quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Crítica - O Bom Dinossauro




Depois do excelente Divertida Mente (2015) parecia que a Pixar finalmente tinha conseguido retornar ao alta padrão de qualidade que nos acostumamos a esperar de seus trabalhos. Este O Bom Dinossauro, no entanto, não faz jus à excelência que tornou famoso o estúdio, com uma trama derivativa que constantemente nos lembra de outras (e melhores) animações. Não chega a ser ruim, mas está longe da inventividade que a Pixar trouxe aos seus melhores trabalhos.

Histórias sobre um garoto e seu animal/criatura de estimação vivendo grandes aventuras e aprendendo valiosas lições de vida temos aos montes, tanto no cinema animado quanto em live action. A virada que O Bom Dinossauro faz a essa fórmula é que aqui a criatura é o animalesco garoto-das-cavernas Spot (que basicamente se comporta como um cão) e o garoto é o tímido dinossauro Arlo que se perdeu da família depois de uma tempestade. Isso acontece porque a história se passa em uma espécie de realidade paralela na qual os dinossauros não foram extintos por um meteoro e se mantiveram vivos até o surgimento dos humanos.

O mundo construído aqui é extremamente belo e rico em detalhes e o filme explora a qualidade de seus ambientes em amplas tomadas panorâmicas. Tudo é bem detalhado, das texturas das rochas, árvores e água, às escamas dos dinossauros. Sem deixar de mencionar, claro, a expressividade dos personagens (embora o design das criaturas e de Spot lembre bastante Os Croods). Lamentavelmente nem todo esse esmero técnico consegue tornar Arlo um personagem minimamente interessante, já que tudo a seu respeito parece se apoiar em clichês que já foram exaustivamente explorados, sem lhe dar um pingo de identidade ou personalidade próprias. Com dez minutos de filme conseguimos prever exatamente o que irá acontecer com ele.

Como já mencionei, é uma típica história de um jovem inexperiente e seu mascote, na qual ambos aprendem um com o outro enquanto superam dificuldades. Em meio a isso a trama toca em temas como lidar com o medos, a importância da família e que cada um, por menor que pareça, tem uma marca a deixar no mundo. São temas importantes para o público infantil, que está em formação, mas que já foram repetidos à exaustão por produções similares e o filme tem pouco a acrescentar a essas ideias.

Apesar disso, a animação consegue dosar bem drama, comédia e aventura. Criando algumas gags bem divertidas, como a da criatura voadora que pede ajuda de Arlo para salvar um animal, apenas para devorá-lo em seguida, e a cena em que os dois protagonistas ingerem uma fruta alucinógena é provavelmente o momento mais lisérgico em uma animação infantil desde os elefantes rosa de Dumbo (1941). Temos também alguns momentos bem tensos, em especial quando Arlo é atacado no alto de uma montanha. Acerta também em alguns momentos dramáticos, em especial a última cena entre Arlo e Spot, na qual é difícil não se emocionar. As cenas de Arlo com o pai também são muito boas, embora tenha me incomodado o quanto elas lembram uma determinada animação da Disney (dizer qual seria dar spoilers).

Na verdade, esse acaba sendo o principal problema da obra. Apesar de ocasionalmente fazer rir e também emocionar, O Bom Dinossauro jamais consegue afastar a sensação de que já vimos tudo isso antes e praticamente não arrisca ir além das fórmulas.

Nota: 6/10

Trailer:

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