terça-feira, 14 de junho de 2016

Crítica - As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras



Um dos principais problemas de As Tartarugas Ninja (2014) era o fato do filme não conseguir se decidir entre um tom mais sério ou uma abordagem mais despretensiosa que abraçasse o absurdo do material. Pois este Tartarugas Ninja: Fora das Sombras abraça o lado mais abestalhado dos quelônios mutantes, funcionando praticamente como uma animação matinal oitentista com atores, e é melhor por isso.

Na nova aventura o Destruidor (Brian Tee) é contatado pelo alienígena Krang (voz de Brad Garrett) para ajudá-lo a abrir um portal para a Dimensão X e trazer o seu Tecnódromo para o nosso mundo. Para isso, o vilão contará com a ajuda do cientista Baxter Stockman (Tyler Perry) e seus novos capangas Bebop (Gary Anthony Williams) e Rocksteady (Stephen Farrely). Logicamente, as tartarugas não irão dar descanso aos vilões e além do auxílio da repórter April O'Neil (Megan Fox), também terão a ajuda do vigilante Casey Jones (Stephen Amell, o Oliver Queen de Arrow).

O maior acerto é dar mais foco às tartarugas, deixando Vernon (Will Arnett), April e os humanos em segundo plano, algo que não tinha acontecido no anterior. Isso dá mais espaço para trabalhar as relações entre os quatro irmãos e o conflito entre suas personalidades diferentes. As interações entre os quatro protagonistas continuam bastante divertidas e são o ponto alto do filme, assim como a adição de Bebop e Rocksteady, que são os mesmos capangas estúpidos da animação dos anos oitenta.


Além disso, conta com cenas de ação intensas e muito bem conduzidas que inclusive fazem um bom uso do 3D, algo raro nos filmes que se valem do recurso. As criaturas digitais como as tartarugas ou Krang também são bem realizadas, sendo bastante expressivos e com texturas bem detalhadas. Claro, o design das quatro tartarugas ainda provoca uma certa medida de estranhamento, já que elas continuam parecendo um cruzamento do The Rock com o Shrek, mas ainda assim são personagens digitais bastante críveis.

O Destruidor, no entanto, continua sendo um vilão subaproveitado. Se no filme anterior ele era prejudicado por um design tão exagerado que o tornava ridículo, aqui ele tem pouco a fazer além de esbravejar ordens e quando achamos que finalmente haverá um confronto entre ele e as tartarugas, nada acontece. A April de Megan Fox também tem pouco a fazer além de ser um pedaço de carne a ser explorada pelos seus dotes físicos, mas melhor sorte tem Tyler Perry que diverte com sua composição exagerada de cientista louco para seu Baxter.

A trama tem mais buracos do que uma rodovia brasileira, com muitas coisas não fazendo o menor sentido. Uma delas é o Destruidor, que no filme anterior cometeu um grande ato de bioterrorismo, ser mantido em uma cadeia municipal e não, sei lá, na Base de Guantánamo onde o governo dos Estados Unidos mantém terroristas presos. Mas, como falei antes, o filme segue uma lógica de desenho animado, então cobrar uma medida muito alta de verossimilhança ou realismo é pedir um pouco demais, afinal, vamos ser sinceros, não vamos assistir esse filme procurando uma narrativa muito elaborada. A chefe de polícia interpretada por Laura Linney também toma algumas decisões que não fazem muito sentido, mas Linney traz uma segurança e ar de autoridade à personagem que isso acaba não incomodando tanto.

No fim das contas, Tartarugas Ninja: Fora das Sombras acerta ao não se levar tão a sério quanto seu antecessor e, embora não seja nada excepcional, funciona como uma boa diversão descompromissada.


Nota: 6/10

Trailer:

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