O primeiro Tá Chovendo Hambuguer (2009) foi uma grata surpresa, apresentando uma aventura divertida, movimentada e que explorava com criatividade as possibilidades de sua premissa fantástica e absurda. Assim, quando uma continuação foi anunciada a questão era se o filme seria capaz de ser tão bom quanto o antecessor. A verdade é que este Tá Chovendo Hamburguer 2 não tem o frescor do filme anterior, mas ainda assim é uma aventura divertida e competente.
A trama é quase uma repetição do filme anterior. Depois dos eventos do filme anterior a cidade de Flint (Bill Hader) é evacuada para que a corporação liderada pelo cientista Chester (Will Forte), ídolo de infância de Flint, possa limpar a ilha. Entretanto, as coisas não saem como o esperado, pois a máquina de Flint continua a funcionar, criando temíveis animais de comida, cabe então ao inventor e seus amigos retornarem ao que restou de sua cidade natal e pararem a máquina de uma vez por todas.
É basicamente a mesma coisa do filme anterior, até mesmo o conflito entre Flint e o pai (James Caan) é reutilizado aqui, mas o filme compensa a repetição da premissa com o carisma de seus personagens, um ótimo timing cômico e a criatividade em explorar todo o tipo de criatura e ambiente bizarro que a premissa do filme permite criar.
O mesmo pode ser dito do design dos personagens, que torna cada um deles único ao mesmo tempo em que revela a personalidade deles sem precisar dizer absolutamente nada, como Tim, o pai de Flint, com sua espessa monocelha e bigode, revelando o aspecto antiquado e, de certo modo, primitivo do sujeito. Do mesmo modo, os membros longos e movimentos constantes de Chester ajudam a percebê-lo como um sujeito escorregadio, se esgueirando, e que talvez tenha mais em mente do que aquilo que revela.
Todo o funcionamento da fauna e flora da ilha é cuidadosamente bem concebido e há sempre algo interessante e curioso a se ver, desde o pântano de melado que tem panquecas flutuando sobre ele como vitórias-régias à aranha-cheeseburguer que lança queijo como se fossem teias.
Os diálogos são sempre recheados de intervenções bem humoradas e o uso da montagem é ágil o suficiente para conferir fluidez para que as piadas funcionem, como no momento em que Sam (Anna Faris) resolve deixar Flint e este grita seu nome enquanto ela se vai. A câmera então se afasta e mostra os dois em um plano geral, contrapondo os gritos histéricos do protagonista com a velocidade lenta com a qual ela anda devido ao grudento melaço, mostrando que Sam está a poucos passos do inventor.
O filme ainda é inteligente o bastante para se mostrar consciente de sua própria premissa fantástica e escapista, assumindo isso tranquilamente, sem nenhuma intenção de se levar a sério, como na cena em que o vilão tenta fugir e corre para um painel com os dizeres “Em caso de falha do plano, quebre aqui”.
Assim sendo, embora não seja uma aventura tão interessante quanto o primeiro filme, este Tá Chovendo Hamburguer 2 ainda é, com o perdão do trocadilho, uma aventura deliciosamente divertida.
Nota: 6/10
Obs: Há uma cena no meio dos créditos.
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