Apesar de adorar Procurando Nemo (2003) tenho que admitir
que não estava muito empolgado para este Procurando
Dory. Por mais que a Pixar tenha mostrado que sabe fazer continuações com
os filmes da franquia Toy Story, as
demais sequências feitas pelo estúdio tinham ficado abaixo dos originais, como
ocorreu com Universidade Monstros
(2013) e o horrendo Carros 2 (2011) e
eu temi que a aventura de Dory se enquadrasse na segunda categoria. Felizmente
isso não acontece e o filme é divertido e adorável, ainda que seja bastante
similar ao anterior.
Na trama, Dory (Ellen DeGeneres)
começa a ter lembranças de sua infância e resolve procurar os pais, que
aparentemente vivem em um aquário no estado da Califórnia. Preocupados com a
amiga desmemoriada, Marlin (Albert Brooks) e Nemo (Hayden Rolence) decidem
acompanhá-la. Os problemas começam quando Dory é capturada por um grupo de
cientistas e Marlin e Nemo precisam dar um jeito de resgatá-la do aquário.
O filme repete muita coisa do
primeiro, como o início trágico, o surfe com as tartarugas nas correntes
marinhas, os protagonistas sendo perseguidos por um grande predador (apenas
trocando os tubarões por uma enorme lula) e os primeiros minutos dão a entender
que tudo será uma pálida repetição do primeiro. Em termos temáticos, também
bate em teclas similares ao original, falando da importância de permitir que os
filhos explorem o mundo por conta própria e lembrando da importância da cooperação
e amizade. É apenas quando Dory chega ao aquário na Califórnia que o filme
começa a engrenar e caminhar por conta própria, se afastando da narrativa
original e nos apresentando a novos e interessantes personagens, como o
divertido e constantemente irritado polvo Hank (Ed O'Neil) e a tubarão-baleia
Destiny (Kaitlin Olson).
O centro das atenções, no
entanto, é mesmo Dory, que já tinha roubado a cena em Procurando Nemo (2003) e aqui consegue funcionar muito bem como
protagonista, tendo seu passado mais explorando e fazendo o público compreender
seu drama de não reter memórias, bem como alguns aspectos mais divertidos de
sua personalidade como falar o "idioma" das baleias. A sua versão
infantil que aparece nos flashbacks é
verdadeiramente adorável e muitas cenas entre ela e os pais trazem um impacto
emocional bastante verdadeiro. O polvo Hank rouba a cena com seu jeito turrão,
fazendo um ótimo contraponto à personalidade ingênua e cômica de Dory.
A essa altura acho que nem
preciso mencionar o quando a animação é visualmente deslumbrante. Dos efeitos
de iluminação sub aquática às complexas texturas da areia, algas corais, tudo é
incrivelmente fotorrealista. Os personagens são bastante expressivos e
carismáticos, passando uma variedade enorme de emoções apenas com movimentos
faciais. Além disso, faz um bom uso do 3D que contribui para o senso da
imensidão marítima.
Assim sendo, Procurando Dory é bem sucedido onde muitas continuações falham,
aprofundando o desenvolvimento dos seus personagens e ampliando seu
universo ao invés de apenas repetir o que já foi feito. O resultado é uma
aventura tocante e divertida.
Nota: 8/10
Trailer:
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