Deixar
seu país e tudo que você conhece para tentar a sorte em outra nação na qual não
conhecemos nada nem ninguém é uma experiência bastante assustadora. Não apenas
por não sabermos o que iremos encontrar do outro lado, mas também pela
incerteza se será possível transformar em lar a nova moradia. Este Brooklin trata desses temas e
principalmente de como os imigrantes foram essenciais para a formação de suas
principais cidades, em especial Nova Iorque.
A
jovem Eilis (Saiorse Ronan) deixa a Irlanda sozinha rumo a uma vida melhor nos
Estados Unidos. Lá passa a viver em uma pensão cujas outras moças
constantemente a provocam e arruma um emprego do qual não gosta muito. A
saudade de casa parece ser insuportável e ela parece não ser capaz de tocar sua
vida para frente no novo país, mas tudo parece mudar quando conhece o
descendente de italianos Tony (Emory Cohen).
Com
uma cenografia e figurinos que emulam muito bem a Nova Iorque dos anos 50, este
é um romance bastante tradicional, mas que funciona graças à química do casal
de protagonistas que constrói de modo bastante natural a atração entre os dois.
A jovem Saiorse Ronan faz de sua Eilis uma jovem bastante quieta e
introspectiva, mas consegue revelar de modo cuidadoso e sutil o tormento
emocional experimentado por ela, chega a ser impressionante o quanto Ronan
consegue dizer com apenas um leve franzir da testa ou uma pequena hesitação em
seu sorriso.
Quem
surpreende, no entanto, é o relativamente desconhecido Emory Cohen, cuja
performance como um italiano durão, mas sensível chega a lembrar a de Marlon
Brando em Uma Rua Chamada Pecado
(1951), embora seu Tony não tenha a complexidade do personagem de Brando. Ainda
assim, constrói um personagem bem carismático que mesmo do seu modo simplório
consegue transparecer o tamanho do afeto que sente por Eilis.
O problema é como o filme perde ritmo em sua segunda
metade quando a protagonista retorna à Irlanda, principalmente porque nunca
consegue estabelecer de modo convincente os motivos de Eilis manter seu
casamento em segredo dos amigos e familiares. O filme conseguiu ser tão
eficiente em trabalhar a relação entre Eilis e Tony que sua decisão soa
bastante gratuita e nunca sentimos que seu novo pretendente, vivido com charme
por Domhnall Gleeson (que foi o general Nux em Star Wars: O Despertar da Força e que também está em cartaz no ótimo O Regresso), será realmente capaz de abalar os
sentimentos da jovem.
Na verdade fica a sensação de que o filme acelerou
demais sua trama e depois resolveu ampliá-la ao adicionar um novo conflito.
Certamente isso deve ser apresentado de modo mais coeso no romance homônimo
escrito por Colm Toibin, mas aqui a narrativa parece perder fôlego ao abordar o
retorno de Eilis ao seu país de origem.
Ainda assim, Brooklin
é um emocionante e cuidadoso romance, graças aos personagens bem construídos
e o carisma de seus atores, embora nem sempre consiga manter o ritmo.
Nota: 7/10
Trailer:
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