terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Crítica - Como Ser Solteira



Começando com uma narração que reclama como histórias envolvendo mulheres são sempre sobre seus relacionamentos, Como Ser Solteira irá logo em seguida contar histórias sobre algumas mulheres justamente a partir de seus relacionamentos. Ao longo do filme cada personagem irá engatar pelo menos uma relação e será através delas, não pelos seus momentos de solteirice ou com seus amigos, que as personagens irão passar por transformações e mudanças.

A trama é centrada em Alice (Dakota Johnson, de Cinquenta Tons de Cinza) uma jovem que decide "dar um tempo" em seu namoro de quatro anos para decidir o que quer fazer com sua vida após faculdade, já que sente que sempre se definiu por quem se relacionava e agora quer saber quem é sozinha. Além dela acompanhamos também sua irmã mais velha, a obstetra Meg (Leslie Mann), que decide engravidar via inseminação artificial, sua melhor amiga Robin (Rebel Wilson) e mais uma penca de personagens que raramente conseguem dizer a que vieram por causa das atenções difusas da narrativa.


É mais uma daquelas comédias românticas que tentam agradar diferentes públicos oferecendo múltiplos núcleos de personagens, mas ao se dividir entre tanta gente em tão pouco tempo, a maioria acaba soando excessivamente unidimensional e desinteressante, assim como suas histórias. A solteira desesperada pelo par perfeito interpretada por Alison Brie, por exemplo, é tão exagerada que acaba virando uma caricatura irritante. O mesmo pode ser dito de Rebel Wilson, que interpreta o mesmo tipo histérico e exagerado que faz em praticamente todos os seus filmes e seus poucos momentos realmente engraçados (como o da sauna) não compensam o aborrecimento que é todo o restante de sua presença em cena.

Leslie Mann é responsável pelos momentos mais engraçados, em especial na primeira cena que divide com Ken (Jake Lacy), na qual não compreende o interesse dele e tenta esconder sua gravidez. A personagem, no entanto, acaba sabotada pelo próprio roteiro que insiste em reduzi-la ao clichê antiquado da "grávida desequilibrada" movida pelos hormônios e afeita a decisões erráticas. Enquanto isso insosso Jake Lacy (do péssimo O Natal dos Coopers) faz o típico "homem dos sonhos" perfeito e sem falhas, mas também sem um pingo de personalidade como seu par romântico.

Dakota Johnson, por sua vez, se sai melhor com uma personagem que evita estereótipos e verdadeiramente consegue crescer e se modificar, aprendendo que não precisa realmente estar em um relacionamento. Johnson é carismática o suficiente para nos fazer torcer por sua personagem, mesmo quando o texto se mostra bastante superficial ao construir seu crescimento, justamente por estar ocupado com tantos outros personagens. Uma pena, pois a trama de Alice poderia render algo minimamente interessante se melhor cuidada.

No fim das contas Como Ser Solteira acaba soando como uma oportunidade desperdiçada, caindo em boa parte das convenções que diz evitar, perdendo o foco em personagens múltiplos e unidimensionais, jamais sendo engraçado ou envolvente como deveria ser.

Nota: 4/10

Trailer:

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