O primeiro Muita Calma Nessa Hora (2010) foi uma grata surpresa em meio ao grande volume de comédias horrendas que a Globo Filmes começou a despejar nos cinemas nos últimos anos. Não era nenhuma obra prima, nem tinha uma trama muito elaborada, mas pelo menos era uma comédia despretensiosa, redondinha, bem realizada e conseguia divertir e fazer rir sem sentir que minha inteligência estivesse sendo sugada do meu cérebro. Assim, temi que esta continuação não fosse tão eficiente quanto o original e embora não tenha o clima de leveza e despretensão do anterior e exiba alguns problemas, ainda é uma comédia satisfatória.
A trama se passa três anos depois do original e coloca as amigas Tita (Andreia Horta), Estrela (Débora Lamm), Mari (Gianne Albertoni) e Aninha (Fernanda Souza) se reencontrando no Rio de Janeiro para um festival de música e a partir daí começam as famosas “muitas confusões”. O problema nem é a ausência de uma trama em si, mas que não há nenhuma preocupação em estabelecer qualquer tipo de conflito ou arco dramático para boa parte das personagens que simplesmente passeiam pelo filme sem, em geral, passar por qualquer transformação ou aprendizado.
Apenas Tita e Estrela apresentam alguma tentativa de possuir um arco dramático e os dois são bastante insatisfatórios. Tita enfrenta o desafio de tentar de tentar viver profissionalmente da fotografia enquanto que seus pais insistem que ela se contente com um emprego mais normal. A questão é que o filme termina sem resolver isso, vemos Tita fotografando as amigas em uma festa na cena final, mas em nenhum momento isso nos dá a sensação de que ela, enfim se tornou uma fotógrafa profissional. Já Estrela tem um arco envolvendo a herança de sua vó e as dívidas de seu pai Pablo (Nelson Freitas) a um grupo de mafiosos argentinos. Este arco funcionaria para construir algum tipo de clímax ao filme, mas falha em gerar tensão ou drama, principalmente porque os dois gangsteres jamais soam como uma ameaça crível, em especial depois do tolo “recado” à Pablo que tenta parodiar O Poderoso Chefão (1972).
Felizmente, o filme se sai melhor em seus esforços de gerar risos ao criar situações que usam ligações de causa e efeito para gerar consequências absurdas e sem noção, se beneficiando da química entre as quatro protagonistas além do talento de alguns coadjuvantes, em especial Marcelo Adnet que retorna ao papel de mauricinho paulista que interpretou no primeiro filme e do comediante Rafael Infante interpretando um músico claramente inspirado em Marcelo Camelo da banda Los Hermanos.
Alguns personagens, no entanto, não se integram tão bem ao restante do filme. As piadas em cima do chicleteiro interpretado por Lúcio Mauro Filho soam datadas e despropositadas uma vez que Bell Marques deixou a banda e ainda não se sabe o rumo que ela irá tomar. Assim sendo, é bem esquisito vê-lo diante do palco gritando o nome do ex-vocalista durante um show do Chiclete com Banana enquanto ouvimos a voz do próprio Bell cantando, melhor teria sido suprimir o personagem do filme ou reescrever e refilmar suas cenas. Igualmente insatisfatório é o cantor interpretado por Bruno Mazzeo que deveria ser uma paródia dos intérpretes do sertanejo universitário, mas acaba sendo uma caricatura vazia e genérica do “caipira”. O ator usa um sotaque tão pesado e forçado que mais parece que ele está tentando interpretar o Mazzaropi do que efetivamente fazendo qualquer esforço construir uma sátira de cantores como Gustavo Lima ou Luan Santana e já que sua performance rasteira, preguiçosa e pouco inspirada consiste basicamente em esbravejar de forma histérica com seu sotaque falso, cada segundo seu em cena torna-se um exercício de paciência.
Muita Calma Nessa Hora 2 acaba sendo minimamente engraçado e é mais eficiente do que muitas das comédias recentes desse tacanho padrão Globo Filmes, mas ainda assim é bom ir sem grandes expectativas.
Nota: 5/10
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