Depois
do excelente Divertida Mente (2015)
parecia que a Pixar finalmente tinha conseguido retornar ao alta padrão de
qualidade que nos acostumamos a esperar de seus trabalhos. Este O Bom Dinossauro, no entanto, não faz
jus à excelência que tornou famoso o estúdio, com uma trama derivativa que
constantemente nos lembra de outras (e melhores) animações. Não chega a ser
ruim, mas está longe da inventividade que a Pixar trouxe aos seus melhores
trabalhos.
Histórias
sobre um garoto e seu animal/criatura de estimação vivendo grandes aventuras e
aprendendo valiosas lições de vida temos aos montes, tanto no cinema animado
quanto em live action. A virada que O Bom Dinossauro faz a essa fórmula é
que aqui a criatura é o animalesco garoto-das-cavernas Spot (que basicamente se
comporta como um cão) e o garoto é o tímido dinossauro Arlo que se perdeu da
família depois de uma tempestade. Isso acontece porque a história se passa em
uma espécie de realidade paralela na qual os dinossauros não foram extintos por
um meteoro e se mantiveram vivos até o surgimento dos humanos.
O
mundo construído aqui é extremamente belo e rico em detalhes e o filme explora
a qualidade de seus ambientes em amplas tomadas panorâmicas. Tudo é bem
detalhado, das texturas das rochas, árvores e água, às escamas dos dinossauros.
Sem deixar de mencionar, claro, a expressividade dos personagens (embora o design das criaturas e de Spot lembre bastante Os Croods).
Lamentavelmente nem todo esse esmero técnico consegue tornar Arlo um personagem
minimamente interessante, já que tudo a seu respeito parece se apoiar em
clichês que já foram exaustivamente explorados, sem lhe dar um pingo de
identidade ou personalidade próprias. Com dez minutos de filme conseguimos
prever exatamente o que irá acontecer com ele.
Como
já mencionei, é uma típica história de um jovem inexperiente e seu mascote, na
qual ambos aprendem um com o outro enquanto superam dificuldades. Em meio a
isso a trama toca em temas como lidar com o medos, a importância da família e
que cada um, por menor que pareça, tem uma marca a deixar no mundo. São temas
importantes para o público infantil, que está em formação, mas que já foram
repetidos à exaustão por produções similares e o filme tem pouco a acrescentar
a essas ideias.
Apesar
disso, a animação consegue dosar bem drama, comédia e aventura. Criando algumas
gags bem divertidas, como a da
criatura voadora que pede ajuda de Arlo para salvar um animal, apenas para
devorá-lo em seguida, e a cena em que os dois protagonistas ingerem uma fruta
alucinógena é provavelmente o momento mais lisérgico em uma animação infantil
desde os elefantes rosa de Dumbo
(1941). Temos também alguns momentos bem tensos, em especial quando Arlo é
atacado no alto de uma montanha. Acerta também em alguns momentos dramáticos,
em especial a última cena entre Arlo e Spot, na qual é difícil não se
emocionar. As cenas de Arlo com o pai também são muito boas, embora tenha me
incomodado o quanto elas lembram uma determinada animação da Disney (dizer qual
seria dar spoilers).
Na
verdade, esse acaba sendo o principal problema da obra. Apesar de
ocasionalmente fazer rir e também emocionar, O Bom Dinossauro jamais consegue afastar a sensação de que já vimos
tudo isso antes e praticamente não arrisca ir além das fórmulas.
Nota: 6/10
Trailer:
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