segunda-feira, 13 de junho de 2016

Crítica - Como Eu Era Antes de Você



Confesso que os trailers que assisti desse Como Eu Era Antes de Você não me empolgaram muito. Parecia um típico tearjerker (literalmente "espremedor de lágrimas" em inglês), daqueles cuja única preocupação seria levar o público ao choro, colocando uma ocorrência trágica por cima da outra na tentativa de extrair o máximo de nossos dutos lacrimais. Felizmente o filme não se reduz a isso e é uma agridoce história sobre tomar o controle das nossas vidas.

A trama é centrada em Louisa (Emilia Clarke, a Daenerys de Game of Thrones) uma jovem com problemas financeiros que aceita um emprego como cuidadora de Will (Sam Claflin, que engata mais um filme romântico depois de Simplesmente Acontece), que ficou tetraplégico depois de um acidente. Como era bastante ativo antes do acidente, Will se tornou bastante amargo e deprimido com sua condição e Louisa resolve mostrar a ele que ainda há muito pelo que viver.

É uma história que já vimos um monte de vezes, um casal de personalidades opostas que inicialmente se detesta, mas é obrigado a conviver e, aos poucos, vão se conhecendo melhor e aprendendo um com o outro e amadurecendo com lições que levarão pelo resto da vida. Mesmo com toda a sua estrutura familiar, o filme acaba nos cativando graças ao carisma do seu elenco e ao bom humor do roteiro.


Emilia Clarke está simplesmente adorável e apaixonante como Lou, uma mocinha ingênua e constantemente otimista, cujas roupas excêntricas e coloridas ajudam a transmitir a sensação de alegria quase que infantil da personagem. A atriz traz uma energia e um calor humano tão genuínos para a protagonista que é difícil não se encantar por ela. Lou era o tipo de personagem que podia facilmente se tornar irritante ou artificial se sua intérprete pesasse a mão em sua "fofurice", mas Clarke consegue achar seu equilíbrio.

Do mesmo modo, Claflin faz de Will alguém que não tem mais nenhuma medida de alegria em sua vida e, como o próprio diz, "apenas existe". Com uma resposta sarcástica sempre na ponta da língua, ele não demonstra nenhum interesse no contato com qualquer pessoa. As cores frias e os vidros turvos de seu cômodo acabam se mostrando um reflexo de sua personalidade amargurada.

O casal tem uma ótima química e é fácil crer no afeto que se desenvolve entre eles, já que conforme vão se conhecendo, parecem saber exatamente o que dizer ao outro e sempre têm um comentário engraçadinho a fazer. É exatamente por eles formarem um casal tão bonitinho que o filme consegue emocionar quando as coisas não saem como esperado ao fim, já aderimos aos personagens e torcemos por eles, então quando as lágrimas chegam (e elas chegarão) é um desenvolvimento bastante natural e não algo forçado. Há de se destacar também Matthew Lewis (o eterno Neville da franquia Harry Potter) como o namorado egocêntrico e sem noção de Lou, que faz um daqueles antagonistas que é tão babaca que dá gosto em detestá-lo.

Há um excesso de famosas canções pop/românticas não originais (já existiam e não foram compostas para o filme) que muitas vezes soam intrusivas demais, já que passamos a prestar mais atenção nelas do que na ação da tela, e mais parece uma decisão corporativa do estúdio para ganhar dinheiro vendendo a trilha sonora do que uma decisão artística.

Outra questão é o modo como tudo se resolve um pouco rápido demais no terceiro ato, não dando à narrativa (nem a nós) o tempo necessário para repercutir ou sentir devidamente o impacto da severa decisão tomada por Will. A sensação é que ficaram com medo de deprimir demais o público ao dedicar mais tempo ao que seria um tema bastante delicado, pulando das consequências do ocorrido para a parte "feliz" do desfecho.

Como Eu Era Antes de Você pode não ser exatamente inovador, mas traz um afeto tão sincero que é difícil não se deixar conquistar pela relação entre seus protagonistas.


Nota: 7/10

Trailer

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