Dois
irmãos gêmeos (Lukas e Elias Schwartz) veem a mãe (Susanne Wuest) retornar para
casa depois de um acidente. Por causa do acidente, sua mãe está com o rosto
completamente enfaixado e parece falar e agir diferente do que as duas crianças
esperam dela. Aos poucos, a dupla começa a achar que há algo errado com a mãe
deles e decidem tomar as rédeas da situação. Aos poucos, no entanto, as
soluções encontradas pelos garotos começam a soar drásticas demais.
Quando
eu falei sobre o ótimo Corrente do Mal,
escrevi que um dos motivos da criatura ser tão ameaçadora é o fato de sabermos
muito pouco sobre o que é exatamente "a coisa". O uso do desconhecido
é um dos motivos pelos quais o austríaco Boa
Noite, Mamãe acaba funcionando tão bem. O filme sempre nos deixa incertos
quanto à natureza real da ameaça que estamos enfrentando, há algo errado com a
mãe? Há algo errado com as crianças? Quem no fim das contas está ameaçando
quem?
Até
que as coisas atinjam o caos violento do terceiro, o filme consegue criar com
eficiência um clima insuportável de medo quase que inteiramente baseado no fato
de que não sabemos o que está acontecendo exatamente com aquelas pessoas. Isso,
claro, sem mencionar na inquietante violência gráfica que o filme nos mostra em
seu terceiro ato. Dar detalhes estragaria a experiência, mas devo dizer que
várias vezes me senti agoniado e travei meus dedos na poltrona diante de certos
atos de crueldade.
Este,
no entanto, não é um mero slasher e
até que as coisas percam o controle, o filme vai calmamente construindo essa
tensão, dando aos poucos os indícios de que nem a mãe nem as crianças estão em
seu melhor estado. A sensação de pavor é ampliada pelo uso que o filme faz de
seus ambientes, em especial a casa que a família habita, cujos ambientes
brancos evocam uma assepsia estéril, mas as pinturas parecem sombras macabras
prontas para saltarem da parede e as máscaras e esculturas soam igualmente
medonhas. Ao mesmo tempo, a ausência de fotos da família contribui para que
percebamos a desconexão entre os personagens e a impressão de que há algo grave
entre eles que não sabemos.
Os
dois garotos conseguem evocar muito bem a comunicabilidade quase que telepática
entre os dois irmãos, mas também conseguem evidenciar as personalidades
distintas de cada um, permitindo que um espectador atento consiga discernir
quem é quem. Susanne Wuest é igualmente competente, principalmente no modo
ambíguo como constrói sua personagem, constantemente nos fazendo indagar se ela
é uma vítima ou uma algoz.
Assim
sendo, Boa Noite, Mamãe se revela um
terror altamente eficiente, nos apresentado uma história sombria, violenta e
cheia de pavor.
Nota:
8/10
Trailer:
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