Will
Ferrell e Mark Wahlberg já tinham mostrado que funcionam como dupla cômica no
divertido Os Outros Caras (2010)
dirigido por Adam McKay (do igualmente ótimo A Grande Aposta). Vê-los voltar a dividir a cena numa comédia era
algo bastante promissor, mesmo sem McKay na cadeira de diretor, mas este Pai em Dose Dupla lamentavelmente não
consegue repetir o mesmo êxito da parceria anterior da dupla.
Ferrell
vive Brad, um homem sensível e retraído que é encantando com a paternidade e
que sempre quis ter filhos, mas é infértil. Seus sonho de ser pai se concretiza
através dos filhos de sua esposa Sara (Linda Cardellini, a Laura Barton de Vingadores: Era de Ultron) que aos
poucos começam a aceitá-lo como pai. Sua posição, no entanto, é ameaçada quando
o pai biológico das crianças, o metido a machão Dusty (Mark Wahlberg), retorna
à cidade disposto a recuperar o afeto dos filhos, iniciando uma disputa entre
os dois pela atenção das crianças.
Este
é uma daquelas "comédias de uma piada só" já que todo o humor gira em
torno das armações de Dusty e Brad para se sabotarem ou tentando parecer
superior ao outro. A maioria das situações se desenvolve de modo bastante
previsível e com um pouco de atenção é possível antecipar a maioria das piadas.
Isso não impede que aqui e ali o filme consiga arrancar bons risos (a maioria
delas está no trailer), seja pelo humor físico, como na cena em que Brad tenta
pilotar a moto de Dusty, ou seja pelos diálogos puramente nonsense, como as histórias absurdas que o chefe de Brad, Leo
(Thomas Haden Church), ocasionalmente conta.
Aliás
há uma cena muito boa entre Brad e Leo envolvendo uma dessas histórias
escabrosas que usa a mudança de enquadramento para dar outro contexto ao
diálogo tornando-o ainda mais hilário. O comediante Hannibal Buress tem uma
passagem irregular como um amigo de Dusty, algumas de suas piadas funcionam
bem, como a que conversam sobre Frozen: Uma Aventura Congelante ou quando ele vai ao escritório de Brad no fim, mas
outras são apenas irritantes e muitas vezes soam deslocadas do restante,
interrompendo o fluxo da narrativa.
Igualmente
previsível é o desenvolvimento da história, já que desde o início fica claro
que ambos irão se reconciliar, aprender a importância de cada um na vida das
crianças e aprender valiosas lições um com o outro. Brad irá aprender a ser
menos manso e Dusty irá aprender a ser mais responsável. Tudo transcorre como
se espera, mas incomoda a conduta passiva que Sara tem durante boa parte do
filme, deixando o marido e o ex literalmente destruírem a casa sem fazer
qualquer objeção, como se não houvesse nada errado nesse ambiente de disputa.
Na verdade, o único momento em que realmente surpreende é quando revela a
identidade dos valentões que atormentavam os filhos de Sara, resultando em um
dos melhores momentos do longa.
Pai em Dose Dupla acaba sendo mais uma daquelas comédias em que as
melhores partes estão nos trailers, oferecendo ocasionalmente algumas boas
risadas, mas em geral muito presa às fórmulas e convenções para realmente valer
a pena.
Nota:
5/10
Trailer:
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