quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Crítica - Brooklin

Análise Crítica - Brooklin


Review - Brooklyn
Deixar seu país e tudo que você conhece para tentar a sorte em outra nação na qual não conhecemos nada nem ninguém é uma experiência bastante assustadora. Não apenas por não sabermos o que iremos encontrar do outro lado, mas também pela incerteza se será possível transformar em lar a nova moradia. Este Brooklin trata desses temas e principalmente de como os imigrantes foram essenciais para a formação de suas principais cidades, em especial Nova Iorque.

A jovem Eilis (Saiorse Ronan) deixa a Irlanda sozinha rumo a uma vida melhor nos Estados Unidos. Lá passa a viver em uma pensão cujas outras moças constantemente a provocam e arruma um emprego do qual não gosta muito. A saudade de casa parece ser insuportável e ela parece não ser capaz de tocar sua vida para frente no novo país, mas tudo parece mudar quando conhece o descendente de italianos Tony (Emory Cohen).

Com uma cenografia e figurinos que emulam muito bem a Nova Iorque dos anos 50, este é um romance bastante tradicional, mas que funciona graças à química do casal de protagonistas que constrói de modo bastante natural a atração entre os dois. A jovem Saiorse Ronan faz de sua Eilis uma jovem bastante quieta e introspectiva, mas consegue revelar de modo cuidadoso e sutil o tormento emocional experimentado por ela, chega a ser impressionante o quanto Ronan consegue dizer com apenas um leve franzir da testa ou uma pequena hesitação em seu sorriso.

Quem surpreende, no entanto, é o relativamente desconhecido Emory Cohen, cuja performance como um italiano durão, mas sensível chega a lembrar a de Marlon Brando em Uma Rua Chamada Pecado (1951), embora seu Tony não tenha a complexidade do personagem de Brando. Ainda assim, constrói um personagem bem carismático que mesmo do seu modo simplório consegue transparecer o tamanho do afeto que sente por Eilis.

O problema é como o filme perde ritmo em sua segunda metade quando a protagonista retorna à Irlanda, principalmente porque nunca consegue estabelecer de modo convincente os motivos de Eilis manter seu casamento em segredo dos amigos e familiares. O filme conseguiu ser tão eficiente em trabalhar a relação entre Eilis e Tony que sua decisão soa bastante gratuita e nunca sentimos que seu novo pretendente, vivido com charme por Domhnall Gleeson (que foi o general Nux em Star Wars: O Despertar da Força e que também está em cartaz no ótimo O Regresso), será realmente capaz de abalar os sentimentos da jovem.

Na verdade fica a sensação de que o filme acelerou demais sua trama e depois resolveu ampliá-la ao adicionar um novo conflito. Certamente isso deve ser apresentado de modo mais coeso no romance homônimo escrito por Colm Toibin, mas aqui a narrativa parece perder fôlego ao abordar o retorno de Eilis ao seu país de origem.

Ainda assim, Brooklin é um emocionante e cuidadoso romance, graças aos personagens bem construídos e o carisma de seus atores, embora nem sempre consiga manter o ritmo.


Nota: 7/10

Trailer:

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