quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Crítica - Cinquenta Tons de Preto




Quando escrevi sobre o pavoroso Inatividade Paranormal 2 (2014) mencionei o quanto é difícil fazer hoje filmes-paródia, já que mal um filme, livro ou série é disponibilizado ao público e uma profusão de memes e piadas já começa a ser feita na internet. A velocidade com a qual os produtos culturais são satirizados e parodiados na internet é muito rápida. Assim, no período de um ano ou mais que se leva para escrever, produzir e colocar nas salas de cinema um filme que faça humor em cima de um sucesso recente praticamente todas as piadas possíveis sobre o tema já foram feitas e já até perderam sua graça. Deste modo, quando um filme como este Cinquenta Tons de Preto, paródia do romance erótico Cinquenta Tons de Cinza (2015) desponta nos cinemas, a sensação é que estamos diante de uma piada velha e desgastada. No caso de parodiar Cinquenta Tons de Cinza ainda há o problema de se estar tentando fazer graça em cima de algo que já era originalmente digno de risos (ainda que não intencionalmente), tornando difícil ridicularizar o que já era ridículo.

A trama é praticamente idêntica à do material original com a jovem ingênua e virginal Hannah Steale (Kali Hawk) se apaixonando pelo controlador e desajustado empresário Christian Black (Marlon Wayans) e segue quase que cena por cena o filme no qual se baseia, sempre tentado colocar alguma piada, claro.


O problema, como já disse, é que boa parte das piadas traz um incômodo gosto de deja vu, já que muito do que é dito aqui já foi feito em programas de humor televisivo, canais de Youtube, tirinha de internet e afins. Isso se aplica não só às piadas em relação ao filme e o romance de E.L James, mas também nas tentativas de parodiar outros filmes. Há um momento que tenta fazer graça em cima da já icônica cena de Whiplash: Em Busca da Perfeição (2015) envolvendo o diálogo "você está acelerando ou atrasando?", mas já foi algo tão parodiado ao longo do último ano que já chega com gosto de comida passada.

Além dos momentos de paródia, o filme traz a escatologia típica dos irmãos Wayans, no qual eles apenas nos mostram um pênis ou alguém peidando e esperam que essas imagens por si só nos façam rir. Não ajuda que boa parte das gags consiga ser antecipada com facilidade. No momento que Hannah luta para abrir a porta do escritório de Christian, por exemplo, é óbvio que ela irá eventualmente usar uma força excessiva e se esborrachar quando abrir a porta. Há algumas poucas sacadas capazes de gerar risos, como o momento da sessão sadomasoquista na qual Christian lê para Hannah o livro de Cinquenta Tons de Cinza e ela desesperadamente pede para parar com a tortura.

Ainda assim, Cinquenta Tons de Preto não consegue ir além do previsível e do que já foi feito antes, sendo uma comédia preguiçosa, superficial e cheia de piadas desgastadas.


Nota: 2/10

Trailer:

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