segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Crítica - O Sono da Morte



Imagine que toda vez que você dormisse, todos os seus sonhos e pesadelos se materializassem no mundo real para que todo mundo pudesse ver. Pense em como seria terrível se as piores criaturas que surgem em seus pesadelos simplesmente aparecessem em sua casa e começassem a aterrorizar todos que moram com você? Pois bem, essa é a premissa deste O Sono da Morte, que traz o ator-mirim Jacob Tremblay, do excelente O Quarto de Jack, como um garoto com um estranho dom/maldição.

Na trama, o casal Jessie (Kate Bosworth) e Mark (Thomas Jane) resolvem adotar um filho na tentativa de superar a morte de seu filho biológico, Sean (Antonio Romero), e levam para casa o jovem órfão Cody (Jacob Tremblay). Aos poucos, no entanto, vão percebendo que os sonhos e pesadelos do garoto ganham vida enquanto ele dorme e o que no início parecia ser fascinante vai se tornando uma experiência aterradora conforme seus traumas começam a se manifestar nos pesadelos.

Tremblay continua adorável e espontâneo como foi em seu primeiro grande trabalho em O Quarto de Jack, construindo Cody como um menino assustado com o próprio dom e atormentado pelas terríveis consequências de seus sonhos, adotando uma postura mais introvertida e uma fala contida, quase como se ele tivesse medo de interagir com as pessoas. O garoto ainda é beneficiado por um texto que evita jogá-lo no clichê da criança satânica/demoníaca/malvada, fazendo Cody tão vítima de suas habilidades quanto os demais.

Bosworth e Jane, por sua vez, convencem como um casal que tenta reconstruir a vida depois de serem devastados por uma grande perda. Na primeira vez que eles veem Sean aparecer durante um dos sonhos de Cody ambos são eficientes ao reagirem com um misto de alegria, incredulidade e dor. É interessante também como o roteiro vai cuidadosamente abrindo um racha entre eles pelo modo como ambos lidam com a perda.

O filme consegue criar algumas imagens verdadeiramente macabras durante os pesadelos de Cody, mas apesar da qualidade do design de produção, os eventos não chegaram a assustar o tanto que deveriam. Na verdade, a narrativa parece mais interessada na intriga e no mistério do que motiva as imagens criadas pelos pesadelos de Cody do que efetivamente em gerar medo ou sustos. A investigação e eventual desenlace do passado do menino é suficientemente bem construída para ser satisfatória e convincente quando alcançamos a sua conclusão, mas todas as ponderações sobre trauma, perda e inconsciente são relativamente superficiais (embora façam sentido) e resolvidas muito rapidamente para que o filme funcione plenamente como um suspense psicológico ou algo similar.

No fim, O Sono da Morte tem boas ideias e um elenco competente que fazem a experiência valer a pena ainda que não faça jus a todo seu potencial nem como história de terror nem como drama psicológico.


Nota: 5/10

Trailer:

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