quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Crítica – Confissões de Adolescente

A adolescência é sempre um período de mudanças e descobertas e elas vêm sempre acompanhadas de medos, inseguranças e conflitos. Para o bem ou para mal é sempre um momento marcante de nossas vidas e este Confissões de Adolescente, adaptação da famosa série de tv dos anos 90, tenta trabalhar como essas experiências nos moldam e nos modificam.
O filme acompanha uma série de personagens, mas é focado nas irmãs Tina (Sophia Abrahão), Bianca (Isabella Camero), Alice (Malu Rodrigues) e Carina (Clara Tiezzi), cujo pai (Cássio Gabus Mendes) revela que não tem mais condição de pagar o aluguel do condomínio em que vivem e precisarão se mudar.
Por acompanhar muitos personagens simultaneamente, o filme acaba tendo um ritmo demasiadamente fragmentado e episódico, já que os arcos de cada personagem são, em geral, relativamente simples, mas são constantemente interrompidos enquanto pulamos de um personagem para outro. Isso também torna o filme um pouco irregular já que alguns personagens acabam se revelando muito mais satisfatórios do que outros.
O destaque fica por conta do arco envolvendo Juliana (Olivia Torres) e Bianca, uma vez que as duas lidam com sentimentos de inadequação, isolamento e bullying e o filme, bem como o trabalho das atrizes, trabalha com cuidado e sensibilidade essas questões, se beneficiando da ótima performance das duas. Chama atenção também a subtrama envolvendo dois garotos tentando imitar o vampiro Edward Cullen da saga Crepúsculo para tentar impressionar Carina. A dupla é responsável pelos momentos mais engraçados do filme ao tentar imitar falas e situações envolvendo o vampiro brilhoso, na verdade creio que os dois atores são melhores “Edwards” que o próprio Robert Pattinson.

O restante das tramas aborda eventos como primeiro beijo, primeira transa e primeiro emprego e embora tudo transcorra de modo previsível e até formulaico, o carisma do jovem elenco acaba impedindo que tudo se torne aborrecido. Apesar disso, ainda temos alguns pequenos problemas de coerência, como na cena em Tina diz que a melhor formar de terminar uma relação é olhar nos olhos da pessoa e dizer que acabou, mas ela age de forma diametralmente oposta ao juntar suas coisas e se esgueirar de fininho.
Há também o modo pudico como o filme lida com alguns temas como relacionamentos homossexuais, já que nunca sequer vemos ou ouvimos a namorada de uma personagem lésbica, algo curioso, já que o sexo e a nudez heterossexual são mostrados sem problema. É problemático também o modo leviano com que trata a questão da gravidez na adolescência e a maneira maniqueísta com que aborda o delicado tema do aborto, impondo forçosamente uma determinada opinião ao invés de oferecer esclarecimentos, troca de opiniões e instrumentos através dos quais o público seja capaz de formar sua própria opinião a respeito do assunto, basta uma frase rápida de uma personagem e pronto, assunto encerrado, melhor teria sido, então, nem tocar no tópico.
Apesar de alguns problemas, Confissões de Adolescente é um filme bastante apreciável e divertido, sendo difícil não relacionar muitas situações apresentadas com a nossa própria adolescência, mas peca pelo tratamento pudico e leviano de muitas outras questões ligadas a esse período tão difícil.
Nota: 6/10

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