quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Crítica – O Ataque

De cara é inevitável a comparação entre este O Ataque e o recente Invasão à Casa Branca que estreou no início do ano, já que ambos tratam de um ataque terrorista ao lar do presidente americano, além de uma série de outras similaridades. Entretanto, O Ataque adota uma postura muito mais despretensiosa que o filme estrelado por Gerard Butler, encarando de frente o fato de se tratar de uma bobagem.
 
A trama é praticamente uma mistura de Duro de Matar (1988) com Força Aérea Um (1997). O longa é centrado no policial do Capitólio e aspirante a membro do serviço secreto John Cale (Channing Tatum) tentando se reaproximar da filha levando-a a um passeio pela Casa Branca. Durante a visita o local é atacado por terroristas que eliminam a segurança do presidente Sawyer (Jamie Foxx), cabendo a John a responsabilidade de mantê-lo a salvo.
 
Tudo isso poderia descambar para um filme de ação formulaico e previsível (e em parte ele é), mas o fato do filme não se levar a sério acaba tornando tudo mais divertido. Os personagens desferem frases de efeito e diálogos canastrões quase que na mesma proporção que desferem tiros. Tatum e Foxx contribuem para dar carisma a personagens que seriam vazios e clichês, apresentando uma boa, divertida e natural dinâmica, lembrando os bons exemplares do cinema de ação das décadas de 80 e 90. O problema é quando o filme tentar ser dramático, recorrendo a diálogos piegas e aborrecidos que servem mais para aborrecer do que para desenvolver os personagens, além disso algumas falas beiram o ufanismo tolo e exagerado dos piores momentos de Michael Bay.

Outra decisão questionável é a de tentar criar um mistério desnecessário sobre verdadeira identidade e planos do vilão, em um filme que não se leva tão a sério a ideia da ameaça vir de um grupo de ex-militares supremacistas brancos não teria problema algum. Apesar disso o filme insiste em colocar uma reviravolta aos quarenta e cinco do segundo tempo, quando já estamos crentes que o filme vai acabar, numa tentativa tola de gerar surpresa ao revelar o verdadeiro vilão, mas sua motivação é tão tola e seus métodos tão sem sentido que era melhor ficar com a opção básica citada acima.
 
As sequências de ação são bem realizadas e apresentam a mesma tendência ao absurdo e exagero autoconsciente que o resto do filme e, por isso, acabam funcionando, apesar de abusa de uma computação gráfica bastante irregular que denuncia sua própria artificialidade.
 
O Ataque pode, por vezes, soar derivativo, mas é tão autoconsciente em ser meramente uma bobagem divertida e descartável que acaba funcionando se visto sem maiores pretensões.
 
Nota: 5/10

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