quinta-feira, 16 de maio de 2013

Crítica – Reino Escondido

Reino Escondido se pretende grandioso desde seu título original, que em bom português seria traduzido como épico. A palavra representa também tudo que o filme não é, sendo uma decisão bastante feliz da distribuidora nacional de não traduzir o título do filme ao pé da letra.
O filme é centrado em Maria Catarina (Mary Katherine no original), ou MC como prefere ser chamada, uma garota que volta a morar com o pai, com quem mantinha um relacionamento distante, depois da morte mãe. Acontece que seu pai é um cientista que mora no meio da floresta e é obcecado por uma teoria que diz que seres minúsculos travam uma longa e secular batalha pela sobrevivência dos ecossistemas e sua crença o tornou piada da comunidade científica. Obviamente, ele está certo e sua filha acidentalmente encontra um desses seres e acaba encolhida, tendo que participar da luta para voltar a seu tamanho normal.
A floresta é palco da luta entre os homens-folha, que lutam pelo crescimento das árvores e preservação da floresta, e os boggans, seres que dominam o crescimento de fungos e desejam apodrecer toda a vida vegetal. Ao lado dos homens-folha MC precisa proteger dos boggans um botão de flor que garantirá a sobrevivência da floresta.
Tudo no filme é bastante raso e clichê, bastam poucos segundos para entendermos tudo que precisamos saber sobre os personagens. MC é uma garota que precisa ver o mundo com através daquilo que seu pai dá importância para se reconciliar com ele. Nod é um jovem homem-folha inconsequente e egoísta que precisa aprender a trabalhar em equipe. Ronin é um guerreiro sisudo e destemido que guarda uma paixão incubada pela rainha e o vilão Mandrake é…bem…é o vilão e pronto. Até o fim do filme todos vão aprender as valiosas lições de vida que precisam aprender exatamente do modo como esperamos que aprendam, sem nunca nos surpreender ou desafiar nossas expectativas.

As tentativas de humor são, em geral, sofríveis, principalmente pelo fato do filme insistir em explicar boa parte das piadas, além disso, as duas lesmas que tentam servir de alívio cômico são quase tão irritantes quanto o Jar Jar Binks de Star Wars Episódio I (1999). Salvam-se poucos momentos realmente divertidos, o principal e talvez único é uma cena envolvendo uma mosca-da-fruta (por sinal já mostrada no trailer). A ação, embora não seja tão desastrosa quanto o humor, nunca chega realmente a ser algo empolgante e desperdiça o potencial criativo da premissa do filme. Os embates são apenas batalhas entre os dois exércitos, cada um com suas armaduras e animais de montaria.
O fluxo narrativo também é problemático, muitas vezes facilitando demais as coisas para os protagonistas, principalmente no confronto final. Apesar de possuir um exército mais numeroso, o vilão Mandrake apenas despacha um enxame de morcegos para bloquearem a luz da lua, impedindo o botão de florescer, e invade sozinho o local onde os homens folha estão.
Reino Escondido tem muitas pretensões, mas pouco faz para cumpri-las e apresenta pouca coisa realmente interessante ou digna de nota. O público infanto-juvenil atrás de uma diversão descompromissada talvez aprecie, mas os pais ou qualquer um que busque algo mais terão pouco com o que se divertir.
Nota: 4/10

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