domingo, 3 de julho de 2016

Jogamos o novo modo história de Street Fighter V



O lançamento de Street Fighter V foi problemático para dizer o mínimo. Além dos vários problemas com servidores e de matchmaking, havia também a questão da falta de conteúdo, já que o game trazia apenas um modo versus (local e online), um modo sobrevivência para um jogador e um modo com as histórias individuais de cada personagem que era incrivelmente curto, com apenas três ou quatro lutas em cada. A sensação é que o consumidor não tinha levado para casa um game completo e sim uma espécie de "beta de luxo" no qual eles tinham que contar com a boa fé da desenvolvedora Capcom em oferecer mais conteúdo e variedade em futuras atualizações.

Desde fevereiro o jogo recebeu algumas adições, como os desafios de personagem e alguns novos lutadores e cenários. Esta, no entanto, é atualização mais significativa que o game recebeu desde seu lançamento. Aqui temos a adição novos personagens, cenários, o funcionamento pleno da loja virtual e um novo e cinematográfico modo história ao molde daqueles vistos em Mortal Kombat X e Injustice: Gods Among Us com cerca de duas horas de duração.


A narrativa, intitulada A Shadow Falls, se passa entre o quarto e o terceiro jogo da franquia e coloca os guerreiros mundiais para impedir um plano do novo general da Shadaloo, Fang, de destruir as principais cidades do mundo e alimentar o Psycho Power de Bison. Ao mesmo tempo, uma nova ameaça surge na forma de Necalli, uma criatura ancestral que vive para devorar e absorver o poder de lutadores poderosos. A trama é bem interessante e consegue fazer com habilidade a ponte para a história de Street Fighter III (o vilão Gill até faz uma ponta).

Como era de se esperar, o mais legal é ver as interações entre os múltiplos lutadores e o modo como suas personalidades se entrelaçam, das conversas sobre família entre Cammy e Chun-Li ao reencontro entre Guile e Nash, passando pelas intervenções bem humoradas de Birdie ou Zagief. O modo ainda dá a oportunidade de controlar alguns personagens ainda não lançados, mas já anunciados como Juri e Urien. Mostra também outros que nem tinham sido citados como futuras adições ao elenco, como a maioria das Dolls (guerreiras clones criadas por Bison), da já conhecida Decapre a neófitas como Marz e Aprile (que já tinham aparecido em outras mídias, mas não nos games). O mercenário francês Abel é outro que aparece, não chega a fazer parte de nenhuma luta, mas participa da história.

Apesar de muito bem realizado, ainda não é o suficiente para dizer que Street Fighter V finalmente parece como um jogo "completo", em especial pelos problemas envolvendo outra grande parte desta atualização. A loja virtual já está plenamente operante e os jogadores agora podem comprar personagens, roupas cenários e várias outras coisas usando o Fight Money, moeda adquirida in-game, ou usando dinheiro real. O uso de dinheiro real é uma opção mais direta do que o sistema anteriormente anunciado que teria uma segunda moeda, o Zeny, que os usuários comprariam com dinheiro real para desbloquear o conteúdo sem precisar jogar para acumular Fight Money.

O problema é que sem a implementação dos já anunciados desafios diários e semanais para adquirir o Fight Money, as opções para adquirir a moeda são bem limitadas, já que se restringem aos bônus dados por completar pela primeira vez os conteúdos single player com cada personagem ou o valor recebido por vencer lutas online que é de apenas 50FM. O valor é muito baixo se considerarmos que cada nova roupa custa cerca de 40.000FM, cenários custam 70.000 e personagens custam 100.000.

Assim sendo, a promessa da Capcom de que seria possível habilitar todo o conteúdo adicional sem precisar gastar dinheiro real soa bastante distante. A menos que o usuário não tenha emprego ou vida social para poder passar todo o seu tempo acordado em um interminável grind por Fight Money, é praticamente impossível levantar os recursos suficientes para se ter acesso a tudo que se deseja sem gastar nosso suado dinheiro. Do jeito que está o game mais parece um desses jogos freemium para celular, no qual é praticamente impossível conseguir acesso real aos itens sem pagar, mesmo sendo alardeado o contrário.

A nova atualização é um passo na direção certa, mas ainda falta muito para Street Fighter V realmente parecer como um jogo terminado e não um grande beta. Há uma base muito boa, com uma excelente e responsiva jogabilidade, um plantel de personagens variado e equilibrado e mecânicas como o V-Skill e o V-Trigger que adicionam nuances estratégicas e ajudam a tornar cada personagem verdadeiramente único. No entanto, ainda fica a sensação de que faltam modos de jogo e também alternativas para a obtenção da moeda de jogo.

Street Fighter V está disponível para PS4 e PC.

Trailer do novo modo história:

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