quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Crítica - Uma Aventura Lego

Uma das melhores coisas da infância era poder brincar com qualquer coisa, bonecos, peças de montar, caixas de papelão, usando nossa imaginação para criar universos onde todos os personagens, ambientes e tempos se mesclavam, onde o Batman podia lutar ao lado do Gandalf e um caubói poderia andar a cavalo ao lado de um cavaleiro medieval. É justamente por abordar essa importância do lúdico, da brincadeira e da imaginação que reside o principal mérito deste Uma Aventura Lego, dirigida por Chris Miller e Phil Lord, dupla responsável pelo primeiro Tá Chovendo Hamburguer (2009) e Anjos da Lei (2012), que continuam a exibir aqui a mesma criatividade e humor auto-referencial presente em seus filmes anteriores.
A trama conta a história de Emmet (Chris Pratt) um pacato e comum boneco de Lego que acidentalmente encontra um artefato que é a última esperança de impedir que o presidente Negócios (Will Ferrell) destrua completamente todo o universo Lego. Para tanto ele terá ajuda da misteriosa Lucy (Elizabeth Banks), que consegue construir rapidamente qualquer coisa com quaisquer peças, e o enigmático mago Vitruvius (Morgan Freeman).
A trama progride de maneira bastante movimentada, alternando entre diferentes universos que vão desde uma grande cidade ao velho oeste, passando por alguns bem bizarros que nem sei como definir. O filme ainda conta com participações especiais de diversos personagens de outros filme, livros e quadrinhos (todos como bonecos Lego) como Batman, Superman, Dumbledore, Tartarugas Ninja, entre outros. Tudo isso ajuda a dar um tom despretensioso que faz o filme soar como uma enorme brincadeira infantil, quase como se o roteiro tivesse sido escrito por crianças brincando com Legos, tanto que o filme constantemente faz piada com a enorme quantidade de coincidências e acontecimentos gratuitos que acontecem ao longo da história.

Isso, no entanto, pode incomodar algumas pessoas, já que tudo se resolve sem muitos desafios para os personagens e muitos adultos podem acabar achando o filme demasiadamente acelerado e histérico em alguns momentos. Além disso, o arco de Emmet e Lucy é a típica e clichê história do “escolhido” que precisa salvar o mundo, mas que antes precisa começar a crer em si mesmo. Tudo bem que uma reviravolta que acontece no terceiro ato justifica boa parte da aleatoriedade da trama, bem como trabalha melhor a relação entre o herói e o vilão. Apesar de praticamente indispensável para dar coesão e coerência ao filme, a reviravolta acaba pecando por martelar a mensagem do filme de modo excessivamente didático, quase se tornando uma mera publicidade da marca Lego ao tentar nos ensinar que o mais importante não é construir coisas complexas e estáticas com suas peças, mas deixar fluir a criatividade e imaginação sem limites de sua criança interior.
Outro grande acerto do filme é no aspecto visual, apesar de tudo ser gerado em computadores, a animação acerta em cheio em fazer tudo parecer como uma espécie de stop-motion feita completamente por peças de Lego, como se os realizadores tivessem filmado tudo enquanto brincavam em suas casas. Tudo no filme é feito de Lego, até mesmo água, fogo e fumaça e ele é bastante competente em tornar as texturas das peças bastante naturais e verossímeis, elemento potencializado (algo raro de acontecer) pelo uso do 3D que confere profundidade e volume aos construtos, fazendo tudo parecer realmente feito de Legos.
Uma Aventura Lego pode não ser um primor de narrativa, pode ser um filme com claras intenções publicitárias, mas é uma engraçada e divertida aventura que nos lembra como é legal ser criança e se deixar levar pela imaginação.
Nota: 7/10

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