segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica - South Park: The Stick of Truth

Análise South Park: The Stick of Truth


Resenha South Park: The Stick of Truth
A animação South Park não vinha tendo sorte em suas adaptações para videogames. Os resultados eram normalmente caça-níqueis simplórios que falhavam em capturar o espírito da série e em suas próprias mecânicas de jogo. Felizmente, depois de muitos atrasos, a falência da primeira produtora (a THQ), a passagem para a Ubisoft e mais atrasos, é finalmente possível dizer que este RPG desenvolvido pela Obsidian é, enfim um produto digno da série animada.

A trama pega o gancho sugerido no fim do episódio triplo da última temporada Song of Ass and Fire, que zoava Game of Thrones, mas ver esses episódios não é essencial para entender o que se passa aqui. Na história, os garotos estão engajados em uma espécie de LARP (live-action role play), uma variante do tradicional RPG de mesa no qual os jogadores agem diretamente ao invés de jogar dados. Divididos entre humanos, liderados por Cartman, e elfos, liderados Kyle, as duas facções brigam pelo controle do Bastão da Verdade (que é apenas um galho), cabe então ao jogador, na pele do garoto (ou garota) que acabou de chegar na cidade, desequilibrar este “épico” conflito. Claro, como de costume na série, a brincadeira sai do controle e ganha proporções épicas e absurdas envolvendo abduções alienígenas, gnomos das cuecas, zumbis nazistas, um passeio pelo ânus do Sr. Escravo e toda sorte de bizarrices que South Park sabe criar tão bem.

Esse é o primeiro grande acerto do jogo, já que sua narrativa (escrita pelos próprios Trey Parker e Matt Stone) capta muito bem toda ambientação do seriado com todas as piadas e humor absurdo, bem como as personalidades dos personagens que habitam o lugar. A própria cidade (pela primeira vez mapeada) é um grande atrativo, oferecendo para nossa exploração todos os locais que já vimos na série, algo que sem dúvida é um grande atrativo para fãs, já que podemos explorar livremente a cidade e interagir com todos os personagens da série, algo que normalmente resulta em muitas missões secundárias.

Essas missões costumam ser inspiradas em episódios da série nos colocando para ajudar o ex-vice-presidente Al Gore a encontrar o temível homem-urso-porco ou trabalhando para o Sr. Kim para expulsar as hordas de mongóis que insistem em invadir seu restaurante. Além da história e das missões secundárias temos também vários artigos colecionáveis, como itens de customização e bonecos dos Chinpokomon. O nível de cuidado e detalhamento é imenso, o jogo reproduz com exatidão e fidelidade o visual tosco da animação e tudo remete a esse universo que acompanhamos há anos, já que até os itens de recuperar energia ou aqueles que servem só para serem vendidos são retirados da série como o salgadinho Queijitos (Cheesy Poofs), o CD da banda gospel de Cartman (sim, isso aconteceu na série) Faith+1 ou os livros obscenos escritos por Butters.

Além de engraçado e fiel à série, a jogabilidade também é competente. O jogo funciona de modo bastante semelhante aos jogos da série Paper Mario e aos tradicionais RPGs da era 16-bits com batalhas por turno no qual o jogador escolhe as ações dos personagens cada vez que chega sua vez, ao final o jogador recebe experiência e sobe nível, lhe permitindo melhorar suas habilidades e equipar armas e armaduras melhores.

Entretanto as batalhas não consistem apenas em navegar entre menus, é preciso prestar atenção para apertar os botões certos na hora certa para atacar com mais efetividade ou bloquear golpes inimigos. Assim sendo, para sobreviver é preciso ter atenção nos combates, além de ser capaz de perceber as posições de contra-ataque (que contém seus ataques corpo-a-corpo) e deflexão (que contem seus ataques à distância) dos inimigos.

No jogo a equipe tem apenas dois personagens, o protagonista e um companheiro que pode ser escolhido e alterado livremente entre os personagens da série como Butters, Kenny e Cartman, cada um com suas habilidades específicas. Já o jogador pode escolher entre quatro classes, guerreiro, ladrão, mago e judeu (é sério), mas a verdade é que não há muita diferença entre elas já que não há restrição de equipamentos, todas aprendem as mesmas mágicas (peidos) e invocações (é possível chamar a ajuda de personagens como Jesus e Sr. Hankey), mudando apenas a meia dúzia de habilidades de classe.

Outro problema é que a tão prometida customização limita-se somente à aparência do seu personagem, pois as decisões tomadas ao longo do jogo, como o lado pelo qual lutar, não possuem nenhum impacto ou provocam qualquer mudança no andamento do jogo. Além de ser algo relativamente frustrante, também não estimulam o replay, já que o game é relativamente curto para um RPG, já que em cerca de 15 horas é possível terminar o jogo com todas as missões secundárias e colecionáveis.

Ainda assim, South Park: The Stick of Truth é um jogo extremamente engraçado e divertido, indispensável para fãs da série ou qualquer um que goste de RPGs.

Nota: 9/10


Obs: Esse texto foi feito a partir da versão para PC. O jogo também está disponível para PS3 e Xbox 360.

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