quinta-feira, 23 de maio de 2013

Crítica – Velozes e Furiosos 6

A franquia Velozes e Furiosos nunca foi lá grande coisa, é verdade, mas lá pelo terceiro ou quarto filme tudo já parecia repetitivo e cansativo, não havendo motivo outro senão o lucro para continuar com a franquia. O respiro veio com Velozes e Furiosos 5 (2011) que despontou como o melhor exemplar da franquia ao abandonar o elemento dos rachas de rua, se tornando um filme de ação que assumia um caráter absurdo, exagerado e despretensioso. A adição de Dwayne “The Rock” Johnson ao elenco também ajudou a alavancar a franquia, já que o ator é bem mais carismático do que Vin Diesel e Paul Walker e, como apontei em meu texto sobre G.I Joe Retaliação, sabe muito bem como construir um brucutu canastrão e divertido.
Pois bem, este novo capítulo da franquia traz o agente Hobbs (The Rock) perseguindo um grupo de ladrões motorizados liderados pelo mercenário Shaw (Luke Evans) que estão roubando tecnologia militar. Incapaz de enfrentar os ladrões por conta própria, precisa recorrer a Dom (Vin Diesel), Brian (Paul Waker) e sua equipe para deter os criminosos. A trupe de foras-da-lei tem um motivo especial para ajudar, pois aparentemente Letty (Michelle Rodriguez), ex-namorada de Dom dada como morta no quarto filme, está auxiliando Shaw em seus audaciosos roubos.
O filme já deixa claro seu comprometimento com o exagero e absurdo desde as primeiras cenas, quando vemos Hobbs “interrogando” um membro da gangue de Shaw preso em Londres. O verbo está entre aspas, pois o que de fato acontece é que Hobbs simplesmente enfia a porrada no meliante, arrebentando-o e destruindo a sala de interrogatório no processo. Lógico que se isso acontecesse em um universo minimamente verossímil a prisão seria invalidada e o policial perderia o emprego e responderia a um processo criminal por tortura, mas Velozes e Furiosos 6 não possui qualquer compromisso com verossimilhança e sim com a ação brucutu estupidamente elevada aos limites do exagero, atingindo uma condição quase que cartunesca.

A adição de veículos militares traz novos e criativos elementos às perseguições que são muito bem realizadas e apelam menos à computação gráfica dos filmes anteriores. A lutas são igualmente bem coreografadas e funcionam muito bem, em especial as que envolvem a agente Riley (interpretada pela ex-lutadora de MMA Gina Carano). Obiviamente tudo isso força os limites do absurdo e do aceitável, incluindo um salto envolvendo Dom e Letty numa perseguição com um tanque de guerra e todo o clímax que envolve aquela que é provavelmente a maior pista de pouso já construída pelo homem. Claro que nada disso depõe contra o filme, mas acrescenta um charme tosco a ele. Logicamente muitos podem se incomodar com isso, mas os que embarcarem na estupidez e no absurdo certamente irão se divertir.
Dito isto, é necessário reconhecer que o filme tem lá seus problemas. A narrativa tem mais furos que um queijo suíço, a saída para explicar a presença de Letty entre os mercenários é o covarde e tedioso clichê da amnésia. Falando na personagem, todas as tentativas de desenvolver de forma séria o relacionamento dela com Dom são pra lá de desastrosas. Parte por Vin Diesel exibir aqui a profundidade dramática de uma berinjela e parte porque os diálogos são uma repetição de um monte de coisas já vistas em comédias românticas e filmes de ação, incluindo uma cena de exibição e explicação de cicatrizes totalmente copiada e colada de Máquina Mortífera 3 (1992).
O vilão, como é de praxe na série, é dotado de qualquer motivação ou carisma, não sendo nem ameaçador ou divertido. Seus capangas são igualmente desprovidos de qualquer carisma sendo apenas um bando de pedaços de carne a serem despachados pelos heróis. Entretanto não chega a ser tão aborrecido ou sem-graça quanto os de exemplares anteriores da franquia e no fim acaba não comprometendo muito.
Velozes e Furiosos 6 é mais um divertido capítulo da franquia que apenas recentemente encontrou seu rumo, entretanto é bom que ela não se alongue demais (um sétimo filme já foi anunciado) para não degringolar novamente.
Nota: 7/10
Obs: Há uma cena no meio dos créditos que revisita eventos do terceiro filme e insere um famoso astro de ação como o provável vilão para o próximo filme.

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