sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Crítica – Frozen: Uma Aventura Congelante


Análise  Frozen: Uma Aventura Congelante


Review  Frozen: Uma Aventura CongelanteDepois de passar boa parte da última década dependendo da Pixar para produzir boas animações, a Disney parece ter reaprendido o “caminho das pedras” nos últimos anos com produções bacanas como Enrolados (2010) e Detona Ralph (2013) e com este Frozen: Uma Aventura Congelante consegue atingir o nível de seus clássicos mais recentes como A Bela e a Fera (1991), Aladdin (1992) e O Rei Leão (1994).
A história é baseada em uma das fábulas de Hans Christian Andersen e conta a história das irmãs Anna (Kristen Bell) e Elsa (Idina Menzel). Já na infância Elsa descobre poder manipular gelo, mas quando ela machuca sua irmã mais nova por acidente, seus pais a isolam do resto do mundo com medo que ela não consiga controlar seus poderes. Quando chega o dia de sua coroação, Elsa exibe seus poderes por acidente, deixando todos amedrontados e para não machucar seus súditos ela foge para longe, construindo para si um castelo de gelo nas montanhas, o que ela não sabe é que seus poderes deixaram o reino em um inverno perene. Assim, cabe a Anna conseguir chegar até sua torre de gelo e ajudar a irmã a reverter a situação, para tal ela conta com a ajuda do explorador Kristoff (Jonathan Groff) e do boneco de neve Olaf (Josh Gad).
O primeiro grande mérito do filme é conseguir equilibrar bem a aventura, o drama, o humor e os segmentos musicais. Temos algumas cenas de ação muito bem construídas como o momento em que Anna e Kristoff são perseguidos por lobos ou quando soldados invadem a torre de Elsa e ela é obrigada a se defender. Ao mesmo tempo, as canções são as melhores a aparecerem em um produto da Disney em muito tempo e certamente vão ficar na cabeça. As duas protagonistas são bem construídas com seus conflitos, virtudes e defeitos, além de passarem longe de serem somente princesas passivas que esperam algum príncipe encantando resgatá-las.

Nesse aspecto é interessante como o filme revisa algumas convenções típicas de contos de fada, como a famosa prova de amor verdadeiro que aqui acontece de forma diferente do tradicional beijo do príncipe. O longa continua a tendência da Disney (e também da Pixar) em transformar suas princesas em algo mais do que donzelas em perigo aguardando para serem salvas, como já aconteceu em A Princesa e o Sapo (2009), Enrolados (2010) e Valente (2012). Aqui, Elsa e Anna também não são damas indefesas a espera de um homem que as salve, são personagens independentes e capazes que conseguem resolver por conta própria seus problemas, tanto que são as duas juntas que derrotam o vilão.
Do mesmo modo, a fita também desfaz algumas noções demasiadamente românticas e idealizadas ao revisar a questão do amor à primeira vista e de como as princesas costumam (ou costumavam) se atirar nos braços do primeiro príncipe que aparece sem sequer conhecer direito o sujeito, algo ilustrado em uma interessante reviravolta envolvendo o príncipe Hans (Santino Fontana) que poucos serão capazes de antever.
Os personagens coadjuvantes ficam com boa parte dos momentos de humor, em especial o boneco de neve Olaf com sua atitude ingênua e sempre positiva. Além disso é uma figura trágica de certa maneira, já que seu principal sonho ir para um lugar quente e trazer de volta o verão ao reino, algo que provavelmente levará à sua destruição.
design de produção também é bastante competente em criar os ambientes do castelo, da torre de Elsa e das hostis paisagens frias, bem como todo o visual dos personagens. É interessante perceber, por exemplo, como o figurino de Elsa demonstra seu estado de espírito, inicialmente investindo em roupas fechadas e escuras, para depois se tornar o azul claro brilhoso quando ela passa a viver em sua torre. Outro acerto é também a neve em si já que as texturas e toda a física envolvendo a neve e suas partículas funciona de modo bastante realista.
O único problema em todo filme talvez seja a ausência de uma figura antagonista realmente interessante, já que vilão se revela somente no terço final da obra. Além disso a questão da passagem de tempo também é um pouco problemática, já que nem bem Elsa foge e tudo já se transforma em um inverno violento e a personagem se torna uma espécie de lenda urbana. Pelo modo como a ação transcorre tudo parece se desenvolver em alguns dias, mas os diálogos dos personagens dão a entender que muito tempo se passou.
Claro que nada disso tira o brilho de Frozen: Uma Aventura Congelante, um filme que consegue juntar de forma bastante competente elementos tradicionais e novos ao conto de fada, construindo uma fábula bela, divertida e encantadora.
Nota: 9/10

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