segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Crítica - Quando as Luzes se Apagam



A ideia de um filme de terror no qual o "monstro" é uma criatura que só habita e age em lugares tomados por escuridão não é exatamente uma novidade. O fraco No Cair da Noite (2003) já possuía uma premissa bastante parecida com este Quando as Luzes se Apagam, no qual o diretor David F. Sandberg adapta seu curta-metragem homônimo em formato de longa metragem. O resultado, apesar de algumas boas ideias, é inferior ao curta.

Na trama, a jovem Rebecca (Teresa Palmer) retoma o contato com sua família depois que de ser chamada pela escola de seu irmão menor, Martin (Gabriel Bateman), que constantemente tem dormido em sala de aula. Ao conversar com o garoto, descobre que ele tem sido atormentado pela mesma criatura sombria que a traumatizou quando criança e que sua mãe, Sophie (Maria Bello), aparentemente conversa com a criatura.

Se de início a ameaça de uma sombra disforme funciona ao assustar, conforme o filme avança e as "regras do jogo" vão sendo estabelecidas, a tensão e o medo se dilui, pois se torna perfeitamente possível prever a grande maioria dos sustos. Cada vez que a câmera de detêm um pouco mais longo do que deveria em algum canto escuro, algo sairá dali. Se é possível prever de onde sairá cada susto, então é difícil efetivamente se assustar com eles e essa escolha por sustos óbvios termina por sabotar as ideias criativas que o filme tem para explorar a premissa. Do uso de luz negra, que torna a criatura visível, mas não a afeta como luz normal, passando pelas tentativas de atirar nela com uma arma de fogo, o que a faz desaparecer por causa do clarão dos disparos.


A Rebecca de Teresa Palmer é a típica mocinha atormentada de filmes de terror e seu irmão, apesar de competente em evocar o medo do garoto, não é nada além de uma muleta afetiva, já que ele serve apenas para ser colocado em perigo e angariar nossa simpatia (afinal ninguém com um mínimo de empatia vai torcer para que a criança seja destroçada por um monstro sombrio). Melhor sorte tem Maria Bello, que traz um misto de instabilidade, desespero e desamparo a Sophie e é esperto da parte do roteiro não reduzi-la a uma mera cúmplice ou capanga da criatura.

Há também alguns deslizes no roteiro, em especial algumas revelações que chegam fácil demais. A principal delas é o modo como Rebecca descobre sobre o passado da mãe através de arquivos em seu quarto. Como Sophie conseguiu arquivos, fotos e prontuários, incluindo as gravações dos médicos, de um hospital psiquiátrico? São materiais altamente confidenciais e os profissionais e instituições do gênero não saem por aí distribuindo esse tipo de material, nem mesmo para os próprios pacientes. Eu entendo que alguma explicação mínima precisava ser dada, o problema é que o modo como é feito soa forçado e pouco orgânico, parecendo algo jogado de qualquer jeito.

Quando as Luzes se Apagam tem boas ideias e tenta explorar sua premissa de modo criativo, mas esses esforços são sabotados pelo excesso de adesão às convenções de filmes de terror e sustos óbvios. O resultado é um terror que não suscita o medo que deveria e é inferior ao promissor curta que o originou.


Nota: 4/10

Trailer:




Bônus: Confiram abaixo o curta que originou o filme

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