Não conheço praticamente nada sobre a banda One Direction. Na verdade, não fosse o uso de uma canção do grupo em vídeo que se tornou meme na internet brasileira ano passado eu provavelmente nem saberia da existência do grupo. Assim, totalmente por fora da banda, entrei temeroso para assistir este documentário, imaginando ser uma tediosa peça publicitária de uma hora e meia feita exclusivamente para promover o grupo e arrancar dinheiro dos fãs.
Estava, em parte, correto. Tal qual outros documentários recentes sobre músicos com pouco tempo de carreira, o filme é feito praticamente apenas para agregar valor à imagem dos artistas, não buscando nenhum tipo de questionamento, contestação ou entendimento mais profundo sobre o fenômeno do sucesso da banda, limitando-se a exaltar as qualidades dos músicos e das fãs do grupo. Entretanto, o filme nem chegou perto de ser tão chato quanto imaginei, na verdade é até apreciável.
Parte desse mérito, além do carisma do grupo, provavelmente vem da direção do documentarista Morgan Spurlock, que curiosamente construiu sua carreira de cineasta com filmes como Supersize Me: A Dieta do Palhaço (2004) e The Greatest Movie Ever Sold (2011), que criticavam justamente a máquina publicitária dos grandes conglomerados de comunicação que tentavam enfiar qualquer coisa goela abaixo do público. Não, não irei aqui criticá-lo por ter “se vendido” ou qualquer coisa do gênero, afinal todos temos contas a pagar, apenas acho curiosa a escolha do diretor.
O diretor emprega uma montagem rápida aos depoimentos sobre o grupo, conferindo-lhes energia e nos dando a ilusão de falas que dialogam entre si ao invés de estar apenas colando frases soltas. Apesar de acelerada, a edição nunca soa excessiva ou intrusiva, fluindo de modo bastante natural. Outro mérito são as muitas intervenções bem humoradas, que oferecem risos até mesmo para quem não é fã da banda. Os destaques ficam com o momento em que um neurologista aparece explicando com diagramas e maquetes o que ocorre no cérebro das fãs fanáticas no momento da gritaria ou a hilária cena em que um dos garotos se fantasia de segurança de um dos shows para interagir com as fãs, em geral xingando os integrantes da banda para provocar reações nas jovens. Esse tipo de zoeira e humor autodepreciativo é presente o tempo todo nas cenas que mostram os momentos mais informais da banda, nos dando a impressão de ser algo genuíno entre os garotos (mesmo que possa não ser) e isso atrai relativa simpatia do espectador, aquela velha sensação de que são “gente como a gente”.
O filme ainda faz um bom uso do 3D, usando o recurso para realmente nos colocar no palco ao lado da banda ou na pista ao lado de uma legião fãs delirantes, contribuindo assim para a imersão na experiência, algo raro na maioria dos filmes 3D recentes.
No fim das contas, apesar de ser um produto desnecessário para uma banda que mal começou e ainda nem se tem noção do possível legado à musica (se é que existe um), além de um cunho quase que inteiramente publicitário, One Direction: This is Us até que é um filme simpático, que pode funcionar como um passatempo minimamente divertido aos não-iniciados, além de ser praticamente indispensável para as fãs do grupo.
Nota: 6/10
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