sábado, 13 de agosto de 2016

Crítica - Star Ocean: Integrity and Faithlessness

Análise Star Ocean: Integrity and Faithlessness


Review Star Ocean: Integrity and Faithlessness
Estava há um tempo procurando um exemplar mais tradicional de RPG japonês para jogar e acabei me deparando com este Star Ocean: Integrity and Faithlessness, sexto exemplar da conhecida franquia de RPGs que começou no Super Nintendo. Confesso que não tenho muita experiência com a franquia, então não tenho como dizer como ele se sustenta em comparação com os demais, minha perspectiva aqui é a de um neófito.

A trama começa com a guerra entre dois reinos no planeta Faykreed IV. O jovem espadachim Fidel Camuze é pego no meio do conflito quando sua pequena vila é atacada por soldados do reino vizinho. Sem condições de lidar com a invasão por conta própria, ele parte para pedir reforços da capital, mas no caminho encontra uma espaçonave caída com uma garota sem memórias e incríveis poderes mágicos chamada Relia. Aos poucos, o que ele achava ser uma mera disputa territorial entre reinos vizinhos na verdade envolve um conflito em escala galáctica.

O problema da narrativa nem é se apoiar no clichê da "menininha mágica com o poder de salvar/destruir o mundo" e mais por sua natureza repetitiva na qual não consegue usar a premissa de nenhum modo que seja minimamente interessante. Praticamente todas as missões da história envolvem a captura de Relia pelos vilões ou uma tentativa de resgatá-la. Lá pela terceira ou quarta vez que a garota é levada pelos inimigos imediatamente depois de tê-la salvado, comecei a torcer para que a menina desgraçada morresse de uma vez ao invés de me fazer andar em círculos em uma narrativa que parecia presa em um ciclo de redundância. Isso piora quando percebemos o quanto a história do jogo é curta para os padrões de um JRPG, podendo ser terminada em cerca de 20 ou 25 horas e boa parte dela é esse vai e vem envolvendo Relia.

Existem algumas missões secundárias que ampliam um pouco a vida do game, mas essas seguem aquela natureza esquemática de "colete x unidades de tal item" ou "mate x de tal inimigo". O único atrativo para fazê-las, além da experiência e do dinheiro recebidos, é que algumas ensinam aos personagens algumas perícias chamadas "Specialties". Com essas perícias é possível aprender a criar armas, equipamentos, itens e alimentos, aumentar a taxa de drop dos inimigos e mais algumas outras coisas úteis. Ainda assim, é possível terminar tudo isso antes da marca das 40 horas. Há também uma dungeon adicional uma vez terminada a história principal, que traz alguns chefes adicionais um pouco mais difíceis.

Se a narrativa não envolve, pelo menos os personagens são carismáticos para nos manterem interessados neles e é bacana ver as amizades entre cada um deles se desenvolvendo e as interações bem humoradas entre eles. Muitas dessas interações se dão a partir de eventos opcionais chamados "Personal Actions" (ou PA) que são ativados quando o jogador encontra um ícone de apito em alguma cidade. Entrando no ícone faz o grupo se dispersar pela cidade e alguns deles terão balões de diálogo sobre a cabeça. Interagindo com esses personagens ativa as PAs, nos dando pequenas cenas que desenvolvem as personalidades do grupo, nos mostrando o que gostam de fazer ou sobre o que conversam quando não estão enfrentando monstros.

O design dos personagens segue uma estética de anime com cabelos coloridos e figurinos pouco práticos, contando com bastante detalhamento e texturas que transmitem as diferenças nos materiais das roupas. Os cenários, apesar de oferecerem paisagens variadas (praias, desertos, montanhas cobertas por neve), são pouco numerosos e boa parte do jogo é gasta circulando pela mesma meia dúzia de ambientes, o que contribui para a impressão de uma experiência repetitiva e uma narrativa em escopo pequeno demais para um produto do gênero. Atrapalha também os efeitos de pop-in encontrados ao viajar pelo mundo do jogo, com partes da vegetação e inimigos aparecendo do nada, como acontecia em games de duas gerações atrás.

Se há algo que faz o tempo gasto no game valer a pena é o veloz e caótico combate. Os inimigos estão visíveis no cenário e as batalhas começam ao se aproximar deles. Dentro do combate, todos os membros do grupo participam e o jogador controla um personagem e os demais ficam por conta da inteligência artificial, sendo possível alterar livremente o personagem que você controla. As batalhas são em tempo real com um botão de ataque fraco, outro para o ataque forte e um terceiro para bloqueio. As três ações seguem uma dinâmica de pedra/papel/tesoura, com o ataque fraco (que é mais rápido) servindo para interromper ataques fortes, ataques fortes servindo para quebrar bloqueio e bloqueio servindo para contra-atacar ataques fracos.

Cada personagem também possui magias e habilidades que podem ser usadas pressionando os botões de ataque ou ativando o menu de combate. No menu de combate, a batalha fica pausada enquanto você escolhe o item ou habilidade a ser usado, além de permitir que você mude as habilidades mapeadas nos botões de ataque para não precisar entrar nos menus o tempo todo. A inteligência artificial dos membros da equipe é guiada pelos "Roles" que oferecem determinados bônus de atributos e determinam a função deles em combate, como curandeiro ou defensor. Subir o nível dos Roles aumenta os bônus oferecidos por eles e também habilita novos. A câmera as vezes se atrapalha nos combates, sendo preciso ajustá-la manualmente com a alavanca direcional da direita. Isso se agrava mais nas partes mais avançadas do game, com os personagens mais desenvolvidos e habilidades mais espalhafatosas sendo usadas pelos sete membros do grupo.

O robusto sistema de criação e customização de itens também é outro grande atrativo e confesso que passei um bom tempo procurando materiais para criar aquela arma mais poderosa ou para cozinhar as comidas que davam os melhores bônus. Dominá-los não é simples, principalmente porque há muito que o jogo não ensina, mas é bastante recompensador.

Star Ocean: Integrity and Faithlessness peca por narrativa muito curta, aborrecida e cheia de backtracking, mas o ótimo combate, o amplo sistema de criação de itens e personagens divertidos fazem a experiência valer a pena.

Nota: 6/10


Star Ocean: Integrity and Faithlessness está disponível para PS4 e PS3.

Trailer:

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