Começando
com uma narração que reclama como histórias envolvendo mulheres são sempre
sobre seus relacionamentos, Como Ser
Solteira irá logo em seguida contar histórias sobre algumas mulheres
justamente a partir de seus relacionamentos. Ao longo do filme cada personagem
irá engatar pelo menos uma relação e será através delas, não pelos seus
momentos de solteirice ou com seus amigos, que as personagens irão passar por
transformações e mudanças.
A
trama é centrada em Alice (Dakota Johnson, de Cinquenta Tons de Cinza) uma jovem que decide "dar um
tempo" em seu namoro de quatro anos para decidir o que quer fazer com sua
vida após faculdade, já que sente que sempre se definiu por quem se relacionava
e agora quer saber quem é sozinha. Além dela acompanhamos também sua irmã mais
velha, a obstetra Meg (Leslie Mann), que decide engravidar via inseminação
artificial, sua melhor amiga Robin (Rebel Wilson) e mais uma penca de
personagens que raramente conseguem dizer a que vieram por causa das atenções
difusas da narrativa.
É
mais uma daquelas comédias românticas que tentam agradar diferentes públicos
oferecendo múltiplos núcleos de personagens, mas ao se dividir entre tanta
gente em tão pouco tempo, a maioria acaba soando excessivamente unidimensional
e desinteressante, assim como suas histórias. A solteira desesperada pelo par
perfeito interpretada por Alison Brie, por exemplo, é tão exagerada que acaba
virando uma caricatura irritante. O mesmo pode ser dito de Rebel Wilson, que
interpreta o mesmo tipo histérico e exagerado que faz em praticamente todos os
seus filmes e seus poucos momentos realmente engraçados (como o da sauna) não
compensam o aborrecimento que é todo o restante de sua presença em cena.
Leslie
Mann é responsável pelos momentos mais engraçados, em especial na primeira cena
que divide com Ken (Jake Lacy), na qual não compreende o interesse dele e tenta
esconder sua gravidez. A personagem, no entanto, acaba sabotada pelo próprio
roteiro que insiste em reduzi-la ao clichê antiquado da "grávida
desequilibrada" movida pelos hormônios e afeita a decisões erráticas.
Enquanto isso insosso Jake Lacy (do péssimo O Natal dos Coopers) faz o típico "homem dos sonhos" perfeito e sem
falhas, mas também sem um pingo de personalidade como seu par romântico.
Dakota
Johnson, por sua vez, se sai melhor com uma personagem que evita estereótipos e
verdadeiramente consegue crescer e se modificar, aprendendo que não precisa
realmente estar em um relacionamento. Johnson é carismática o suficiente para
nos fazer torcer por sua personagem, mesmo quando o texto se mostra bastante
superficial ao construir seu crescimento, justamente por estar ocupado com tantos
outros personagens. Uma pena, pois a trama de Alice poderia render algo
minimamente interessante se melhor cuidada.
No
fim das contas Como Ser Solteira
acaba soando como uma oportunidade desperdiçada, caindo em boa parte das
convenções que diz evitar, perdendo o foco em personagens múltiplos e
unidimensionais, jamais sendo engraçado ou envolvente como deveria ser.
Nota:
4/10
Trailer:
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