sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Crítica - Detona Ralph

Faz um bom tempo que a indústria americana tenta emplacar nos cinemas os grandes sucessos da indústria dos videogames, mas os resultados costumam sempre ficar aquém do esperado. Claro, temos a franquia Resident Evil que já está no seu quinto filme, embora nenhum digno de nota. A ideia de fazer um filme sobre um game que não existe e, portanto, livre das amarras que envolvem adaptar um jogo já existente parecia bastante promissora e o resultado deste Detona Ralph é realmente bom.

O filme é encabeçado por Ralph, vilão do game oitentista Fix-It Felix (algo bem parecido com o Donkey Kong original), que está cansado de todo dia ser arremessado do alto de seu prédio e ficar sozinho em um lixão sendo ignorado pelo resto dos personagens de seu game. A trama é uma mistura de Toy Story com Uma Cilada Para Roger Rabbit. Do clássico da Pixar se revisita a ideia do que fazem os brinquedos, ou videogames nesse caso, quando não estamos por perto e do segundo a mistura de personagens de diferentes universos coexistindo e interagindo. Assim, na cena em Ralph está na sua terapia de grupo dos “Vilões Anônimos”, vemos ele lado a lado com personagens conhecidos dos videogames como Zangief, Dr. Eggman, Kano e um dos fantasmas do Pac-Man. É apenas uma pena que o filme se aproveite tão pouco de suas “participações especiais”, pois seria bastante interessante ver uma cena entre Sonic e Mario ou entre Ryu e Sub-Zero nos moldes das interações entre Patolino e Pato Donald ou entre Mickey e Pernalonga em Uma Cilada Para Roger Rabbit.

É muito bacana perceber o nível de cuidado que a Disney teve na construção de todo este universo. Os personagens de games mais antigos exibem movimentos duros e limitados tal qual aqueles dos games de 8 bits das primeiras gerações de aparelhos, bem como possuem efeitos sonoros no formato 8 bits e peles com texturas menos detalhadas. Por outro lado, personagens de games mais recentes como a Sargento Calhoun (parecidíssima com a Shepard da trilogia Mass Effect) possuem texturas mais complexas, denotando gráficos superiores.

Em sua busca por reconhecimento Ralph deixa seu jogo e tenta se tornar herói em outros games indo parar no jogo de tiro Hero’s Duty (algo semelhante a Halo) e no bonitinho game de corrida Sugar Rush (que lembra Mario Kart e similares), onde encontra na pequena Vanellope von Schweetz uma companheira, já que ela, por ser uma personagem com “bug”, é igualmente excluída por seus companheiros.

Ambos tentam ajudar um ao outro a resolver seus problemas, engajando-se em uma engraçada e comovente jornada de auto-aceitação onde cada um deve entender que possui um papel a desempenhar e que por menor ou mais desagradável que seja, eles tem importância e devem ser reconhecidos. O filme ganha pontos (sem trocadilhos) por passar sua mensagem de forma tenra e sincera, sem parecer uma “moral da história” jogada a esmo pelos realizadores, bem como pelo tratamento respeitoso e nostálgico ao universo dos videogames, algumas referências e personagens inclusive passarão batido para os mais novos. O resultado é uma aventura movimentada e divertida que fala da importância de valorizarmos quem somos.

Nota: 7/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário