terça-feira, 7 de junho de 2016

Crítica - Invocação do Mal 2



Devo admitir que tive certo receio quando uma continuação para o competente terror Invocação do Mal (2013) foi anunciada, afinal continuações de filmes desse gênero raramente conseguem chegar no patamar dos originais. Felizmente Invocação do Mal 2 não padeceu desse mal e consegue criar uma atmosfera de medo e tensão tão envolvente quanto seu antecessor.

Na trama, levemente baseada em eventos reais, Ed (Patrick Wilson) e Lorraine (Vera Farmiga) Warren  estão no auge da popularidade depois de sua participação no famosa caso de Amityville, mas seu status de celebridade os torna alvo de pessoas que os acusam de serem charlatães. O casal decide diminuir um pouco as atividades, mas são chamados à Inglaterra para investigar as ocorrências sobrenaturais que estão assustando uma família humilde.

Assim como no primeiro filme o diretor James Wan (que, entre outras coisas, foi responsável por Velozes e Furiosos 7 e o primeiro Jogos Mortais) vai construindo sem pressa uma atmosfera de incerteza e medo em um cuidadoso crescente que inicia com batidas na porta e objetos rangendo até as aparições macabras que começam a se mostrar conforme o filme avança. Sua câmera se move lentamente pelos ambientes, como que a procura daquilo que atormenta os personagens e é justamente a incerteza acerca do que pode estar além do enquadramento ou do que não é visto que o filme vai nos mergulhando em um clima constante de tensão.


O temor do não visto e do desconhecido é também evidenciado em alguns planos estáticos como a cena sem cortes em que Ed conversa de costas com uma figura macabra ao fundo do quadro que se encontra completamente desfocada e a incerteza de não termos ideia com o que o demonologista está lidando torna tudo simplesmente angustiante. Além disso, o design macabro das aparições certamente contribui para os sustos, em especial a pintura sinistra feita por Ed. A música é mais sutil e menos óbvia do que na maioria das produções do gênero, elevando-se somente quando necessário e trabalhando em conjunto com as imagens ao invés de interferir nelas. Todo esse cuidado no modo como o filme conduz os seus sustos acaba compensando a estrutura que é bastante similar ao antecessor e nos faz aderir à trama mesmo quando percebemos o quanto tudo soa familiar.

Patrick Wilson e Vera Farmiga estão ótimos como o casal Warren e realmente dão a impressão de um casal com anos de convivência e afeto genuíno um pelo outro. Farmiga faz de Lorraine uma mulher que tem um certo senso de dever em relação aos seus dons, agindo mesmo quando está claramente amedrontada pelo que suas visões se revelam, demonstrando compaixão e temor em iguais medidas. Já Wilson constrói Ed como alguém que confia na habilidade da esposa e na própria, mesmo sem compreender muito do que ela vivencia, e também exibe seu habitual carisma em uma divertida cena em que imita Elvis. Há de se destacar também a jovem Madison Wolfe, que vive Janet, a jovem que está aparentemente possuída por uma entidade maliga, e o modo como ela altera bruscamente seu olhar e linguagem corporal fazem realmente parecer que algo está usando seu corpo como uma marionete.

Assim sendo, mesmo similar ao filme anterior em sua estrutura, Invocação do Mal 2 é um terror bem eficiente, com boas performances de seus atores, ótimo uso de câmera e uma atmosfera arrepiante.


Nota: 8/10

Trailer:




Bônus: Pegadinha do Sílvio Santos inspirada no filme e apresentada por ninguém menos que o diretor James Wan.

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