quarta-feira, 2 de março de 2016

Crítica - Zoolander 2


Análise Crítica - Zoolander 2

Review - Zoolander 2
Fazer uma continuação de uma comédia tanto depois pode ser algo perigoso, afinal o que era engraçado há mais de uma década atrás pode não necessariamente continuar sendo engraçado hoje. Lançado quinze anos depois do primeiro filme, este Zoolander 2 não chega a padecer desse mal, mas é difícil negar que não tem o mesmo olhar mordaz sobre o mundo da moda que o original.

Derek Zoolander (Ben Stiller) abandonou o mundo da moda e agora vive sozinho em uma cabana, mas os assassinatos em série de artistas pop obrigam a agente da Interpol Valentina Valencia (Penélope Cruz) a pedir sua ajuda. Ao mesmo tempo, ele e Hansel (Owen Wilson) são chamados de volta às passarelas pela estilista Alexanya Atoz (Kristen Wiig) e Zoolander precisa também reencontrar seu filho, que não vê há anos.

A primeira coisa que atrapalha o filme é ter que lidar com muitas subtramas que inicialmente parecem deslocadas umas das outras, sendo preciso várias idas e vindas e reviravoltas até que tudo finalmente consiga ser costurado junto. Se lembrarmos da trama simples do original (Zoolander sofrendo lavagem cerebral para matar um político durante um desfile) percebemos como é desnecessária essa tentativa de complicar demais as coisas, afinal ninguém vai assistir uma comédia besteirol esperando uma narrativa complexa.

Outra coisa que incomoda é que lá pela metade (e talvez antes disso) o filme desiste de parodiar o universo da moda, focando apenas no humor pastelão, e isso não deixa de soar como uma oportunidade desperdiçada, já que a moda é muito mais popular e mainstream hoje do que era em 2001, com reality shows, blogs e canais de youtube. O uso de participações especiais de celebridades também é irregular. Se por um lado ver Justin Bieber ser metralhado até a morte é indubitavelmente divertido e Kiefer Sutherland (o eterno Jack Bauer) rouba a cena como um dos amantes de Hansel, boa parte das celebridades é subaproveitada com participações que se resumem a um "olha só pessoal, é a Katy Perry" ou "vejam, é Ariana Grande".

Ainda assim, Ben Stiller ainda tem lá sua graça como o estúpido modelo e mesmo com o início (com sua sátira à indústria fashion) sendo indubitavelmente melhor que o restante do filme, ainda assim ele consegue trazer umas boas sacadas, como a cena em que o egocêntrico Zoolander causa um brutal acidente de carro ao tirar uma selfie enquanto dirige. Igualmente bem sacado é o clímax, no qual o filme tira sarro da própria trama rocambolesca (o que não a faz deixar de ser um problema).

Will Ferrell continua divertido como o vilão Mugatu e os diálogos entre ele e Stiller na prisão são divertem pela sua natureza nonsense. Kristen Wiig está irreconhecível sob a pesada maquiagem usada para dar vida a Atoz, uma espécie de Donatella Versace do mal, quer dizer, uma espécie de Donatella Versace. Por outro lado, a presença de Benedict Cumberbatch como o andrógino Tudo (All no original em inglês) é pouco aproveitada e o filme parece não saber direito o que fazer com o personagem.

De todo modo, Zoolander 2 consegue ser moderadamente divertido, mesmo sem jamais chegar perto da qualidade do primeiro filme.

Nota: 6/10

Trailer:

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