domingo, 10 de março de 2013

Crítica – Oz: Mágico e Poderoso



A primeira coisa que me veio à mente quando ouvi falar sobre a produção de Oz: Mágico e Poderoso foi “pra quê?”. Sério, duvido muito que qualquer pessoa que tenha visto o filme O Mágico de Oz(1939), dirigido pelo Victor Fleming, ou qualquer um que tenha lido o livro de L. Frank Baum tenha pensado ou ficado curioso em saber como o mágico chegou a Oz. Isso, na verdade, parece ser fruto da tendência recente em Hollywood de revisitar clássicos para mostrar as “histórias não contadas”, mesmo que ninguém queira realmente saber que histórias são essas. A própria Disney fez isso com o horrível Alice no País das Maravilhas (2010), que se apresentava como uma continuação dos dois livros escritos por Lewis Carroll, igualmente desastrosa foi a tentativa de contar a origem do psicopata Hannibal Lecter em Hannibal: A Origem do Mal (2007). Assim sendo, as chances deste Oz: Mágico e Poderoso entregar algo realmente interessante pareciam bem pequenas.
Felizmente, o filme consegue ser uma obra satisfatória, resgatando um pouco da mágica presente no clássico de 1939 e conseguindo se manter fiel ao seu espírito. Aqui acompanhamos a história de Oscar Diggs (James Franco), ou simplesmente Oz, um mágico circense do Kansas que acaba indo parar no mundo de Oz (sim, o mundo e o mágico tem o mesmo nome) depois de ser pego por um furacão. Em Oz, o mágico precisa ajudar a bruxa boa Glinda (Michelle Williams) a libertar a Cidade Esmeralda das bruxas más Theodora (Mila Kunis) e Evanora (Rachel Weisz).
A narrativa é centrada no mágico e sua transição de jovem inconsequente, aproveitador e narcisista para um sujeito capaz de confiar em si mesmo e em seus talentos e inspirar confiança e força no povo de Oz e é graças à performance carismática e cafajeste do James Franco que acreditamos no personagem. A jornada do mágico serve ao mesmo propósito da história de Dorothy na produção de 1939, passando a mensagem de que não há uma solução mágica para nossos problemas e que precisamos encontrar em nós mesmos aquilo que consideramos ser necessário para o nosso sucesso e bem estar.

Já que mencionei as semelhanças com o filme original, a estrutura do filme também faz referência ao trabalho de Victor Fleming ao exibir as cenas no Kansas em preto e branco tal qual o original e ocupando apenas três quartos da tela, para deixá-la em um formato próximo ao de filmes antigos. É apenas quando a narrativa vai para Oz que o filme se torna completamente colorido (assim como no original) e passa a ocupar toda a tela. Outro ponto semelhante é o uso dos mesmos atores para papéis diferentes nos dois cenários.
Em O Mágico de Oz os intérpretes do Leão, do Homem de Lata e do Espantalho apareciam no cenário do Kansas como trabalhadores da fazenda de Dorothy. Aqui temos a Michelle Williams aparecendo como uma ex-namorada do mágico e Zach Braff, que faz a voz do macaco alado Finley, aparece como seu assistente. Porém, se antes a aparição dos mesmos atores nos dois mundos visava deixar em dúvida se Oz realmente existia ou era a imaginação de Dorothy, neste filme o recurso soa despropositado, já que o mágico nunca retorna de Oz e o filme nunca levanta dúvida sobre sua existência.
O mundo de Oz, por sinal, é retratado com cenários coloridos e grandiosos que lhe conferem o caráter fabulesco e fantástico esperado em uma produção do gênero e mesmo recorrendo a ambientes majoritariamente digitais, são poucos os momentos em que os cenários não soam verdadeiros. O uso do 3D, por outro lado, é bem rasteiro, limitando-se a colocar objetos voando na direção da plateia, uma pena, pois o dispositivo podia ser usado para tornar a experiência ainda mais imersiva. Do jeito que está, não vale o valor extra do ingresso.
O roteiro parece ignorar alguns elementos presentes no livro e no filme original, como os sapatinhos mágicos usados pela bruxa Evanora (de cristal no livro, de rubi no filme) que futuramente serviriam para Dorothy voltar para casa. É possível que a omissão tenha ocorrido para que seja feita uma continuação ou pelo fato da Disney não deter os direitos de O Mágico de Oz, pois, embora o livro de L. Frank Baum seja de domínio público, os direitos do filme pertencem a outro estúdio.
Oz: Mágico e Poderoso pode ser um filme desnecessário e até mesmo caça-níqueis, mas é uma fábula bem executada e que se mantém fiel à mensagem universal das obras que a inspiraram.
Nota: 6/10

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