com uma vitória para cada lado. A terceira e decisiva luta que desempataria a disputa acabou não acontecendo devido à uma súbita decisão de Razor de se aposentar do esporte, mas a rivalidade e o ressentimento permaneceu viva entre os dois por mais de trinta anos. Quando um especial de televisão revisita a carreira dos dois um promoter oportunista (Kevin Hart) decide tentar concretizar a derradeira luta entre eles, acreditando que isto o tornará rico.
Sendo bem sincero, não é apenas a premissa que o filme pega emprestado do ótimo Rocky Balboa, mas também toda a sua temática de mostrar que a chamada terceira idade é muito mais ativa e disposta do que era a tempos atrás e que envelhecer não é algo necessariamente ruim. Temos também toda a ideia desses antigos campeões como pessoas presas ao passado que ainda sofrem com perdas e traumas antigos e que tentam de algum modo reconstruir suas vidas. Tudo isto está presente aqui, mas sem a competência, sensibilidade e equilíbrio com que Rocky Balboa tratava tudo isto.

A verdade é que este Ajuste de Contas parece se assumir bem mais uma comédia despretensiosa do que exibir qualquer interesse de estudar e compreender as duas figuras que nos apresenta. A comédia acaba funcionando pelo trabalho dos dois protagonistas cujos personagens são basicamente paródias de suas próprias personas artísticas e o mesmo ocorre com o técnico idoso interpretado por Alan Arkin que continua a exibir a mesma personalidade ranzinza e mau humorada desde que voltou aos holofotes com Pequena Miss Sunshine (2006). As interações entre eles se dão de modo bastante orgânico e natural, com um tirando sarro do outro a todo momento, nada que vai te fazer rolar de rir, mas suficientemente bem escrito e atuado para nos deixar minimamente entretidos.
O mesmo, no entanto, não pode ser dito dos componentes mais dramáticos do longa, que envolvem paixões perdidas e filhos recém descobertos, tudo se desenrolando da forma mais formulaica, clichê e previsível, tornando fácil antever com muito tempo cada conflito e reviravolta da trama. A esperada luta entre os dois também é bastante mecânica e sem brilho, falhando em empolgar e emocionar como deveria.
Ajuste de Contas acaba sendo uma comédia dramática bastante genérica e derivativa, que consegue se sobressair apenas pelo carisma de seus atores, mas não oferece nada de especial.
Nota: 5/10
Obs: Há uma divertida cena no meio dos créditos envolvendo dois famosos boxeadores.

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