terça-feira, 6 de setembro de 2016

Crítica - Cães de Guerra

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Pôster Cães de GuerraFamoso pela trilogia Se Beber, Não Case, o diretor Todd Phillips agora tenta criar uma comédia calcada na crítica social com este Cães de Guerra que tenta fazer graça em cima dos métodos através dos quais o governo dos Estados Unidos adquirem armas para as suas forças armadas.

A trama é baseada em fatos reais e acompanha David (Miles Teller), um jovem que se encontra frustrado e preso em uma série de empregos sem futuro. Sua situação muda quando ele encontra Efraim (Jonah Hill), um antigo amigo de infância que agora dirige uma pequena empresa que vende armas para o governo. Efraim mostra a David como é fácil tirar proveito nas licitações de pequenas compras de armamento do governo e a partir daí a dupla começa a tentar ganhar dinheiro fácil com essas licitações.

Esse universo do comércio de armas e suas implicações, financeiras, políticas e morais já tinha sido abordado no ótimo O Senhor das Armas (2005) e Cães de Guerra não tem praticamente nada a acrescentar ao que já foi dito antes, ainda que explique de modo didático como funciona o sistema de aquisição do governo dos EUA. Outro problema é que diferente de outros narrativas que misturam comédia e crítica social, como o ótimo A Grande Aposta (2015), o filme nunca consegue realmente equilibrar a comédia e a seriedade.

Aqui e ali temos alguns momentos que demonstram os absurdos da situação na qual eles estão metidos, como o segmento que eles transportam armas por uma estrada iraquiana (que ainda tem uma ponta divertidíssima de Shaun Toub) ou a visita deles a um arsenal albanês, mas estes ocorrem muito pouco para justificar uma abordagem cômica. A parte dramática também não funciona muito bem, em parte pela dificuldade de se conectar com os dois personagens principais.

Jonah Hill faz o mesmo tipo de babaca que ele já fez muito bem vários outros filmes e cuja epítome se deu no ótimo O Lobo de Wall Street (2014). A questão é que lá seu personagem era claramente uma caricatura feita para ser exposta ao ridículo, o filme de Scorsese nos fazia rir dele e não com ele. Todd Phillips, no entanto, parece ir na direção contrária aqui, nos pedindo para rir dos comentários xenófobos do personagem ao invés de ridicularizar sua conduta imbecil e assim é difícil nutrir qualquer simpatia. Já o competente Miles Teller fica preso a um papel lotado de clichês, em especial na sua previsível crise matrimonial por conta de suas constantes mentiras.

Iz (Ana de Armas), a esposa de David, não é nada além do estereótipo da "esposa reclamona" e mais parece um dispositivo de roteiro do que uma personagem plenamente realizada. Bradley Cooper (que trabalhou com Phillips em Se Beber, Não Case) faz uma breve ponta como um traficante internacional e é ótimo ao evocar o senso de ameaça de um sujeito que, diferente dos protagonistas, não é um amador e são nas cenas dele que os momentos de seriedade do filme realmente funcionam.

Cães de Guerra tem pouco a acrescentar ao que já foi dito pelo cinema sobre o comércio internacional de armas e ainda que tenha alguns momentos divertidos, não consegue chegar a um bom equilíbrio entre humor e crítica social.


Nota: 5/10

Trailer

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