A
primeira vez que o mercenário tagarela da Marvel apareceu nos cinemas foi no
medíocre X-Men Origens: Wolverine
(2009) e a única coisa que impressionou foi como conseguiram descaracterizar
totalmente o personagem, em especial na cena final do filme. A culpa nem foi do
ator Ryan Reynolds, que na verdade nem teve a chance de interpretar o
personagem que foi contratado para fazer, e sim o modo como o filme o construiu
e o usou. Depois de todo o calvário que foi o uso do mercenário no filme solo
de Wolverine é bom ver Reynolds conseguir uma redenção para si mesmo e para o
personagem neste divertido Deadpool.
A
trama coloca Deadpool no encalço de Ajax (Ed Skrein), o mutante responsável
pelo experimento que lhe deu suas habilidades e o deixou deformado. Percebendo
a aproximação do mercenário, Ajax resolve sequestrar sua antiga namorada
Vanessa (Morena Baccarin), que achava que ele estava morto. Em meio a sua
caçada Deadpool topa com os X-Men Colossus (Stefan Kapicic) e Negasonic Teenage
Warhead (Brianna Hildebrand), que tentam convencê-lo a entrar para equipe e se
tornar um super-herói como eles.
A
trama é básica e simplória, mas, convenhamos, não é pela história que vamos
assistir esse filme, é? Entramos para ver esse filme buscando ação desenfreada,
violência absurda e um humor estúpido e sem noção e o filme entrega em todas as
frentes. As cenas de ação são velozes e cheio de manobras estilosas por parte
do protagonista, que obviamente se diverte em assassinar dezenas de capangas e
ainda tira sarro deles enquanto os elimina. Fazendo bom uso de sua censura
alta, cada tiro ou golpe de espada de Wade Wilson (ou nele) faz jorrar sangue
enquanto membros decepados voam gloriosamente em direção à tela, é tudo que as
cenas de luta de Wolverine: Imortal
deveriam ter sido, mas não foram (em parte pela decisão do estúdio em manter uma classificação baixa).
Do
mesmo modo, o humor traz todas as quebras de quarta parede e referências
autoconscientes com o fato de Deadpool saber que é um personagem em filme, além
claro de seu humor imaturo cheio de trocadilhos de duplo sentido e palavrões
(outra vantagem da alta classificação indicativa). Dizer mais seria estragar a
experiência, mas toda a personalidade imatura e insana é captada muito bem por
Ryan Reynolds, que já tinha mostrado potencial como Wade Wilson no primeiro
Wolverine, mas aqui finalmente tem a liberdade necessária para dar vazão a toda
doideira que se espera do personagem. Outro que merece destaque é o ator T.J
Miller (da série Silicon Valley) como
Weasel, que tem vários diálogos divertidos, e certamente improvisados, com
Wade.
A
questão é que apesar de toda a sua insanidade, o filme se apresenta de modo
mais esquemático do que deveria. Mesmo com as idas e vindas do flashbacks, é basicamente o mesmo modelo
de história de origem que já foi repetido inúmeras vezes. Vemos sua vida antes,
vemos um evento trágico se abater sobre ele, vemos uma cena que introduz seu
codinome de maneira forçada e pouco orgânica, tudo muito convencional para um
personagem cujo principal atrativo é a sua iconoclastia. Além disso, por mais
bem humorada que seja a construção do romance entre Wade e Vanessa, ainda assim
soa deslocado do resto da loucura e falta de noção generalizada que é o filme.
Ainda
assim, Deadpool cumpre exatamente
tudo que se esperava dele, entregando uma aventura ágil regada a doses
consideráveis de sangue e violência, além de todo o humor nonsense que é típico do personagem.
Nota:
8/10
Obs: Há uma divertida cena após os créditos.
Trailer:
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