Depois de quase um ano de seu
lançamento no Japão para PS Vita, o RPG Digimon
Story: Cyber Sleuth finalmente traz os monstrinhos digitais ao ocidente e
agora também com uma versão para o PS4 (usado neste texto). Além do óbvio apelo
da franquia Digimon, o que me atraiu ao game é fazia tempo que eu estava atrás
de um RPG mais tradicional, com batalhas em turnos e encontros aleatórios, e
acabei encontrando aqui exatamente o que eu estava buscando.
A história se passa no futuro quando
é possível digitalizar o corpo e habitar uma realidade virtual chamada EDEN. Um
dia o protagonista (ou a protagonista, dependendo de sua escolha) e seus amigos
são convidados por um hacker a uma
parte antiga e oculta desse mundo virtual. Lá são presenteados com o aplicativo
"Digimon Capture" que os permite pegar e usar Digimons, programas
comumente usado pelos hackers. Nesse
momento o grupo é atacado por uma estranha criatura chamada Eater e o monstro
ataca o protagonista no exato momento em que tentava fazer logoff do EDEN e é quase devorado pela criatura. O protagonista é
salvo pela detetive Kyoko Kuremi, que o ajuda a recuperar seu corpo, agora
parte humano e parte digital, e assim se alia à detetive para desvendar uma
perigosa conspiração envolvendo a empresa que controla o EDEN.
Obviamente tudo escala a um ponto
em que múltiplos universos convergem e uma grande ameaça põe em risco o nosso
mundo e o mundo digital. Ao longo das cerca de 50 a 60 horas a narrativa se
mostrou mais interessante do que esperava, me apresentando a personagens
carismáticos, com personalidades bem desenvolvidas e bem-humoradas (em parte graças à ótima dublagem japonesa), e algumas
reviravoltas que realmente me pegaram de surpresa.
Chama atenção o nível de cuidado
e detalhamento das criaturas, que nunca foram tão bem retratadas em um game. Os
digimons são vívidos, coloridos e se movimentam como lembrávamos nos desenhos.
Os personagens humanos são igualmente bem cuidados e também bastante
expressivos. Claro que não é nada que realmente faz cair o queixo, afinal é um
game originalmente lançado para um portátil, mas ainda assim é bem competente.
Os cenários no mundo real reproduzem com fidelidade certos bairros de Tóquio,
enquanto que os ambientes digitais trazem uma estética mais futurista. Os ângulos fixos de câmera
ajudam a mascarar algumas texturas simplórias do cenário, mas aqui e ali,
especialmente durante as cutscenes, a
pobreza das texturas acaba chamando atenção.
Além de explorar o mundo e
resolvendo estranhos mistérios envolvendo os digimons, também colocamos as
criaturas para lutar em um tradicional sistema de combate por turnos que lembra
muito aquele visto em Final Fantasy X.
Os encontros são aleatórios e quando entramos em combate levamos até três digimons
para a batalha, mas estes podem ser trocados livremente durante o combate entre
os onze que é possível levar consigo. Uma barra na lateral mostra a ordem dos
turnos e permite que planejemos nossas ações com certa antecedência. Cada
digimon tem um tipo (dado, vírus, vacina ou neutro) e um elemento (fogo,
eletricidade, etc), cada um com suas fraquezas e resistências e saber quando
usar cada tipo é parte importante da estratégia.
As criaturas trazem seus golpes
especiais característicos dos animes
e aparições em outras mídias, além de mais algumas habilidades secundárias que
vão sendo aprendidas conforme sobem nível, que trazem novos ataque, além de buffs e debuffs. Subir de nível também permite evoluir as criaturas e acessar
novas formas. Para adquirir novas criaturas, o protagonista
"escaneia" os dados dos monstros adversários no início de cada
batalha e quando o "scan" chega a 100% depois de alguns combates é
possível recriar o monstro em seu Digi-Lab. As 240 criaturas contidas no jogo
realmente nos mantém entretidos em pegar e evoluir todas, mas não deixam de
parecer pouco quando lembramos que existem muito mais que isso.
Os monstros que você não leva nas
missões podem ser colocados na Digifarm, na qual podem criar itens ou treinar,
tanto para subir de nível quanto para aumentar algum atributo específico.
O único problema é que com
exceção dos chefes e algumas missões secundárias, o combate é relativamente
fácil e a maioria dos encontros aleatórios é vencida sem que eu sequer tenha
tomado um golpe. Claro, é possível que isso se deva a minha familiaridade com
esse tipo de jogo, mas, de todo modo, é algo importante a ser mencionado, já
que só mesmo no terço final do jogo é que senti que o domínio das mecânicas de
combate era necessário para ter êxito enquanto que antes apenas tornava
extremamente fácil que destroçasse rapidamente meus inimigos. Esse crítica já
tinha sido feita no lançamento original no Japão e felizmente a Namco Bandai
ouviu as queixas para o lançamento ocidental ao acrescentar a possibilidade de aumentar
o nível de dificuldade, mantendo assim o interesse em seu sólido sistema de
combate.
Assim sendo, Digimon Story: Cyber Sleuth pode não reiventar a roda, mas traz uma
aventura carismática e divertida, beneficiada por um uso consistente de seu
sistema de batalha, tornando-o irresistível para fãs dos monstrinhos digitais e
para apreciadores de um bom RPG com combates por turnos.
Nota: 8/10
O game está disponível para PS4 e
PS Vita.
Trailer:
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