quarta-feira, 3 de julho de 2013

Crítica – Guerra Mundial Z



Durante muito tempo os filmes de zumbis foram relegados à produções de baixo orçamento (o que nunca impediu que obras sensacionais fossem feitas) e suas criaturas eram costumeiramente considerados como inferiores a outros monstros do cinema como vampiros, lobisomens ou fantasmas. De uns tempos para cá, entretanto, começamos a viver um literal surto de zumbis, com produções de grande orçamento e visibilidade em quadrinhos, televisão e, claro, cinema. Assim chegamos a Guerra Mundial Z (baseado no livro homônimo de Max Brooks), um blockbuster de quase duzentos milhões de dólares que definitivamente coloca os monstros devoradores de cérebro no mainstream cinematográfico.
A trama é centrada em Gerry (Brad Pitt), um ex-agente das forças de segurança da ONU que precisa voltar à ativa depois que uma praga zumbi se alastra pelo mundo. O filme não economiza nas cenas de destruição e já começa com um ataque massivo de zumbis ao centro de Nova Iorque. A direção de Marc Forster (007: Quantum of Solace)chama a atenção pela escala grandiosa que o filme dá ao apocalipse zumbi, abusando de tomadas abertas que mostram as multidões de criaturas avançando contra a população.
Não há muito sangue, é verdade, mas essa deficiência é compensada por um clima de tensão bastante eficiente e alguns sustos que certamente farão o público pular da cadeira. Boa parte das cenas de ação também são bastante criativas no uso dos zumbis, que se empilham e se jogam sobre obstáculos formando verdadeiras ondas de mortos-vivos, essa inventividade contribui para dar frescor à narrativa.

Entretanto, é preciso avisar que este não é um típico filme de zumbis, na verdade funciona muito mais como um thriller de mistério e investigação que usa a praga de zumbis como pano de fundo. O foco do filme não é exatamente a sobrevivência, mas em Gerry viajando ao redor do mundo para tentar entender como tudo aconteceu e encontrar uma cura. O filme então dá uma dimensão global à praga e nos mostra como diferentes nações lidaram com o acontecido, a solução da Coreia do Norte de mandar arrancar todos os dentes de toda a população, por exemplo, é igualmente cômica e brutal.
Uma pena, portanto, que em seu terço final a obra dê uma virada rumo à idiotice, começando pelo modo incrivelmente forçado e inverossímil como Gerry e a soldado Segen (Daniella Kertesz) sobrevivem a um grave acidente aéreo. Além disso, todo o clímax dentro de um laboratório da OMS investe em tentativas patéticas de criar suspense e sustos gratuitos, com uma personagem disparando uma arma de fogo contra um zumbi solitário, mesmo sabendo que chamaria a atenção de todos os outros e tendo a mão um bastão de baseball que a permitiria despachar a criatura de modo mais silencioso.
Algumas situações chegam a beirar o humor involuntário, em especial o cientista que insiste em esbarrar em tudo que encontra e um zumbi cujo bater de dentes certamente provocará mais risos do que temores. Não posso também deixar de falar da completa falta de noção do filme em inserir uma publicidade no meio daquilo que deveria ser o ápice da tensão ao colocar Gerry, perseguido por zumbis e com a vida em risco, a fazer uma parada para tomar refrigerante (e ainda usar as latas para atrasar as criaturas).
É lamentável que um filme que se desenvolvia tão bem receber um final tão frouxo e mal elaborado. Isso, entretanto, não apaga todos os méritos e acertos da obra, que consegue trazer um novo olhar e uma nova escala a um gênero tão longevo.
Nota: 6/10

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