quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Crítica - Bruxa de Blair

Bruxa de Blair


Bruxa de Blair 2016
Não fiquei exatamente empolgado com o anúncio de um novo filme da franquia A Bruxa de Blair. Apesar do primeiro filme ter iniciado o atual ciclo de filmes de terror estilo found footage (embora não tenha sido o primeiro), sua continuação, A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras (2000), que abandonava o formato, foi simplesmente um desastre. Nem mesmo o anúncio de que este novo filme retornaria ao formato de found footage me empolgou, afinal a maioria dos produtos desse formato como A Forca (2015) ou A Possessão do Mal (2015) eram porcarias insuportáveis e poucos filmes desse estilo, como A Visita (2015), realmente valiam ser conferida. Assim chegamos a este Bruxa de Blair, que ignora os eventos do segundo filme e funciona como uma continuação do primeiro, embora seja funcionalmente um remake, já que a estrutura da trama, situações, sustos, modo de filmar e tudo mais são quase idênticos. Pensem no inútil remake quadro a quadro de Psicose feito por Gus Van Sant em 1998 e vocês vão ter uma ideia clara do que acontece aqui.

A trama segue James (James Allen McCurrie), irmão de uma das personagens do primeiro filme. Anos depois da fita de sua irmã ter sido achada na floresta, ele se pergunta o que realmente aconteceu. Quando uma nova filmagem é encontrada e ele pensa ter visto a irmã nas imagens. Assim, ele junta um grupo de amigos e parte para uma expedição na mesma floresta que a irmã sumiu e obviamente leva consigo um amplo aparato de filmagem.

A narrativa segue exatamente a do primeiro, com o grupo indo para a floresta, se perdendo, encontrando bonecos feitos com gravetos, membros da equipe desaparecem, uma casa é encontrada e tudo mais. Como na maioria dos filmes de found footage os "sustos" são uma coleção de coisas e barulhos surgindo subitamente toda vez que a câmera fica parada por muito tempo ou quando há um silêncio muito longo. Como tudo é igual ao primeiro filme sequer há uma atmosfera de temor e incerteza, pois sabemos exatamente o que vai acontecer a seguir. O filme então, torna-se um aborrecido exercício de paciência.

Soma-se a isso os personagens vazios, sem personalidade ou carisma. James é definido apenas pela busca pela irmã e os demais nem isso. Se o filme já é aborrecido pela previsibilidade dos sustos, torna-se ainda mais entediante por não ter ninguém em quem nos engajarmos. O filme ainda incorpora novas tecnologias como o uso de drones e câmeras auriculares (pequenas câmeras presas na orelha), mas não faz nada interessante com elas, já que os momentos de medo são a mesma junção de imagens distorcidas, barulhos aleatórios e câmera girando para todos os lados. Aliás, como as câmeras estão presas às cabeças dos personagens faz ainda menos sentido que ela balance tão violentamente enquanto eles correm, já que ninguém corre girando a cabeça em todas as direções. O uso constante de montagem nos diálogos entre os personagens, alternando entre as câmeras presas à cabeça de cada um, também ajuda a quebrar a imersão de um material "amador" encontrado por alguém, já que os cortes estabelecem o típico jogo de plano e contraplano tradicional de produtos ficcionais.

São poucos os momentos em que o filme consegue fazer algo realmente macabro, como a cena em que uma das personagens abre uma ferida na perna e retira algo que se movia lá dentro ou a claustrofóbica sequência de uma integrante da equipe se arrasta por um apertado túnel subterrâneo. O filme ainda esclarece e expande um pouco a mitologia envolvendo a bruxa da floresta, mas ao mesmo tempo joga fora toda a ambiguidade do filme original, no qual nunca ficava claro se havia mesmo alguma coisa na floresta ou se eles apenas estavam perdendo a cabeça.

No fim Bruxa de Blair é um enorme desperdício de potencial, repetindo preguiçosamente tudo que foi feito antes e acrescentando muito pouco à franquia. É um filme que age como se fosse uma grande celebração do original, mas é mais uma transcrição do que uma homenagem.


Nota 4/10

Trailer:

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